CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

domingo, setembro 22, 2019

PMAM E SUA LEGIÃO ESTRANGEIRA



Desde os primórdios de sua existência, a Força Estadual esteve às voltas com a carência de efetivo. 

Quartel da Praça da Polícia
As razões são múltiplas: a densidade populacional; o salário defasado; as exigências do serviço militar, em particular, os “castigos”; o nenhum interesse pelo serviço militar e outros. Desse conjunto de mazelas resultava um número extraordinário de desertores. Esses percalços atingiam sobremodo aos praças, aos soldados, posto que os oficiais eram escolhidos e nomeados pela amizade ou por outra “indicação”. 
Para amenizar esses estorvos, os governantes se valeram de vários expedientes. Para assegurar o reengajamento do praça, era-lhe concedido um lote de terras e equipamentos de cultivo; era permitido a inclusão de analfabetos, nada extraordinário, pois essa era a condição da maioria da população brasileira; também era autorizada a inclusão de estrangeiros, com óbvio algumas exigências a mais; e, para atrair os desertores, eram-lhes concedido o indulto.

No período da belle époque, no início do século passado, a corporação amazonense teve um efetivo extraordinário, em relação a sua população. Possuindo dois batalhões de infantaria e de outros serviços, corpo de bombeiros e duas bandas de música, a PM deveria ter o efetivo de cerca de oitocentos homens.
Para ilustrar esta postagem, vou expor as fichas de dois soldados estrangeiros: um francês e outro italiano, ambos incorporados em 1905, quando era comandante do Regimento Militar (designação da PM à época) o coronel Adolpho Lisboa.
 
Ficha individual de Eugene Allein, do Arquivo Histórico da PMAM
Eugene Allein, filho de Glauce Allein, nascido em 1873, portanto com 32 anos, na França. Sinais externos: branco, de cabelos e olhos castanhos, pedreiro de ofício e solteiro. Incluído em 1º de dezembro de 1905, no efetivo deste batalhão e desta companhia, como voluntário por três anos. Depois de ser aprovado em inspeção de saúde. Tomou o número 50. Em 1906, em 8 de janeiro, doente, baixou ao hospital (?) onde permaneceu até dia 27. No mês seguinte, de novo esteve baixado ao hospital, sem que se registre a causa. Em três de março, foi excluído, também não há registro do fundamento. Presumo que tenha sido o estado de saúde deste estrangeiro.

Ficha individual de Miguel Pebernardi, do Arquivo Histórico da PMAM
Miguel Pebernardi, filho de Miguel João Pebernardi, sem data de nascimento, nascido na Itália, de cor branca, olhos e cabelos castanhos, de profissão marceneiro e solteiro. Reincluído no Regimento em 8 de agosto de 1905, “por ter se apresentado voluntariamente da deserção em que se achava”. Desertor, graças ao indulto geral concedido em julho anterior, ficou em liberdade. Foi destinado a 3ª Companhia, onde tomou o nº 23. Já em setembro, a 13, baixou ao hospital onde permaneceu até dia 21. Em outubro, novamente enfermo teve dispensa médica... 
Interessava a situação de desertor, atraído pelo medida do governo.

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