CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

sexta-feira, novembro 22, 2019

CLUBE DA MADRUGADA: 65 ANOS


Acerquei-me da sede (Praça da Polícia) do Clube da Madrugada, em 1966, quando ingressei na Polícia Militar do Estado, doze anos depois da criação daquele. Todavia, confesso tristemente que não participei, sequer, dos encontros costumeiros, das exposições e dos lançamentos de livros ocorridos na Praça da Polícia, portanto, diante de meus olhos.
Logo do Clube da Madrugada
O trânsito pelo Café do Pina, região sagrada dos madrugadores, permitiu-me conhecer “de vista” um bom número de seus integrantes. A configuração desta agremiação permaneceu em minhas lembranças, que foram se diluindo diante das mudanças ocorridas no logradouro e, também, porque o Clube diminuiu suas mesas-redondas.
Assim se passaram anos...

Em 2004, voltei a me preocupar com o CM, quando passei a catar papeis sobre um dos seus integrantes: L. Ruas, o padre-poeta autor do livro de poesia – Aparição do Clown (1958). Desse modo, chafurdando nos jornais de antanho, redescobri o “clown” e os múltiplos acólitos. Então, aquelas figuras notórias na República do Pina foram se revelando, tendo L. Ruas me “ensinado” várias lições sobre poesia. Todavia, em se tratando desta arte, prefiro o saudoso Farias de Carvalho.
Reunião do CM, ao centro, o
governador Henoch Reis

Mantive amizade com dois saudosos integrantes do CM: Jorge Tufic e Luiz Bacellar. Além de grandiosas conversas e muitos ensinamentos sobre o Movimento, rolaram alguns uísques com Tufic e, no Pina restaurante (da av. Joaquim Nabuco), várias ceias com o eclético Bacellar.

Ainda naquele ano, auxiliei nos festejos do cinquentenário do Madrugada, celebrados no início da noite, no Largo de São Sebastião. Compareceu uma gama de intelectuais, que louvaram ao extremo as benesses oriundas desse Movimento.
Lançamento de livros no
 cinquentenário do Madrugada
Hoje, são contados 65 anos de fundação. No entanto, os ralos admiradores pouco hão de celebrar, em particular aos pés do mulateiro da Praça da Polícia, onde tudo começou, e serve de símbolo desse movimento. A data será aproveitada pelo poeta Elson Farias, pertencente a 2ª geração do CM, para festejar seu jubileu de ouro de ingresso na Academia Amazonense de Letras.

Quando o Clube da Madrugada completou 15 anos, em 1969, seu presidente Aluízio Sampaio promoveu a festa do 
debutante, tendo convidado a cidade em publicação do matutino A Crítica (22 nov. 1969), aqui compartilhada.

  
Recorte de A Crítica, 
22 novembro 1969
Mulateiro, símbolo do
Madrugada, 2016
O Clube da Madrugada, entidade responsável pela renovação das artes e das letras amazonenses, está no dia de hoje fazendo o seu “debut”, completando os seus quinze anos de atuante presença no cenário cultural do Amazonas. Fundado no dia 22 de novembro de 1954 por um grupo de jovens idealistas — escritores, poetas, artistas, economistas, sociólogos decididos a desoprimir o ambiente do desânimo e do marasmo em que vivia mergulhado e que se refletia desoladoramente no caráter decadente das atividades criadoras, em nosso Estado. O Clube da Madrugada vem, desde então, ao longo destes quinze anos renovando, agitando, inoculando alma nova e abrindo novas perspectivas às atividades criadoras do nosso espírito, no afã de integrá-las, em grau qualitativo e contributivo, ao nível em que elas se exercem nos centros mais desenvolvidos do Sul do País.
Pela sua importância, será a efeméride condignamente festejada pelos madrugadores, os quais têm encontro marcado hoje à noite, às 20 horas, na Praça Heliodoro BaIbi segundo adiantou-nos o presidente Aluízio Sampaio, que por nosso intermédio pede o comparecimento de todos os seus pares àquele encontro.

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