Recorte de A Crítica, 28 novembro 1969 |
A Polícia Militar do Estado, às quatro horas de hoje, seguiu
rumo à Granja Castelo Branco no quilometro 96 da Manaus-Itacoatiara,
para iniciar a jornada de marcha diurna e noturna até o marco da inauguração da
estrada Torquato Tapajós [em Itacoatiara].
Conforme afirmou o major Câmara, comandante do pelotão, a finalidade
da marcha é exercitar oficiais e praças em deslocamentos longos, sobrevivência
na selva e adestramento quanto ao vigor físico, a fim de colocá-los em
condições de enfrentar problemas atuais dessa natureza. As instruções serão
ministradas pelos tenentes Ilmar [Faria], [Mael] Sá e Osias [Lopes]
que têm curso de Guerra na Selva.
Durante o trajeto, serão distribuídos remédios para os
moradores que vivem ao longo da estrada e na cidade de Itacoatiara, adquiridos
na [secretaria de] Saúde, drogarias e representações.
A tropa que marcha sob o comando do Major Câmara recebeu
ordem de embarque nas viaturas às quatro horas da manhã, com a finalidade de
iniciar a marcha às oito horas do quilômetro 96, perfazendo nesse primeiro dia
cerca de 28 quilômetros ao chegar ao 124.
A marcha, a encerrar-se no dia 4 de dezembro será
totalmente pela estrada, e até o término terá uma base de 25 quilômetros diários,
com paradas para instruções.
INSTRUÇÃO
Os exercícios que serão praticados pelos trinta e dois
integrantes da marcha, versarão sobre guerra na selva de uma maneira geral, destacando
doenças tropicais, armadilhas, sobrevivências e outros tópicos importantes. Essas
aulas serão dadas dentro do mato, a fim de que os participantes sintam a
realidade do modo de vida no mato, e serão ministradas por oficiais que tenham
curso Guerra na Selva.
Após as instruções e as marchas diurnas, é que o major Câmara
resolverá a noturna, o que irá influenciar muito nessa decisão será o estado e
a moral da tropa.
DISTRIBUIÇÃO
O percurso da marcha (170 quilômetros) servirá também para
a distribuição de medicamentos aos moradores que vivem ao longo da estrada Torquato
Tapajós e na própria cidade de Itacoatiara, onde pretendem deixar os nomes dos
participantes da jornada.
VOLTA
O final da marcha dar-se-á no dia [?] quando chegarão no
quilometro 286, retornando no dia 6, às 12 horas. É pensamento do comando da
Polícia fazer um emblema com a finalidade de entregar aos participantes da
marcha.
NOTAS DO POSTANTE
·
Este treino,
primeiro realizado na corporação, foi realizado em porfia ao adestramento que o
CIGS proporcionava, como o celebrado Curso de Guerra na Selva.
·
A largada,
como se viu na informação jornalística, aconteceu na Granja no Km 96. No ano
seguinte, houve a repetição desse exercício, intitulado de Marcha da Sobrevivência,
e a saída ocorreu no quartel da Praça da Polícia.
- Alguns
oficiais da PMAM já haviam concluído este curso, de forma que foi simples ao
então major Pedro Câmara, fascinado pela cidade de Itacoatiara, organizar a
Marcha.
- A
Granja Castelo Branco perdeu sua finalidade, mas o edifício, construção em
madeira, inspiração do arquiteto Severiano Porto, ainda se encontra no Km
96, integrante do município de Rio Preto da Eva. Curiosamente, a “granja”,
servindo de abrigo para terceiros, foi rebatizada de coronel Mael Sá,
que integrou essa Marcha, ainda tenente.
- A
estrada Torquato Tapajós ainda estava em fase de conclusão, quase toda sem
asfalto; além desse desconforto, a ultrapassagem do rio Urubu, em duas localidades,
era realizada em balsa movida a força humana.
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