3º Sgt QSS Mecânico de Aeronaves Eliaquim Batista da
Rocha
Graduando do curso de História da Universidade Federal de
São Paulo - UNIFESP
Chesterson Aguiar Ferreira
Graduando do curso de História da Universidade Federal do
Amazonas - UFAM
Diogo Lopes e Lopes
Graduando do curso de História da Universidade Federal do
Amazonas – UFAM
Composta por um Destacamento de Suprimento e Manutenção,
quatro Esquadrões Aéreos (1°/9°GAv, 7°ETA, 7°/8°GAv e 1°/4°GAv) e um Batalhão de
Infantaria Especial (BINFAE-MN), a Base Aérea de Manaus (BAMN) forma atualmente
um dos mais importantes complexos de Unidades Aéreas da Força Aérea Brasileira
(FAB), localizada na cidade de Manaus (AM). Em sua área, encontram-se ainda um
Esquadrão de Helicóptero do Exército Brasileiro, um simulador utilizado para o
treinamento de tripulações que operam a aeronave C-105 Amazonas e um Hospital
Militar. Somado a esse contexto, desfruta também de um terminal de passageiros
– parte integrante do antigo Aeroporto Internacional de Manaus – e de sítios
arqueológicos encontrados na década de 1960 e mapeados pelo Museu Amazônico
(HILBERT, 1968 apud LIMA, 2002).
Base Aérea de Manaus |
Com esta composição, a Base Aérea de Manaus, atualmente, ostenta
um dos passados mais curiosos no que se relaciona ao seu surgimento e sua
efetivação. Em sua arquitetura atual pouco ou quase nada é destacado das antigas
instalações que, ainda em madeira, antecederam sua consolidação em 1970. Porém,
quais os fatores que contribuíram para a sua idealização e a partir de qual Instante
esse contexto se encetou? Diante dessa conjuntura, a pesquisa em destaque conduziu-se
tomando como ponto de partida a Segunda Guerra Mundial.
Com a produção gomífera que ascendia na Ásia, fruto do
trânsito ilegal de sementes da borracha silvestre que se transportou para a
Inglaterra e suas colônias, a Amazônia passou a desfrutar de um dos períodos
mais letárgicos para o comércio que conduzia a base econômica da região. Com o
avanço japonês durante o conflito mundial e a consequente tomada dos vales de
produção gomífera na Malásia, Bornéu e outras regiões (no início de 1942), os
Aliados (representados pelos norte-americanos) viram-se impelidos a recorrer à região
sul-americana para atender as suas necessidades de matéria-prima (MARTINELLO,
1988). Ainda segundo Martinello (1988) esta aproximação reforçou a relevância do
Brasil frente às exigências que acabaram o conduzindo aos interesses em
questão: o fornecimento de borracha à indústria bélica Aliada.
Iniciada em 2009, véspera do quadragésimo aniversário de
inauguração da Base Aérea de Manaus e tendo em vista o preenchimento de vazios
existentes na história da referida organização, a pesquisa transcorreu por
aproximadamente três anos e foi marcada por diferentes etapas, as quais se
caracterizaram por visitas a organizações militares, institutos, acervos e
bibliotecas, buscando assim a apreciação de dados e a acareação de informações.
Conduzindo-se para o período entre 1940 e meados da
década de 1950, a pesquisa amparou-se na ponderação de diferentes fontes
(primárias e secundárias), as quais revelaram pontos importantes e
significativos na política de aproximação dos americanos para com os países sul-americanos.
Buscou-se entender os diferentes aspectos que os
conduziram a essa postura, tendo em vista a infraestrutura implantada e a
consequente abertura do campo de pouso da Base Aérea de Manaus, fator este que
acabou mostrando-se primordial à estabilização da Força Aérea Brasileira na
Amazônia Ocidental e ainda na edificação do primeiro aeroporto de Manaus.
Com base na elucidação de um passado pouco explorado pela
historiografia militar, o presente artigo buscou apresentar um estudo minucioso
da região de Ponta Pelada, local onde se encontram o antigo aeroporto internacional
e a Base Aérea de Manaus. Visando a coerência e a precisão nas informações
apresentadas, tomando como marco inicial a presença americana em Manaus. Porém,
para uma avaliação aprofundada e tendo como meta o esclarecimento dos
diferentes aspectos epistemológicos que envolveram o tema, a pesquisa
conduziu-se para uma avaliação bibliográfica e de análise de fontes,
caracterizando-se assim o processo de fundamentação do levantamento
historiográfico necessário.
Na avaliação bibliográfica, apesar de tratar-se de um
assunto específico, destacaram-se nomes como os de José de Carvalho, Francisco
César Ferraz, Vagner Camilo Alves, Pedro Martinello, Samuel Benchimol, José Jefferson
Carpinteiro Peres, Luiz de Miranda Corrêa e Mário Ypiranga Monteiro, autores
estes que forneceram contribuições importantes para nosso empreendimento historiográfico.
Para a análise do cor
pus documental, foram empreendidos esforços diversos voltados
para a avaliação dos mais diferentes jornais. Nesta questão destacaram-se as
leituras de diferentes periódicos (Jornal do Comércio, O Estado do Amazonas, O Jornal e A Tarde), todos editados na cidade de Manaus e ainda a
interpretação das diferentes legislações que nortearam o passado em estudo e
também de diferentes fontes disponibilizadas pela Base Aérea de Manaus e pelo
Primeiro Esquadrão do Nono Grupo de Aviação (1°/9°GAv). Os tabloides
catalogados foram de vital valor, pois, através dos mesmos, identificou-se o
período de inauguração das instalações do primeiro aeroporto internacional em
Manaus e a abertura da primeira pista de pouso localizada no bairro de Flores
(informação acareada com o livro de Mário Ypiranga Monteiro).
Na busca por fontes fidedignas, várias visitas foram empreendidas
à Biblioteca Mario Ypiranga Monteiro, à Biblioteca Pública do Amazonas, à
Biblioteca Municipal João Bosco Pantoja Evangelista e à Biblioteca Arthur Reis.
Também transcorreram buscas no Centro de Documentação e Histórico da
Aeronáutica (CENDOC), no Museu Amazônico, no Arquivo Público de Manaus e no
Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA).
Visando à compreensão do envolvimento brasileiro no
conflito mundial e da diplomacia empregada, a pesquisa utilizou-se dos livros
de Vagner Camilo Alves e Francisco César Ferraz. Para a avaliação da presença americana
em Manaus e da receptividade manauara frente aos avanços assistidos, foi
importante o livro de José Jefferson Carpinteiro Peres. A pesquisa utilizou-se também
do discurso de Samuel Benchimol, obra que destacou pontos importantes sobre a
exploração da borracha silvestre durante a década de 1940 e o aparato empregado
no escoamento da mesma.
Mais adiante, para a compreensão dos progressos da Força
Aérea Brasileira (FAB) no pós-guerra, o trabalho consultou a obra de José de
Carvalho. Este, entre outras contribuições, focou sua atenção no cenário
técnico-operacional da FAB e destacou a criação de diferentes organizações da
Força Aérea Brasileira. (segue)
(*) Revista UNIFA, Rio de Janeiro, v. 25, n. 31, dez. 2012.
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