CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

segunda-feira, julho 12, 2021

PADRE AGOSTINHO CABALLERO MARTIN

A fim de comemorar o jubileu de ouro das Missões Salesianas no Amazonas (agosto de 1915-65), a Prelazia do Rio Negro editou o livro De Tupan a Cristo (sem identificação catalográfica), que serviu para prestar homenagens aos seus padres e freiras, as autoridades, e ainda para registrar a marcha desta atuação, que se tornou respeitável capítulo da História do Amazonas.

Entre os reverenciados, está o padre Agostinho Caballero que marcou presença na condução dos jovens no Colégio Dom Bosco. A postagem presente compartilhei do referido volume.

Capa do livro

PADRE AGOSTINHO MARTIM CABALLERO (sic)

 É um nome aureolado de simpatia e saudade, que recorda na história destes cinquenta anos de missão como uma das mais belas figuras de salesiano no Amazonas.

Chegando em julho de 1921 a Manaus para aí permanecer, segundo a vontade dos Superiores, pelo prazo de um ano, devendo seguir logo depois para a Missão do Rio Negro, o Padre Agostinho, tendo concluído os seus estudos na Espanha e na Argentina, onde se formou brilhantemente, permaneceu quarenta anos na cidade de Manaus, como orientador dos estudos e da disciplina do Colégio de D. Bosco, recém fundado, onde passaram e se renovaram gerações e gerações de alunos, aos quais distribuiu sempre, com o afeto e a simpatia de seu coração de educador, as energias de sua alma sempre jovem, conhecedora dos anseios da infância e juventude que o venerou e o amou, porque compreendeu sempre que o Padre Agostinho havia dedicado a ela todos os sentimentos de seu coração e de sua inteligência de escol.

Era conhecida e ainda é lembrada a “campainha mágica" com que impunha e obtinha disciplina e silêncio nas longas filas de estudantes: tornou-se assim, uma figura lendária, presente sempre em toda parte, animado sempre de entusiasmo, revelando sempre amor a D. Bosco, criando gerações de filhos espirituais, que ainda circundam a sua memória de veneração e de saudade.

Era conhecida a sua "fraqueza", para não dizer, a sua "força" para com seus antigos alunos: o Padre Agostinho tinha um imã especial para aglutinar ao seu coração a alma da infância e mocidade. Filas de antigos alunos o procuravam em toda

a parte e, quando em algumas cidades, mesmo S. Paulo e Rio de Janeiro, era conhecida a sua presença, espontaneamente, quase por uma adivinhação espiritual via-se ele circundado de antigos alunos, que aproveitavam sua rápida passagem para matarem as saudades de seu antigo mestre e superior. Deputados, magistrados, professores, homens de comércio e indústria, homens do trabalho, iam à porfia para visitá-lo, revê-lo, ouvir uma vez ainda a sua voz e a ressonância do seu coração.

Quem escreve esta página, ficou mais de uma vez comovido vendo o espetáculo desta mocidade que o procurava, o idolatrava, renovando os sentimentos e os afetos dos anos transcorridos sob a sua direção.

Quando vítima de um desastre na Capital Federal de outrora, foi conduzido ao Posto de Socorro da Cruz Vermelha, onde permaneceu em tratamento mais de um mês, médicos e enfermeiros, declaravam surpreendidos, nunca terem visto tamanha multidão que procurasse um enfermo naquela casa. De fato, desde Vivaldo Lima, Senador e Presidente da Cruz Vermelha, uma ininterrupta série de visitas dia e noite, em

horas regulamentares e fora delas iam ver o Padre Agostinho, que tinha para com todos sua palavra sempre acolhedora, com o amável bom humor de que ele tinha o segredo, manifestando sua gratidão por tantas e espontâneas provas de carinho e

dedicação.

Eleito cidadão honorário da cidade de Manaus, poucas vezes, ou talvez nunca, esse diploma de benemerência foi tão consciente e perfeitamente outorgado, pois o Padre Agostinho trabalhou, sofreu, esforçou-se, dedicou mais de quarenta anos de sua vida para o progresso intelectual e moral da "cidade risonha" que ele tanto amou. Nestas palavras palidamente expressa-se e resume-se a merecida saudade da juventude amazonense a seu inesquecível mestre, de seus Irmãos e de seus superiores. 

O Padre Nonato Pinheiro brindou-nos com esta pequena joia literária, que publicamos - com especial exceção - como lembrança saudosa do missionário que "de pequena estatura" agigantou-se pelo seu apostolado e pelo seu amor à juventude e infância amazonense.

 

Vão te esculpir, Padre Agostinho, um busto,

Que te lembre no bronze e no granito,

E represente um poderoso grito

Proclamando ao porvir que foste um justo!

 

Assim terás no monumento augusto,

Desafiando o tempo e o infinito,

O teu vulto de paz, suave e bendito,

Que dominou os corações sem custo.

 

Pelos anos além virão meninos

Alegres a cantar, junto à peanha,

Patrióticas canções, festivos hinos...

 

O teu nome imortal de ouro se banha,

E já bimbalham carrilhões de sinos,

Glorificando o Anão que foi Montanha!...

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