CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

domingo, agosto 31, 2025

POEMA DOMINICAL (78)

 Volto a informar que nada sei sobre Oséas Martins, autor do poema que ilustra a postagem. Sei apenas que ele foi político na cidade e produziu em jornais boa quantidade de poemas. Este, circulou em O Jornal, edição de 15 de janeiro de 1956.



A hóstia branca da lua

Abriu o reposteiro das nuvens

Com a mão gorda de luz,

E olhou lá em baixo,

O lago triste que dormia...

Um remo, em facadas discretas,

Levava um amor proibido e

Uma canoa, para longe,

Para a Paz...

A contradança dos ramos

Balançava em adeus;

E, em superstições agudas,

Os dois amantes abraçados,

Sentiam na alma

Punhais frios da morte...

Um rasga-mortalha

Passou longe, e transmitiu

Um recado inapelável

Do Destino...

E pensando fora do remo,

Fora das águas, longe dali,

Na alcatifa de carne

De um colo amado,

Um homem recebeu,

Certinho, no peito,

Um tiro que varou

Dois corações...

E a lua continuava

Olhando do Céu,

A viagem de núpcias  

Que prosseguia,

Na mesma canoa

Com pouca espuma na proa,

E muito sangue no ventre...

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário