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sexta-feira, setembro 16, 2011

PARINTINS, SUAS IGREJAS |2|

Capa do livro
Sigo reproduzindo o livro Clarões de fé no Médio Amazonas (1980), de Dom Arcangelo Cerqua, que foi o primeiro bispo de Parintins, e exerceu forte influência na comunidade daquele município.

Igreja do Sagrado Coração 
(matriz de Nossa Senhora do Carmo, até 1962)



Para um breve resumo histórico da atual igreja do Sagrado Coração, nos servimos do citado livro Memória do Município de Parintins, de Antonio Clemente R. Bittencourt, e do [livro] Tombo da Paróquia.
Já lembramos que a primeira igreja na praça do Cristo Redentor tinha sido declarada irrecuperável pelo engenheiro Alexandre Haag [de nacionalidade russa, o qual promoveu várias lambanças na região, inclusive na Polícia Militar do Pará].

Consequentemente, na Assembléia Legislativa, a 20 de maio de 1881 foi votada a Lei nº 529, "autorizando a edificação de uma Igreja em Parintins", "tendo sido votado para esse fim o crédito de trinta e cinco contos de réis". (Bittencourt, p.60).
Na Lei Orçamentária para 1883-1884 aparece outro crédito de vinte e um contos de réis "para a conclusão das referidas obras". Quanto ao projeto da construção, "a 22 de agosto de 1882, o Tesouro Provincial recebeu cinco propostas para construir a Igreja segundo o projeto do engenheiro Lauro Bittencourt, e foi aceita a proposta de José Felix Videira Braga, com o qual foi assinado o contrato a 19 de outubro do mesmo ano”.

Marcado o lugar pelo engenheiro projetista, as obras iniciaram a 2 de janeiro de 1883. Pelo contrato, a igreja deveria ficar pronta a 19 de março de 1884, mas as diversas prorrogações fizeram com que o edifício estivesse pronto apenas a 1° de agosto de 1888, quando "o diretor de Obras Públicas oficiou ao presidente da comissão fiscalizadora da construção, composta de cidadãos de Parintins e presidida pelo coronel José Augusto da Silva, para entregar as chaves do edifício ao vigário da paróquia, padre João Maria Freydfont" (Bittencourt, p. 61). 
Padre Cerqua, 1948
"O edifício estava concluído no quadro das paredes e cobertura, faltando tudo quanto era indispensável ao culto: não tinha coro, altares, pia batismal e sinos”. Por isso não pode ser logo inaugurado. O vigário, dedicado, recorreu à população católica e mandou fazer o coro e os altares. E enquanto funcionava na antiga igreja, procurava equipar a nova: do necessário.

O Sr. Antonio Rodrigues Vieira Junior ofereceu o sino Lindina, nome de sua primogenita; e o Sr. José Pereira Barbosa mandou vir de Portugal outro sino, ao qual deu o nome de sua neta Isaura.
O padre Victor, no livro do Tombo (p. 13), assegura não ter encontrado esses sinos, mas sim os da igreja velha, que foram levados para a nova, depois de sua demolição. Foi encontrada, sim, a pia batismal de mármore, em forma de taça, oferecida pelo capitão Antonio Simplício Valente de Menezes.

Em 1935, o Pe. Paulo Raucci tentou remodelar a torre, e gostava de apreciar do meio do rio a torre subir. Mas, infelizmente, um dia a torre desabou e arruinou parte das paredes e do coro.
A nova torre foi construída pelo padre Victor, bem prático de construções, e foi inaugurada em 1941. Em 1942, o mesmo padre construiu a nova capela mor e duas capelas laterais.

Em 1944, ele restaurou as paredes, fazendo o novo telhado e o novo forro, dando pintura por dentro e por fora; e em 1945, depois de cinco anos de trabalhos deu "a obra por terminada". Praticamente fez uma igreja nova.

Mestre Raimundo Bentes foi um que muito trabalhou como carpinteiro com o Pe. Victor. Ele trabalhava também por devoção, mas o padre fazia questão de "paqar-lhe bem", como o mestre, aos 84 anos de idade em 1980, lembrava comovido.

A igreja adquiriu também novas imagens: a de Cristo morto foi ofertada por João Mello; a de Cristo crucificado, por Renato Baptista, enquanto Luiz Souza, os quadros da Via Sacra. Em 1948, Agenor Dinelli ofereceu a imagem de Nossa Sra. do Perpétuo Socorro; Maria de Nazaré Teixeira, a imagem de S. João Batista e o povo, a de Nossa Sra. das Graças (Tombo, p. 21).

Em 1951 a torre ganhou sinos novos: 1º - de 210 kg, oferecido por Renato Batista com o nome de "Deum laudo" (louvo ao Senhor); 2.0 - oferecido pelos paroquianos com o nome "Vivos voco" (chamo os vivos); 3º - ofertado por Homero Fonseca com o nome de "Mortuos plango" (choro os mortos).

No mesmo ano toda a igreja foi pintada de novo e a torre foi melhorada com dois pisos de massa e cimento. Em 1952, nos meses de setembro e outubro, durante a Missão dos padres redentoristas, foi levantado o Cruzeiro e colocado na torre o relógio, cuja metade do valor foi paga pelo Sr. Francisco Braga, "o Malagueta", esposo de Dona Clarina Bulcão.

Instituída e instalada a Prelazia, a 13 de novembro de 1955 esta igreja passou a ser a Igreja Catedral. Naturalmente seu decoro recebeu grandes cuidados por parte dos padres. O Pe. Jorge Frezzini, em 1956, mandou fazer o forro novo e pintura na capela à direita, no templo dedicado ao Sagrado Coração, com a colaboração de Olimpio Guarany e sua esposa Dona Nena. Foi feito um novo altar mor, dois altares laterais, dois nichos em marmorite; calçadas em redor da igreja e pintura interna e externa.

Em 1958, teve que ser escorado o templeto da torre dos sinos com viga e laje de concreto armado, pois os pisos de massa e cimento feitos em 1951 estavam cedendo. A 31 de maio de 1962, a imagem de Nossa Senhora do Carmo passou à capela provisória da Catedral, para onde foi transferida a Catedral e a paróquia Nossa Sra. do Carmo.

Entretanto, no mesmo dia, foi criada a nova paróquia do Sagrado Coração, e como sede foi escolhida a antiga igreja de Nossa Sra. do Carmo.
Nos anos de 1965-66, o vigário, padre Januário Cardarelli, seguindo um projeto do Pe. Silvio Miotto, construiu meia igreja completamente nova, desde os alicerces: isto é, transeto, altar mor, capelas laterais e sacristias. Em 1966, o padre Antonio Caliciotti terminou os serviços, mandando fazer reboco e pavimentação, e colocando em nicho apropriado o titular da paróquia, o Sagrado Coração.

É claro que de tempo em tempo vem sendo renovada a pintura. A última foi realizada, a custa de Jorge Kawakami e Luiz Lobato Teixeira em outubro de 1979, quando foi reformado o nicho do Sagrado Coração de Jesus, onde o irmão Miguel De Pascale pintou anjos na parede da ábside. (segue em |3|

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