Hoje, relembro a morte de Dona Francisca Lima, minha mãe, que viveu pouco, pois morreu aos 34 anos, vitimada pela tuberculose, sem ter conhecido o antibiótico penicilina. Muito já escrevi e relatei sobre dela, porém, a data de sua morte me despertou novas recordações.
Acredito que sua vida foi
sempre conturbada. Nascida no lago do Anveres, um dos tantos nas proximidades
de Manaus, pertencente ao distrito do Careiro, era um fim-de-mundo. Por se
tratar da filha mais nova, coube-lhe o encargo de cuidar da saúde da sua
genitora, que faleceu em Manaus. Até então, aos 24 anos, Francisca se mantinha solteira.
Com o falecimento da mãe,
saiu em busca de emprego, que conseguiu na Padaria Rosas, na avenida Sete, a
mais festejada da cidade. De todos os irmãos, somente ela havia escapado de um boto
do Anveres ou adjacências. Nesta padaria, todavia, encontrou seu par. E nova
conturbação, pois o seu boto era peruano.
Como a família rejeitasse
o príncipe, ela teve que esperar a situação amainar, quando então viajou com
ele para Iquitos (Peru), onde contraiu núpcias e encaminhou o primeiro filho, autor
deste post. Ela contava 25 anos.
Ao retornar, se estabeleceram
no bairro Educandos, quando nasceu o segundo filho. Em 1950, seu Manoel “peruano”
decide enfrentar o Rio de Janeiro, aproveitando o convite de seu irmão. Não creio
que minha mãe tenha aprovado a aventura. Contudo, viajamos em navio do Lóide
Brasileiro e, no Rio da Copa do Mundo, estivemos por menos de um ano. De certo,
ela teve mais uma vez desconforto na vida, a estadia carioca foi-lhe uma tormenta.
De volta ao Educandos,
recomeçando, ele estava em outras atividades comerciais, e dona Francisca
esperava o terceiro filho. Nascido este, em 1951, nossa mãe teve manifestada a
doença que a levou ao túmulo, no ano seguinte, juntando-se desse modo à sua mãe
no cemitério São João.
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