Eu me chamo José Rodrigues Cardoso Filho, e sou professor da Universidade Federal do Amazonas.Após inúmeras tentativas infrutíferas junto a pesquisadores de minha cidade, recorro ao senhor, na esperança de obter a "letra do Hino do 2º Congresso Eucarístico da Manaus".O referido hino inicia com versos: "Ao concerto exultante das matas / Sob o céu de um azul triunfal / Eis que vem adorar-te o Amazonas / Pão de amor, Cristo Vivo, imortal / Rei dos Céus, ó Jesus Sacramento / Te adoramos, cantando a teus pés / Hás de sempre reinar triunfante / Sobre as terras em flor do barés...".
Porém, eu gostaria de obter a letra
completa.
Capa do opúsculo patrocinado pela Prudência Capitalização |
O 1º Congresso
Eucarístico Diocesano foi realizado entre 31 de maio e 4 de junho de 1942. Não foi
tão simples. A realização deste conclave exigiu esforços redobrados dos
organizadores. É preciso lembrar que, em 1941, assumiu a diocese o quinto bispo
do Amazonas, Dom João da Mata Andrade e Amaral.
Apenas sete
meses disounha o prelado para a preparação do encontro religioso. O apoio dos
governos (interventor Álvaro Maia e prefeito de Manaus, Alvaro Bandeira de Melo) foi imprescindível, e
mais, a colaboração do comércio e o esforço dos integrantes da Ação Católica ajudaram
a sobrepujar as dificuldades.
O hino do Congresso
teve a música composta pelo padre Pedro Mottais, sacerdote francês que havia se
incorporado ao clero amazonense. Posteriormente, ele ajudou na inauguração da
Faculdade de Ciências Econômicas e foi reitor do Seminário São José. A letra é
de autoria do padre-poeta Manuel Albuquerque, que pertencia ao clero paraense e
trabalhou em Santarém (PA).
Já nos planos do
Sul te adoraram / em Congressos de imenso esplendor; / hoje é o Norte de
imensas florestas / que te adora, ó mistério de amor. / Canta e louva, agradece
e suplica / adorando na hóstia Jesus. (bis)
O esforço do
Dom João da Mata foi plenamente recompensado com a presença de altas figuras do
clero nacional e da região Norte. Mais que isso, o comparecimento do povo católico,
que se reuniu na praça Antônio Bittencourt (em frente ao IEA), a qual passou a
ser conhecida por Praça do Congresso.
* * *
Dez anos
depois, na mesma praça do Congresso, reuniu o mundo católico do Amazonas,
convidando os irmãos de fé nortistas. Era pastor da diocese do Amazonas, Dom
Alberto Ramos, o jovem bispo brasileiro, nascido em Belém do Pará.
Praça do Congresso, vendo-se, ao fundo, a residência da família Miranda Corrêa e o Ideal Clube (à dir.) |
Outros dois
fatos relevantes foram a coroação da imagem de Nossa Senhora Auxiliadora; a
reunião de todo o episcopado do Vale Amazônico e a sagração dos bispos de Tefé
e Boa Vista (hoje Roraima).
A organização
do Congresso coube ao bispo do Amazonas e aos padres José Pereira Neto (diretor
do Colégio Dom Bosco); Walter Gonçalves Nogueira e João Alves da Costa, depois
monsenhor e vigário dos Remédios.
Álvaro Maia, governador; Dom Jaime Câmara, cardeal; Dom Alberto Ramos, arcebispo, e André Araújo, deputado federal (a partir da esq.) |
O hino
escolhido em concurso foi composto e orquestrado pelo maestro José Arnaud, hoje
pouco conhecido, mas que abrilhantou a Banda de Música da PMAM. A letra era de
autoria do então clérigo Aureo Pereira de Araújo, que findou integrando a Ordem
dos Dominicanos, em São Paulo.
Curiosamente, o
mesmo governante dirigia o Amazonas, trata-se de Álvaro Maia, então governador do
Estado. Entre as autoridades eclesiásticas, convém ressaltar a presença do
primeiro cardeal no Amazonas, Dom Jaime de Barros Câmara, arcebispo-cardeal do
Rio de Janeiro. É interessante ressaltar que este prelado também esteve em
1942, quando arcebispo do Pará. (segue)
SIM, EU ESTAVA LÁ, NA PRAÇA...
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