A fim de comemorar o jubileu de ouro das Missões Salesianas no Amazonas (agosto
de 1915-65), a Prelazia do Rio Negro editou o livro De Tupan a Cristo (sem
identificação catalográfica), que serviu para prestar homenagens aos seus
padres e freiras, as autoridades, e ainda para registrar a marcha desta atuação,
que se tornou respeitável capítulo da História do Amazonas.
Entre os reverenciados, está o padre Agostinho Caballero que marcou
presença na condução dos jovens no Colégio Dom Bosco. A postagem presente compartilhei
do referido volume.
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Capa do livro |
PADRE AGOSTINHO MARTIM CABALLERO (sic)
É
um nome aureolado de simpatia e saudade, que recorda na história destes cinquenta
anos de missão como uma das mais belas figuras de salesiano no Amazonas.
Chegando
em julho de 1921 a Manaus para aí permanecer, segundo a vontade dos Superiores,
pelo prazo de um ano, devendo seguir logo depois para a Missão do Rio Negro, o
Padre Agostinho, tendo concluído os seus estudos na Espanha e na Argentina,
onde se formou brilhantemente, permaneceu quarenta anos na cidade de Manaus,
como orientador dos estudos e da disciplina do Colégio de D. Bosco, recém fundado,
onde passaram e se renovaram gerações e gerações de alunos, aos quais distribuiu
sempre, com o afeto e a simpatia de seu coração de educador, as energias de sua
alma sempre jovem, conhecedora dos anseios da infância e juventude que o venerou
e o amou, porque compreendeu sempre que o Padre Agostinho havia dedicado a ela
todos os sentimentos de seu coração e de sua inteligência de escol.
Era
conhecida e ainda é lembrada a “campainha mágica" com que impunha e
obtinha disciplina e silêncio nas longas filas de estudantes: tornou-se assim,
uma figura lendária, presente sempre em toda parte, animado sempre de
entusiasmo, revelando sempre amor a D. Bosco, criando gerações de filhos
espirituais, que ainda circundam a sua memória de veneração e de saudade.
Era
conhecida a sua "fraqueza", para não dizer, a sua "força"
para com seus antigos alunos: o Padre Agostinho tinha um imã especial para
aglutinar ao seu coração a alma da infância e mocidade. Filas de antigos alunos
o procuravam em toda
a
parte e, quando em algumas cidades, mesmo S. Paulo e Rio de Janeiro, era
conhecida a sua presença, espontaneamente, quase por uma adivinhação espiritual
via-se ele circundado de antigos alunos, que aproveitavam sua rápida passagem
para matarem as saudades de seu antigo mestre e superior. Deputados,
magistrados, professores, homens de comércio e indústria, homens do trabalho,
iam à porfia para visitá-lo, revê-lo, ouvir uma vez ainda a sua voz e a
ressonância do seu coração.
Quem
escreve esta página, ficou mais de uma vez comovido vendo o espetáculo desta
mocidade que o procurava, o idolatrava, renovando os sentimentos e os afetos dos
anos transcorridos sob a sua direção.
Quando
vítima de um desastre na Capital Federal de outrora, foi conduzido ao Posto de
Socorro da Cruz Vermelha, onde permaneceu em tratamento mais de um mês, médicos
e enfermeiros, declaravam surpreendidos, nunca terem visto tamanha multidão que
procurasse um enfermo naquela casa. De fato, desde Vivaldo Lima, Senador e Presidente
da Cruz Vermelha, uma ininterrupta série de visitas dia e noite, em
horas
regulamentares e fora delas iam ver o Padre Agostinho, que tinha para com todos
sua palavra sempre acolhedora, com o amável bom humor de que ele tinha o segredo,
manifestando sua gratidão por tantas e espontâneas provas de carinho e
dedicação.
Eleito
cidadão honorário da cidade de Manaus, poucas vezes, ou talvez nunca, esse diploma
de benemerência foi tão consciente e perfeitamente outorgado, pois o Padre
Agostinho trabalhou, sofreu, esforçou-se, dedicou mais de quarenta anos de sua
vida para o progresso intelectual e moral da "cidade risonha" que ele
tanto amou. Nestas palavras palidamente expressa-se e resume-se a merecida
saudade da juventude amazonense a seu inesquecível mestre, de seus Irmãos e de
seus superiores.
O
Padre Nonato Pinheiro brindou-nos com esta pequena joia literária, que publicamos
- com especial exceção - como lembrança saudosa do missionário que "de
pequena estatura" agigantou-se pelo seu apostolado e pelo seu amor à
juventude e
infância amazonense.
Vão te esculpir, Padre
Agostinho, um busto,
Que te lembre no bronze e no
granito,
E represente um poderoso
grito
Proclamando ao porvir que foste
um justo!
Assim terás no monumento
augusto,
Desafiando o tempo e o
infinito,
O teu vulto de paz, suave e
bendito,
Que dominou os corações sem
custo.
Pelos anos além virão
meninos
Alegres a cantar, junto à
peanha,
Patrióticas canções,
festivos hinos...
O teu nome imortal de ouro
se banha,
E já bimbalham carrilhões de
sinos,
Glorificando o Anão que foi Montanha!...