Armando de Menezes falando para a Globo e para o mundo |
A estranheza desse
fato repousa em que o encontro chazista
ocorre sempre a partir do entardecer das sextas-feiras. Neste sábado, todavia, pela
manhã e na Academia Amazonense de Letras, ocorreu o lançamento do livro O Chá do Armando em prosa e verso. Trata-se
de produção
literária desta reunião que, além de promover a libação de Black e outros destilados, lança a
terceira publicação de sua editora. Quem perdeu o encontro, não imagina o que perdeu de iguarias.
Incluído entre
os contumazes chazistas, colaborei
com a crônica intitulada -- Antes
do Chá do Armando
Antes que uma nuvem mais
espessa me faça esquecer essa lembrança, quero registrá-la nesta retrospectiva.
As primeiras libações com a matéria-prima que depois ganharia até páginas literárias
ocorreram no Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, daqui para frente,
IGHA ou Casa de Bernardo Ramos. Tudo
começou quando, no 00 da virada do século, o então presidente, sócio Arlindo
Porto, autorizou-me a organizar o acervo do Instituto que se encontrava desarrumado
em decorrência da restauração do prédio.
O Salão do Pensamento Amazônico enquanto chegam os chazistas, que foi um recorde de público |
Dissertando
sobre associações operantes, nosso paraninfo das sextas-feiras relatava: “muito
natural que transitaram por variáveis de atuação, nestes últimos anos marcaram,
como ainda registram um portentoso desempenho intelectual.” E seguiu lembrando
o desempenho do IGHA. Arlindo Porto conseguiu restaurar o prédio. Robério Braga
recuperou o acervo geral. E depois de citar outros correligionários, louvava “o
coronel Roberto Mendonça e o bibliotecário Geraldo Xavier dos Anjos, preparados
e incansáveis pesquisadores da história amazonense, com elogiável atuação na
reorganização do Museu e da Biblioteca (...) da Casa de Bernardo Ramos”. Obrigado, meu padrinho.
Vou
repassar um pouco mais. A Ascenção de
Menezes propala um tempo primoroso que a abertura do século, coincidentemente,
infiltrou nos dois maiores institutos culturais do Estado. Tanto o IGHA quanto
a AAL empreenderam iniciativas renovadoras. Esta, no discernimento de sua chefia,
quando reconstruiu seus quadros e escancarou o futuro salão do Pensamento Amazônico para acolher a cultura
popular, seduzindo aos estudantes, preferencialmente. Enfim, para amplo
regozijo, essa renovação ainda se sustenta.
No
IGHA, a passagem pôs-se em marcha com a restauração do edifício. A seguir,
ocorreu a catalogação do acervo e, finalmente, a Casa também escancarou suas portas (literalmente) para a consulta aos
seus vastos recursos. Enquanto isso ampliou seu patrimônio adquirindo um imóvel
centenário. Nesse diapasão, viajava para um salto de qualidade... Pena que tenha
ficado pelo caminho, afinal, “No caminho tinha uma pedra.”
(A
minha mais dura refrega foi contra a restauração da biblioteca Ramayana de Chevalier. Os livros e
outros elementos afins, amontoados de qualquer modo, submetidos aos respingos
de tinta, a extrema poeira e outros inimigos dos livros, jaziam (isso mesmo!) em
um salão. Adaptei um processo de recuperação e, sendo bem sucedido, soergui a
biblioteca que, na opinião de técnicos, estava irrecuperável, condenada.) Ao
menos, não toquei fogo nos livros!
Então
tá. Depois de árduo trabalho, em que a limpa exigiu revirar todos os cantos do
edifício, preparei uma sala existente na ilharga do museu. Nesse recinto, refrigerado,
a diretoria passou a se reunir, no meado de 2000. Com o avançar das reuniões, com
a presença maior de associados, estas foram se encorpando. Daí veio a sugestão de
que a reunião se realizasse às sextas-feiras, ao final da tarde. E assim se passaram
alguns encontros.
Até
que, conversa vai conversa vem, nada melhor que para isso “molhar a garganta”.
Assim, encerrada a sessão, foi servido um uísque, oferta do ighano Armando de Menezes, com os
aperitivos fornecidos pela direção da Casa.
Depois, como as finanças do Instituto apresentavam-se robustas, Humberto
Figliuolo, o tesoureiro, engendrou um café regional. Era mais que regional, era
uma fartura.
Bom,
as reuniões da diretoria prosseguiram com o mesmo dispositivo, tornando
corriqueiro o uísque do Armando. Mas, a mudança
da direção do IGHA, modificou esse calendário. As reuniões se tornaram ralas,
não mais acolhendo uma plateia condizente.
Até
aqui falei de “um pouco antes“ do Chá do Armando, sacrossanto privilégio, batizado
acidentalmente com este codinome na própria Academia de Letras, e pelo próprio
presidente Max Carphentier, onde se abrigou ao sair do IGHA. Até me lembro de
uma presepada que aprontei, creio que em 2003. Em meu aniversário (17 de junho)
fiz chegar ao encontro um bolo acompanhado de um cartão, que simulava ter sido
oferta de minha consorte (uma das). Tá lembrado, mecenas Armando? Se não, vou
anexar a foto.
Espero
com esta lembrança ter contribuído com o propósito de escrever um pouco dessa
história. Fatos que me interessa, especialmente porque desvendei que eu estava
presente ao pontapé inicial. Ou, diria melhor, aos fartos pontapés.
Enquanto
aguardo o barman Sérgio Luiz abrir
com devoção a milésima garrafa de Black,
aqui vai “o além depois”, copiando o saudoso mestre Samuel Benchimol. O Armando tea´s prossegue servindo em todas
(salvo a sexta-feira santa) sextas-feiras, em algum canto da bem querida Manaus.
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