O Núcleo de Preparação de Oficiais
da Reserva (NPOR), de Manaus, foi criado consoante o Aviso ministerial nº
2.342, de 11 de setembro de 1942. Com o apoio do Governo Estadual, foi instalado
no prédio que abrigava o Grupo Escolar
Marechal Hermes, situado à rua José Clemente, quase esquina da avenida
Eduardo Ribeiro. Demolido na década de 1970, o GE cedeu lugar ao edifício da Rádio
Rio Mar.
Com efetivo inicial de
100 alunos, o NPOR teve como primeiro diretor o coronel Gontran Jorge Pinheiro
Cruz e, como instrutor-chefe, o capitão Luiz de França Oliveira. A formatura da primeira turma de aspirantes a oficial de 2ª classe de Infantaria aconteceu em 25 de agosto de 1944. Nesta turma, foram diplomados apenas 45 alunos, dos quais o 1º lugar coube ao Al Roderick de Castelo Branco. O Baile de Gala, tradicional dos festejos, foi realizado na sede do Ideal Clube.
Com essa turma, porém, o Núcleo encerrou suas portas. Apenas em 1962, retomou à atividade ocupando o aquartelamento do então 27º BC, hoje 1º BIS, situado no bairro de São Jorge. Ainda assim, levou três anos para iniciar a segunda turma, que foi diplomada em março de 1966.
Para melhor explicar a fundação desse Núcleo, recorri ao Jornal do Commercio (10 outubro 1942), cuja reportagem transcrevo.
Forja
de soldados da estirpe de Caxias, escola de civismo, brio e disciplina
O
que é a obra do Núcleo de Preparação de Oficiais da
Reserva,
de Manaus
A reportagem desta folha, no objetivo de trazer ao público
informações detalhadas sobre o trabalho, de alta expressão cívica e patriótica,
que se realiza no Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva (NPOR), de Manaus, esteve, na manhã do
último sábado, em visita ao quartel da nova unidade de ensino militar, à rua
José Clemente, no prédio onde funcionou o Grupo Escolar Marechal Hermes (hoje, no local, o edifício Rádio Rio Mar),
cedido pelo governo estadual.
Havia enorme interesse geral girando em torno das
atividades do NPOR, e foi para satisfazer esse interesse, no cumprimento de
nosso dever de imprensa, que obtivemos a oportunidade de visitar o
quartel-escola onde 100 moços amazonenses, bacharéis em direito, acadêmicos e
portadores de diploma de conclusão de curso ginasial, preparam-se, por meio de
intenso e severo treinamento, para o serviço da pátria, como oficiais da
reserva do glorioso Exército.
Quando o ministro da Guerra, general Eurico Gaspar Dutra,
criou o NPOR de Manaus, anexo ao 27º Batalhão de Caçadores, veio ao encontro de
antiga aspiração da juventude do Amazonas, muitas vezes agitada e debatida nas
assembleias de seus órgãos de classe, cujo clima espiritual é – justo se faz
acentuar – de compreensão, de inteligência, de perfeito entendimento dos
deveres dos moços para com o Brasil principalmente neste momento de perigo e de
alerta, quando todos os valores morais da nação estão mobilizados para a guerra
santa em que nos empenhamos contra a barbárie e a violência totalitária.
Por isso mesmo, desde logo foi aberta a matrícula à nova
unidade imediatamente os candidatos ultrapassam o número de inscrições, que o general
Dutra estabelecera em 100 vagas, e não poderia haver melhor material humano
para forjar verdadeiros soldados brasileiros, homens úteis à pátria, à
sociedade e à família, briosos e disciplinados, do que a mocidade que acorria a
engrossar as fileiras do NPOR.
Mais do que uma caserna, o NPOR é uma escola – uma escola
de civismo, de bravura, de dedicação, de ordem, de energia, de espírito de
sacrifício, de todas as virtudes de militar e cidadão que são a constante do
soldado brasileiro, as virtudes paradignárias (sic) de Caxias.
Atenciosamente recebida pelo tenente Paulo Ramos, um dos
auxiliares do NPOR de Manaus, o redator-secretário de O Jornal e do Diário da Tarde,
quando de sua visita ao quartel-escola da rua José Clemente, teve ocasião de
percorrer todas as suas dependências, das salas de aulas à reserva de
armamento, da secretaria ao corpo da guarda, tudo viu, de tudo indagou, e não
poderia ser melhor a impressão que trouxe.
Na sede do NPOR está sendo realizada uma tarefa da mais
elevada significação patriótica, digna de ser conhecida por todos, para que
todos possam admirá-la, e é admirável, também, o entendimento, o sentido
superior de cooperação que há entre instrutores e alunos, entre comandantes e
comandados, objetivando um fim igual: preparação eficiente para o serviço do
Brasil.
É instrutor-chefe do NPOR de Manaus o capitão Luiz de
França Oliveira, oficial dos mais competentes do Exército, e são instrutores-auxiliares
os tenentes Paulo Ramos e José da Costa Cavalcante, sendo diretor da unidade o
ilustre coronel Gontran Jorge Pinheiro Cruz, que orienta o seu funcionamento.
Recebendo o jornalista no seu gabinete de trabalho, o
capitão França insistiu em afirmar que o aproveitamento dos alunos é plenamente
satisfatório, numa porcentagem que praticamente pode ser algarismada em 100%, e
frisou que o desenvolvimento e a instalação do NPOR de Manaus em bases
estáveis, definitivas, devem-se ao auxílio econômico que lhe deu o governo
estadual, abrindo, com aprovação do Departamento Administrativo, um crédito
especial para a aquisição do material indispensável, reforma imperiosa no
edifício do antigo Grupo Escolar Marechal Hermes e outras necessidades.
Esse auxílio depõe a favor da Interventoria, que assim
testemunha o seu interesse pela segurança e pela defesa do Brasil, ao mesmo
tempo, dá valioso amparo à causa da mocidade.
O jornalista, como já se disse, tudo viu, tudo examinou,
sempre acompanhando pelo tenente Ramos, que lhe fornecia todas as informações
solicitadas. Examinou os perfeitos fichários da entidade, por eles apercebendo,
de um lance, a vida em síntese da coletividade e de cada um de seus soldados.
Examinou programas quinzenais de ensino e instrução, desde as aulas de teoria às
formações de manobras militares aos treinamentos de cultura física. Examinou as
notas de aulas, documento valiosíssimo que cada aluno, quando oficial, guardará
da matéria lecionada durante o curso. Percorreu a sala de transmissões, onde
alunos operavam em aparelhos de rádio e em instruções de sinais com bandeiras.
Percorreu a reserva de armamentos, onde cada fuzil, cada peça de material
brilha de limpeza irrepreensível. Aos cuidados dos próprios alunos.
Tudo viu, tudo sentiu, e de tudo guardou a melhor das impressões,
o Núcleo de Preparação de Oficiais da Reserva de Manaus está realizando uma
obra para colaborar na acentuação do perfil moral das gerações amazonenses,
obra que faz jus ao aplauso e ao apoio do público em geral. (fim)
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