Desde os primórdios de sua existência, a Força Estadual esteve às voltas com a carência de efetivo.
Quartel da Praça da Polícia |
As razões são múltiplas: a densidade populacional; o salário defasado; as exigências
do serviço militar, em particular, os “castigos”; o nenhum interesse pelo serviço
militar e outros. Desse conjunto de mazelas resultava um número extraordinário de desertores.
Esses percalços atingiam sobremodo aos praças, aos soldados, posto que os
oficiais eram escolhidos e nomeados pela amizade ou por outra “indicação”.
Para
amenizar esses estorvos, os governantes se valeram de vários expedientes. Para assegurar
o reengajamento do praça, era-lhe concedido um lote de terras e equipamentos de
cultivo; era permitido a inclusão de analfabetos, nada extraordinário, pois
essa era a condição da maioria da população brasileira; também era autorizada a
inclusão de estrangeiros, com óbvio algumas exigências a mais; e, para atrair os desertores,
eram-lhes concedido o indulto.
No período
da belle époque, no início do século passado, a corporação amazonense teve
um efetivo extraordinário, em relação a sua população. Possuindo dois batalhões
de infantaria e de outros serviços, corpo de bombeiros e duas bandas de música,
a PM deveria ter o efetivo de cerca de oitocentos homens.
Para ilustrar
esta postagem, vou expor as fichas de dois soldados estrangeiros: um francês e
outro italiano, ambos incorporados em 1905, quando era comandante do Regimento
Militar (designação da PM à época) o coronel Adolpho Lisboa.
Eugene Allein, filho de Glauce
Allein, nascido em 1873, portanto com 32 anos, na França. Sinais externos:
branco, de cabelos e olhos castanhos, pedreiro de ofício e solteiro. Incluído
em 1º de dezembro de 1905, no efetivo deste batalhão e desta companhia, como
voluntário por três anos. Depois de ser aprovado em inspeção de saúde. Tomou o
número 50. Em 1906, em 8 de janeiro, doente, baixou ao hospital (?) onde permaneceu
até dia 27. No mês seguinte, de novo esteve baixado ao hospital, sem que se
registre a causa. Em três de março, foi excluído, também não há registro do
fundamento. Presumo que tenha sido o estado de saúde deste estrangeiro.
Ficha individual de Miguel Pebernardi, do Arquivo Histórico da PMAM |
Miguel Pebernardi, filho de Miguel
João Pebernardi, sem data de nascimento, nascido na Itália, de cor branca,
olhos e cabelos castanhos, de profissão marceneiro e solteiro. Reincluído no
Regimento em 8 de agosto de 1905, “por ter se apresentado voluntariamente da
deserção em que se achava”. Desertor, graças ao indulto geral concedido em
julho anterior, ficou em liberdade. Foi destinado a 3ª Companhia, onde tomou o
nº 23. Já em setembro, a 13, baixou ao hospital onde permaneceu até dia 21. Em outubro,
novamente enfermo teve dispensa médica...
Interessava a situação de desertor, atraído pelo medida do governo.
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