Coronel Okada |
Faleceu hoje o coronel PM Odacy de Lima Okada, depois de enfrentar longamente uma luta contra o câncer.
Qual um
samurai, não se rendia, estava sempre dilatando o desfecho da disputa, apesar
de abatido pelos tantos desconfortos. Foram anos de provação. Não tive a consistência
emocional de visitá-lo, em particular nesses derradeiros momentos da luta.
Sabia de seu estado de saúde e das complicações pelos amigos, e torcia pelo
melhor desenlace.
Encontrei Okada no início do nosso Serviço Militar obrigatório, em 1965,
portanto, dobrado o cabo do cinquentenário desta e de outras efemérides. Assim
foi com o Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva, no antigo 27 BC; com
nosso ingresso na Polícia Militar do Estado, em 1966; e no Curso de Armamento
(eu) e de Moto-mecanização (ele), na extinta Escola de Material Bélico (EsMB),
no Rio de Janeiro, no ano seguinte.
A formatura impõe
certo bullyng aos militares de baixa estatura, de metro e
sessenta, meu caso e dele. Porém, essa “discriminação” com os baixinhos nos
aproximou enormemente, pois éramos os cerra-fila, junto com o Ruy Freire. Este
trio ingressou na PMAM e hoje desfruta da benevolência do Estado, ultrapassados
os “setentanos”. Foram trinta anos de severa camaradagem. Ele muito
me auxiliou com sua palavra peculiar e terminante.Ficha do NPOR (1965) |
Há cinquenta e
três anos estava com o Okada, no Rio, encerrando os cursos na EsMB, ao cabo daquele
ano na (então) Cidade Maravilhosa. De regresso, estivemos sempre próximos, tendo
a cidade de Manaus como menagem, pois a Polícia Militar ao tempo não dispunha
de grandes efetivos no Interior. Creio que ele esteve como delegado de Polícia
em Parintins, na ilharga de Maués, de onde era originário, filho de Hideomi
Okada e Zelinda Batista de Lima.
Okada e governador Areosa |
Após o retorno
do Rio, Okada foi designado para integrar a Casa Militar do governador Danilo
Areosa (1967-71). E lá estava ele de ajudante de ordens, ao lado de sua
excelência para cima e para baixo, sem essa atual quantidade de seguranças. Foi
promovido a capitão em setembro de 1969 e a major, cinco anos depois.
Efetuou os
cursos básicos de Aperfeiçoamento e Superior de Polícia, na PM de São Paulo. Esteve
como delegado de Polícia em Parintins, quando se apaixonou pelo Garantido.
Novamente promovido, em dezembro de 1978, agora a tenente-coronel.
Roberto e Okada |
Nosso derradeiro trabalho em
conjunto aconteceu no Carpo de Bombeiros da PM, no quartel de Petrópolis, que
ele comandou entre 1979 e 1981. No ano seguinte, foi ano de eleições, a
primeira a permitir a escolha de um governador, após longo período. A PM passou
por uma turbulência política, grande parte provocada pelo comandante-geral –
oficial do Exército, que desejava eleger o candidato situacionista. Todavia, venceu
Mestrinho, opositor, de interesse dos policiais.
Nesse meio-tempo, Okada passou a comandar
o CPC, que era o órgão responsável pelo policiamento da Capital, na condição de
coronel, promovido em 1983. Em setembro do ano seguinte, os integrantes da Casa
Militar (entre os quais me incluía), opondo-se à uma decisão do governador, retiram-se
abruptamente do Palácio Rio Negro, e retornam ao quartel. O Chefe do Executivo,
então, acolhe a indicação do coronel Odacy Okada para a chefia da Casa Militar,
função que ele exerceu em três governos (1984-91).
Enquanto chefe da Casa Militar,
foi nomeado como interino para o comando-geral da PMAM, antecedendo a posse do
coronel Romeu Medeiros (1989). Sua última função foi na Prefeitura da capital,
chefe do gabinete militar do prefeito Amazonino Mendes. Nessa ocasião, Okada
colaborou comigo, concedendo-me passagens ao Rio, a fim de entrevistar
familiares de Candido Mariano.
Enfim, as nossas conversas rarearam,
cada qual em seu cada qual, aproveitando a aposentadoria. Ele, inspirado adepto
do Garantido, não perdia um festival. No entanto, somente hoje, ao me despedir
dele na funerária, descobri pela bandeira do clube estendida, sua paixão pelo
Botafogo carioca.
Obrigado pela homenagem Cel. Roberto, me emocionei. Nem eu sabia com tantos detalhes a carreira do meu pai. No dia do velório dele tive a dimensão de quem ele era e o quanto significava pras pessoas e pra sociedade amazonense, pois pra nós da família sempre foi o melhor pai do mundo! Abs!
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