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quarta-feira, agosto 25, 2021

SAMUEL BENCHIMOL NA "MANCHETE"

 Entrevistado para a edição especial sobre a Amazonia, divulgada pela extinta revista Manchete (setembro de 1989), o saudoso amazonólogo Samuel Benchimol (1923-2002) deixou registrado os pensamentos aqui compartilhados, bem como sua bem expressiva foto. 
 

Detalhe da capa da revista

"Para conhecer a Amazônia é necessário pisar no seu chão. Mergulhar no rio Amazonas, andar pela mata e chegar à essência. Ela entra em você e toma conta de tudo" ensina um caboclo ribeirinho em Óbidos, no Pará.

Nada deve ser feito sem humildade, sem um trabalho de observação e pesquisa, repensando até o conceito da ecologia em seu mais puro significado. Afinal, existe o homem – protagonista, réu e vítima do processo de ocupação daquele território. Trata-se de uma tarefa multidisciplinar, que exige a estreita cooperação entre a comunidade científica e os detentores do poder político.

Residente em Manaus, [Samuel] Benchimol concorda que o nível de desmatamento alcançado em Rondônia, norte de Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, sul do Pará, e em menor escala no Acre e mínimo no Amazonas, é preocupante. "Mas não a ponto de se profetizar a destruição total da floresta amazônica no espaço de duas décadas, conforme a previsão de muitos ecólogos, climatologistas e políticos alarmistas" ressalta.

Samuel Benchimol, no registro da revista Manchete

A perspectiva apocalíptica toma forma, porém, quando a área desflorestada é comparada com a superfície de pequenos países europeus (Holanda, Bélgica, Suíça, Dinamarca) ou com a de médios (França, Alemanha, Itália). Na ótica desses países, o quadro torna-se literalmente devastador.

Em outra dimensão - que estimula o desperdício —, o Brasil sequer chegou a uma conclusão da abrangência territorial da floresta amazônica.

Clara Pandolfo ("Amazônia Brasileira e suas Potencialidades", Belém: 1979) a estende por 260 milhões de hectares. Os botânicos Murça Pires, do Museu Goeldi, e William Rodrigues, do Instituto [Nacional] de Pesquisas Amazônicas (INPA), avaliam essa cobertura vegetal em 350 milhões de hectares. O inventário geobotânico do IBGE aponta para 538 milhões de hectares. Tomando como referência os 251.429 quilômetros quadrados desmatados, detectados pelo Instituto [Nacional] de Pesquisas Espaciais (INPE), podem-se fazer várias leituras em termos percentuais.

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