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Abril, 1º
Luiz Ruas (1931-2000) |
Em 2000, morreu em Manaus o
padre-poeta Luiz Ruas. A data era
imprópria, Dia da Mentira, para anunciar tão grave acontecimento, apesar de que
a saúde dele estivesse deteriorada desde anos.
Muitos preferiam que tudo não passasse
de uma mentira, mas era verdade. São passados 12 anos. Entre outras iniciativas
deste padre, consta em seu currículo a manutenção de uma coluna (quase) diária
em A Crítica, nos seus primeiros primórdios.
A coluna, intitulada de Ronda dos Fatos,
apreciava os episódios da vida em geral. Do bairro de São Jorge, onde o padre
era o vigário, passando pelos nacionais e, de vez em quando, atravessando o
Atlântico.
Semana passada, aos 88 anos, morreu Millôr Fernandes, o multiartista que
passou pelas folhas e revistas nacionais de maior importância. Quando Millôr publicou
o livro – Tempo e contratempo (1957), onde Millôr revisita Vão Gôgo. L. Ruas, em sua coluna, fez um breve
exame sobre a publicação.
Para homenagear aos saudosos
artistas, reproduzo o texto da Ronda dos
Fatos, de 3 de agosto de 1957.
TEMPO E CONTRATEMPO
O livro do nosso maior humorista continua a
preocupar os críticos. Ainda não tivemos o prazer de receber as maravilhosas
lições que Vão Gôgo, certamente, nos dá naquelas oitenta e oito páginas.
Como é sabido por todos o conhecidíssimo humorista
está enveredando hoje ou já enveredou em uma fase nova.
E nunca mais esqueci uma de suas páginas que, de
fato, eram duas. Um céu azul-cinzento terrivelmente tempestuoso ocupava quase
uma página inteira. Céu que prolongava nas dunas alvíssimas de uma interminável
e solitária praia, onde uma galinha solitária, também, descobrira uma única
minhoca.
Ri. Uma boa piada a indiferença da galinha diante do
céu borrascoso. Ri, mas observando melhor, fiquei sério. Depois fiquei uns bons
minutos com a revista na mão rindo e ficando sério.
Aguardemos as oitenta e oito lições de Vão
Gôgo.
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