Há
algum tempo, vinha empilhando acontecimentos portadores de duas características:
foram perpetrados em dezembro de algum ano e por elementos da Polícia Militar
do Amazonas. Alguns, já relatei.
Relembro
aqui dois. O primeiro, obediente à cronologia, aconteceu há cem anos. Ao final
do governo de Antônio Bittencourt (1908-12), três oficiais da PMAM tomaram o
Poder Executivo, pelo tempo de 48 horas, às vésperas daquele Natal. O
outro aconteceu há 30 anos, quando, dentro de um quartel da Polícia Militar, dois
homicídios foram cometidos.
Sobre
o primeiro já discorri ao mesmo três vezes, a última postagem no início deste mês, aproveitando a reinauguração
da praça do Congresso, que oficialmente leva o nome daquele governador.
Página de A Crítica, 21 dezembro 1982 |
Nesse
dia, uma segunda-feira, o soldado Onecimo Benigno Sodré matou a tiros o tenente
Weber Nery de Amorim, e foi justiçado em seguida. Os crimes aconteceram no quartel
da Companhia de Choque, então situada no conjunto residencial do Japiim, onde
atualmente funciona o Serviço Social da mesma corporação.
A
descrição do fato pelo jornalismo da época não esclarece os motivos, alguns
pontos importantes seguem esquecidos ou omitidos. Era dezembro, o estado
preparava-se para receber seu novo governante, o conhecido politico Gilberto
Mestrinho. Véspera do Natal, toda a guarnição policial militar acreditou na conclusão
do IPM (Inquérito Policial Militar), de que o soldado Onecimo, que sempre se apresentava
embriagado no quartel, fora advertido pelo oficial e, descontente, disparou
contra o mesmo. Em seguida, praticou o suicídio.
Algumas
conversas “paralelas” informaram e o "boletim do soldado" confirmou que não fora bem assim
a tragédia. O sargento Marçal, comandante da guarda, fora o elemento que impusera
intensa advertência ao soldado, instigando-o em demasia. Desnorteado, o soldado seguiu em
direção ao interior do quartel, então uma diminúta construção, quando se encontrou
com o tenente Weber. Este, ao tentar se inteirar da situação, foi atingido pelo
tiro disparado pelo soldado.
Diante
do quadro, o soldado tentou escapar do aquartelamento, mas a guarnição de
serviço foi em seu encalce e, alcançando-o, matou o soldado. Daí
a razão pela qual a família deste, duvidosa da atitude de Onecimo, resolveu
observar o cadáver, encontrando marca de tiro nas costas.
A
leitura do atestado de óbito, que a corporação fez públicar em seu boletim
interno, permite a qualquer concordar com a família. Não houve seriedade na
apuração do fato. (segue)
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