O tenente Geminauá Nery de
Medeiros, da Polícia Militar do Estado, entre cursos da área militar, possuía o
brevê de piloto civil expedido pelo Aeroclube de Manaus. Nascido no Pará em
1912, ingressou na PM amazonense, mediante concurso, em 1942, vindo do Exército.
Com esta especialização, pode-se afirmar que este foi o primeiro aviador da
PMAM. Sua habilidade na condução de aeronave
produziu o desastre abaixo transcrito, compartilhado de O Jornal – 24
de agosto de 1945.
Aeroclube, quando de sua fundação, com os aviões de treinamento, um desses estava com o tenente |
Lendo o aludido noticiário, desejo efetuar
duas considerações: o Piquete de Cavalaria estava situado na rua Dr. Machado
esquina da rua Duque de Caxias. Seus limites, além das mencionadas artérias,
alcançavam a rua Leonardo Malcher e o igarapé do Mestre Chico. Curso d’água que
impedia a ampliação dessas ruas, e impunha a fronteira entre os bairros da
Praça 14 de Janeiro e a Cachoeirinha.
Acredito que o tenente, por
exibicionismo ou para desembarcar o passageiro, ambos moradores das imediações,
resolveu aterrissar no espaço existente dentro do Piquete, tanto que no
acidente apenas uma das asas do avião chocou-se com a parede da edificação.
Nosso tenente, mediante essa proeza,
entrou para o livro dos causos mais disparatados da corporação.
OCORREU ONTEM ÀS 14 HORAS E 45 MINUTOS, DESASTRE
DO AVIÃO DO AEROCLUBE
O desastre – À hora referida, voava sobre
o Piquete de Cavalaria, à rua Leonardo Malcher, o avião “Piper-But”, pilotado
pelo 2º tenente da Força Policial do Estado, Geminauá Nery de Medeiros,
conduzindo ainda o comerciante Pedro Ramos de Oliveira, quando, ao passar em voo
baixo sobre a parte traseira do Piquete, o avião foi chocar-se com o edifício
da frente, por bater no mesmo uma das asas.
Segundo apurou a nossa
reportagem, que esteve no local, logo após o sinistro, o tenente Geminauá, quando
o avião se despencava ao solo, abriu-se a portinhola do aparelho e conseguiu
pular, o que resultou não sair muito ferido. Alguns homens que se achavam
naquele edifício da Força Policial do Estado, no momento do choque do avião,
saltaram, tendo um dos mesmos pulado de uma altura bem avultada, para não serem
pegados.
Segundo declarantes que se
achavam no local no momento do desastre, o avião escapara momentos antes, de
bater numa árvore, indo chocar-se com o edifício do Piquete, com fragor que de
longe se ouviu, destruindo uma parte do prédio.
Após o sinistro – Após o sinistro, foram as
vítimas conduzidas à Santa Casa, comparecendo ao local pessoas para tomarem as
providências necessárias. Um caminhão foi que conduziu os restos do aparelho
para lugar destinado.
Esteve no lugar do desastre o
presidente do Aeroclube.
As vítimas – O tenente Geminauá Nery
Medeiros, da Força Policial e comandante do Piquete de Cavalaria, com 32 anos
de idade, paraense, casado e residente à Rua Duque de Caxias, 1248 (próximo ao
local do desastre), apresenta escoriações contusas na face e em várias partes
do corpo, mas não é perigoso o seu estado.
A outra vítima, Pedro Ramos
de Oliveira, de 23 anos, solteiro, comerciante, residente à rua Duque de
Caxias, 1200, apresenta ferimentos contusos e escoriações na face. O seu estado
é grave. Pedro Ramos, à noite de ontem, continuava pondo sangue pela boca.
Foram medicados na Santa Casa pelo médico plantonista Dr. Romualdo Seixas,
auxiliado pelo enfermeiro José Maria.
Mais notas – Disseram-nos, mas não podemos
assegurar a verdade, que o avião sinistrado é o fabricado pelo falecido capitão
Mario Silva, morto em acidente de aviação, há alguns meses, de cor prateada o
planador.
Pedro Ramos, o comerciante,
fora, a convite do tenente Geminauá, dar um voo, para tomar melhores ares, pois
se achava impaludado.
Do presidente do Aeroclube do
Amazonas, recebemos a seguinte comunicação:
“Levo ao vosso conhecimento que o piloto de turismo, tenente Geminauá Nery de Negreiros, da Força Policial do Estado, quando pilotava uma aeronave deste Aeroclube, sofreu um acidente de aviação, tentando uma aterrisagem forçada no Piquete de Cavalaria, sendo leves seus ferimentos.Sem mais, aproveito a oportunidade para reiterar os meus cumprimentos de elevada estima e consideração.
Saudações (a) Almir Correa”.
Obrigado pela postagem, coronel. Sou seu leitor assíduo.
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