CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

sábado, março 14, 2020

CÂNCER DE PRÓSTATA: DEPOIMENTO


Em tempos de coronavírus, compartilho o texto de Marco Gomes, o Marquinho, que trava uma luta contra o câncer de próstata. Enfrenta com altivez e serenidade, sem pieguismo e sentimentalismo.


Em tempos de afronta ao abraço e o impedimento de se estender a mão ao amigo, envio ao Marquinho – homem do sorriso – outro sorriso, com meus votos de sucesso.


DEPOIMENTO REAL SOBRE O CÂNCER DE PRÓSTATA

mARCO gOMES

Depois de postar diariamente matérias sobre o câncer de próstata e como o NOVEMBRO AZUL está sempre em cartaz, darei meu depoimento visceral, como tudo que faço, sobre o tema.
Sabemos que a PRÓSTATA é uma glândula genital masculina do tamanho de uma noz, localizada entre a bexiga e a pélvis. Ela começa a se desenvolver, aumentando o seu tamanho durante a adolescência, devido a ação da testosterona, ela chega a seu tamanho médio, que é de aproximadamente 3-4cm na base, 4-6 na parte céfalo caudal, e 2-3 na parte anteroposterior.
Os homens com maior propensão a ter problemas relacionados a ela, são os de pele negra, sedentários e os que apreciam um bom churrasco como eu.
Todo homem no decurso de sua existência terá problemas de próstata, não tem pra onde correr, se ficar o câncer come.
Por isso, não só aqueles que tenham um parente direto afetado pelo câncer (pai, irmão). Todos nós a partir dos 50 anos, temos que monitorar a próstata fazendo coleta de sangue pra saber como anda seu antígeno prostático específico (PSA), que é usado principalmente para pesquisar câncer de próstata em homens assintomáticos.
É também um dos primeiros exames realizados em homens que apresentam sintomas que podem ser causados pelo câncer de próstata.
Pertenço a geração dos anos 60, época em que, (logico) não havia a maravilha da internet, portanto, sem redes sociais, instrumento indispensável nos dias atuais.
Distante do Sul maravilha, ilhada e cercada por uma floresta exuberante, rios e igarapés caudalosos e límpidos. Tínhamos toda liberdade para exercitar o corpo e a mente. As ruas eram extensões de nossos quintais, onde organizávamos brincadeiras como: futebol, barra bandeira, garrafão, amarelinha, camone boy, cemitério, e às deliciosas caí no poço, esconde-esconde, brincadeira de casinha e a melhor de todas, de médico.
Os vários igarapés que cruzam a cidade, (hoje transformados em esgotos), serviam como megas piscinas olímpicas para prática de natação. A educação trazíamos do berço para serem esmeriladas por mestres zelosos e vigilantes.
Tive a felicidade de ser aluno da professora Polinésia Pires de Carvalho (dona Zizí, cuja mãe dona Maria, foi quem criou Carmen a qual chamavam de doida). Naquele tempo existia a sabatina, instrumento didático para aprender de cor Matemática, levei muito bolo nas mãos (nem por isso fiquei traumatizado, a ponto de precisar de apoio psicológico, aliás, essa era uma profissão sem futuro na taba).
Quando se mijava fora do caco, o couro comia, coisa normal e sadia.
Os pais tinham o dever e a responsabilidade de nortear os caminhos da prole. Isso foi antes da revolução pedagógica norte-americana que criminaliza um puxão de orelha, já o filho pode pintar o caneco, agredir os genitores tendo como égide, esses esdrúxulos Conselhos Tutelares, quase sempre, feudo de políticos bundas moles e seus apaniguados analfabetos e pedófilos (aliás, coisa rara outrora).
Como eu era feliz e sabia. Sou saudosista sim senhor, amava aquela paz de outrora, onde não havia, atropelos, muito menos atropelados, a vida tinha prioridade.
Universitário curtia @Ivan Lins, Gonzaguinha, @Chico Buarque, Taiguara etc. Hoje é @Luan Santana, Pablo Vi(a)tar, pagodes e a nefasta máfia do dendê, que a rede globo nos empurra goela abaixo, com graus, gêneros e orgulhos.
Como nada é perfeito, a culpa sempre é dos governantes, que só propagam suas lambanças, omitindo coisas básicas como educação e saúde, assim como eu, existem homens ignorantes que desconhecem uma coisa vital inerente a todos nós: a próstata.
Da poesia vesti a fantasia do poeta e saí por aí. Sempre fui outsider as normas e convenções usando e abusando de tudo que me desse na telha. Ancorado pela estupidez machista e pela minha própria ignorância, até meus 60 anos desconhecia completamente a próstata, esse negócio de ‘dedada no cu’, nem pensar.
Até que após uma farra com meu parceiro e amigo @Jersey Nazareno, paralisou geral minhas funções ejetoras (tranquei o cu e a pica).
Fiquei 18 meses com uma sonda vesical introduzida em minha uretra, que precisava ser trocada cada 15 dias para evitar infecções. Não pensem nunca que isto é indolor.
Graças ao doutor @Roger Alves, que bancou do próprio bolso as custas com os preparativos para a operação, hoje em dia faço uso do canal competente, para esvaziar minha bexiga.
O câncer, ainda me corrói as entranhas e, para esta terceira fase, vou à luta sem lenitivo ou otimismo piegas. Vou encará-la de frente e lutar pela minha vida. Pois não acredito em paraíso, prefiro esticar minha estada neste vale de lágrimas, ouvindo boa música e sorrindo sempre.

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