Volto a informar que nada sei sobre Oséas Martins, autor do poema que ilustra a postagem. Sei apenas que ele foi político na cidade e produziu em jornais boa quantidade de poemas. Este, circulou em O Jornal, edição de 15 de janeiro de 1956.
A hóstia branca da lua
Abriu o reposteiro das nuvens
Com a mão gorda de luz,
E olhou lá em baixo,
O lago triste que dormia...
Um remo, em facadas discretas,
Levava um amor proibido e
Uma canoa, para longe,
Para a Paz...
A contradança dos ramos
Balançava em adeus;
E, em superstições agudas,
Os dois amantes abraçados,
Sentiam na alma
Punhais frios da morte...
Um rasga-mortalha
Passou longe, e transmitiu
Um recado inapelável
Do Destino...
E pensando fora do remo,
Fora das águas, longe dali,
Na alcatifa de carne
De um colo amado,
Um homem recebeu,
Certinho, no peito,
Um tiro que varou
Dois corações...
E a lua continuava
Olhando do Céu,
A viagem de núpcias
Que prosseguia,
Na mesma canoa
Com pouca espuma na proa,
E muito sangue no ventre...
Nenhum comentário:
Postar um comentário