CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

quinta-feira, junho 06, 2019

MORTOS DE JUNHO

Guilherme Aluizio
No domingo, dia 2, estive reverenciando a um amigo oitentão. De regresso à residência, soube da morte de Joaquim Marinho. Estive no dia imediato no sepultamento do corpo, quando já havia conhecido da morte de Guilherme Aluízio, presidente do Jornal do Commercio. Conheci a ambos, com mais contato com o Marinho, devido a filatelia, aos cinemas e, por fim, à radiofonia. Ao presidente, apenas prestei-lhe alguns serviços de pesquisa e compartilhei agradáveis conversas em sua sala, que tanto admirava, na direção do matutino. Despedi-me dele no salão do Centro Cultural Palácio Rio Negro.

Compartilho o Editorial do JC, circulado em 4 de junho.




O Amazonas ficou sem nenhuma dúvida mais pobre com a partida, neste início de junho, de dois ícones de uma geração: Guilherme Aluízio de Oliveira Silva e Joaquim dos Santos Marinho tinham em comum o fato de terem sido empresários de sucesso e comunicadores por vocação.Ambos sempre demonstraram compromisso com a história do Amazonas e de Manaus.Coube a Silva a missão, cumprida até o último dia de vida, de manter vivo este centenário Jornal do Commercio e a própria memória do Estado, reproduzindo em suas páginas períodos marcantes do jornalismo local.Marinho e seus cinemas fizeram muito sucesso na década de 80 e início dos anos 90. Depois disso, o empresário deu lugar ao comunicador, sempre antenado com a modernidade, sem esquecer as tradições.
Eram ambos cidadãos portugueses, Marinho de nascimento, Silva por adoção.Viveram intensamente a história do Amazonas nas últimas oito décadas. Viram passar pelas cadeiras inúmeros governadores e prefeitos, alguns eleitos, outros nomeados, e conviveram com todos sem distinção.Não por acaso a partida dos dois foi tão comentada e tão lamentada. Pertenciam a urna geração da Manaus sem pressa, sem as tecnologias modernas, que impõem um ritmo frenético.
Joaquim Marinho

Foram visionários, cada um na sua área, no seu tempo. Marinho mais ligado à cultura, Silva focado no empreendedorismo. Eram vozes ouvidas e respeitadas, muitas vezes seguidas.
Marinho mais expansivo, voz grave e sempre em alto volume, veia cômica mordaz, sempre a bordo de roupas joviais. Silva de fala mansa e polida, sempre elegantemente vestido, de preferência em passeio completo.
Complementavam-se. Marcaram gerações, que nestes últimos dois dias se manifestaram saudosas, agradecidas e reverentes. 
Um Salve a estes dois grandes ícones da nossa história!  

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