Mais uma seção do artigo sobre o
Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas e alguns congêneres, de autoria do
padre Nonato Pinheiro (1922-94), que foi associado desta agremiação.
Nossos Institutos
Históricos
Padre Nonato Pinheiro
(do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas)
O Instituto Histórico
e Geográfico Brasileiro é, evidentemente, o "primus inter pares",
por direito de primogenitura
e por direito de conquista. Foi fundado
no Rio de Janeiro em 1838, contando, portanto, 132 anos. Seus primeiros diretores
foram: marechal Francisco Cordeiro da Silva
Torres Alvim, visconde de Jerumirim; José
Feliciano Fernandes Pinheiro, visconde de São Leopoldo; marechal Raimundo José da Cunha Matos
e cônego Januário da Cunha Barbosa.
Detalhe do painel do Auditório do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio |
Sua
fundação propriamente se deve ao marechal Cunha Matos e ao cônego Januário Barbosa.
O marechal Cunha Matos
era português, natural de Faro, chegado ao Rio de Janeiro em 1815. Brioso militar
e homem de cultura,
associou-se ao cônego Januário para fundar essa benemérita instituição, que tem sido uma alavanca de ouro a erguer bem alto a cultura brasileira. O cônego Januário foi um ilustre sacerdote brasileiro, cuja eloquência rivalizava com a de Monte Alverne, com a de frei Sampaio, com a de frei Francisco de São Carlos. Brilhou como pregador régio, obtendo ainda realçado esplendor na política
de seu tempo. Prova de seu grande amor ao Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro foram suas últimas palavras, proferidas pouco antes de
morrer, a 22 de fevereiro de 1846: "Meu amado Brasil, meu querido Instituto, adeus!"
Ainda
sobre o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, não
poderei omitir o amor que lhe votava o Imperador Pedro II, que sentia particular júbilo
em presidir-lhe as sessões.
Fundado o sodalício a 21
de outubro de 1838, seus membros fizeram sua primeira visita ao Imperador a 19
de março de 1339, às 10 horas da manhã,
no Paço da Boa Vista, Sua Majestade foi saudado por
José Feliciano Fernandes
Pinheiro, visconde de São Leopoldo. Foi o início de uma amizade indesatável e ininterrupta. O Instituto traz em seu brasão, além da formosa legenda latina "Pacifica scientiae
occupatio" (ocupação pacífica
da ciência), uma alusão aos fecundos auspícios de
Dom Pedro II: "Auspice Petro
Secundo".
Para sua
história, recomendo o livro de Max Fleiuss: O Instituto Histórico através
de sua Revista (Imprensa Nacional, 1938), publicado no ano centenário de sua fundação. Pedro Calmon é seu atual presidente.
Nosso Arthur Reis ocupa a terceira vice-presidência, sendo ainda
membro da Redação da Revista.
Sem temer
contestação, afirmo que o Instituto do Ceará é o mais famoso, depois do Brasileiro. Foi fundado a 4 de março de 1887. O historiógrafo José Honório Rodrigues, que esteve em Manaus a ministrar um curso
de Historiografia, escreveu este
honroso depoimento: "Seu principal
órgão foi a Revista, tornada em breve um dos melhores e mais valiosos periódicos históricos do Brasil. A Revista do Instituto do Ceara é, então,
depois da Revista do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, o mais rico repositório
geográfico brasileiro, particularmente
precioso para a história antiga
e moderna do Ceará" (Índice anotado da Revista do Instituto do Ceará, p.29). José Honório
admira-se como essa revista se tenha mantido
"num mesmo espirito
de objetividade histórica,
de infatigável pesquisa, cheia
e rica de preciosos documentos"
(ibidem).
O lema do
Instituto do Ceará é sugestivo: Dedimus profecto grande
patientiae documentum (Demos sem
dúvida um
grande testemunho de paciência).
O Instituto Histórico e Geográfico do Pará foi fundado a 3 de
maio de 1900 e reinstalado a 6 de março
de 1917. Possui 40 cadeiras para sócios efetivos. Penso que é interessante frisar que a Universidade
Federal do Pará, por um gesto fidalgo do Magnífico
Reitor, Dr. José Rodrigues
da Silveira, vem imprimindo a Revista do Instituto na
Imprensa Universitária.
Presidente Petrovich |
O Instituto
Histórico e Geográfico
do Rio Grande do Norte foi fundado a 29 de março de 1902. Tem sido um dos mais
operosos do país. E' seu
atual presidente o Dr. Enélio
Lima Petrovich [ainda presidente, morreu ano passado].
Sua maior figura de todos os
tempos é o grande Luís da Câmara Cascudo, uma das maiores culturas deste
país.
Ao
comemorar os 70 anos de idade e os 50 de labor
intelectual de Câmara Cascudo, o Instituto
do Rio Grande do Norte fez editar precioso volume,
em homenagem merecida a seu cultismo orador oficial: LUIS
DA CAMARA CASCUDO: sua
vida e sua obra. Saudando-o,
disse-lhe o presidente Petrovich:
"Mestre, mestre de verdade.
Somente me resta agora, nesta noite dizer-lhe: Nada mais fizemos senão cumprir
com um pouco do muito que ainda lhe deve e continuará
devendo este Estado, que lhe serviu de berço, e que, mercê de seu nome e de sua obra, nasceu para a história da cultura universal." (obra citada, p.91).
O Instituto
Geográfico e Histórico
da Bahia foi fundado em 1894, e já tem publicado numerosos e alentados
volumes.
Consuelo Pondé, presidente do IGH da Bahia |
O
Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico
Pernambucano, na mente de José
Honório Rodrigues, é o terceiro em importância,
depois do Brasileiro e do Ceará. Suas atividades têm sido incessantes
em prol da divulgação de valiosos documentos.
O Instituto Histórico
e Geográfico de Sergipe foi fundado
a 8 de agosto de 1912. O de Minas Gerais foi fundado em 1907. Suas
revistas são volumosas, com colaborações preciosas, a revelar grande espirito de
rebusca em seus membros.
O
de São Paulo é
dos mais notáveis.
Foi fundado a 1° de novembro de 1894. Seu jubileu foi condignamente
comemorado em 1944, com excelente volume: Jubileu
Social. Foram seus fundadores Antônio
de Toledo Piza, Domingos José Nogueira Jaguaribe
Filho e Estêvão Leão Bourrol. A
fundação verificou-se no salão
nobre da histórica
Faculdade de Direito.
Circulado em O Jornal, Manaus, 8 março 1970
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