Elevatória inconclusa da Improvements, hoje Centro de Artes Chaminé |
Pedro
e Antônio congregam desditosa coincidência: o coronel Pedro de Souza foi três
vezes comandante da PM e em todas foi destituído pela força (em 1910, no Bombardeio
de Manaus; neste episódio de 1912; e na rebelião de Ribeiro Junior, em 1924). O
governador Antônio Bittencourt foi duas vezes alijado do Poder (no Bombardeio e
nessa passagem).
O
mencionado triunvirato constituía-se do coronel José Onofre Cidade e dos majores
João Fragoso Monteiro e Amâncio Clementino Fernandes. E a insurreição perdurou 48
horas, encerrada quando o ardiloso vice-governador Sá Peixoto tomou
providências militares e recebeu um “certificado de coragem” para assumir o
cargo. Devidamente inerente à legalidade, oportunizou o regresso do governador,
que se homiziara no interior do Estado. No entanto, na Praça da Policia, a corporação
seguia sob o comando do rebelado coronel Onofre Cidade.
Quartel da praça da Polícia Militar, 1935
Empossado,
o novo governador do Estado obviamente deparou com a Força Policial desestabilizada,
fracionada e debaixo de enormes suspeitas. Pedrosa, ainda em 23 de janeiro,
promove uma reorganização desta corporação, expurgando os elementos sediciosos
e nomeando um chefe interino. Tem mais. Incentivou novo atentado à disciplina
ao nomear comandante ao tenente intendente do Exército, Flaviano Gastão, que se
encontrava fora de Manaus. Gastão, somente desembarcou aqui após esta rebelião,
que arrastou à destruição da Improvements e à brutal repressão consumada pelo
general Belo Brandão, comandante das forças federais, em Manaus.
Comentam
as calçadas do quartel e as da avenida 13 de maio, hoje Getúlio Vargas, que grande
parte dos amotinados foram fuzilados no interior do aquartelamento. Coronel Alcides
Costa, estudioso deste conflito, mantém a convicção de que foram, sim, mortos
os policiais que não se renderam. Outra fonte, a do “boletim de soldado”, insinua
que os rebelados presos foram deportados para o Nordeste. Em ambas as ventilações,
nem há números, nem nomes para se consultar ou reverenciar.
Espero
em breve ter respostas para essas divergências. Penso encontrá-las nos registros
constantes dos “livros de assentamentos” da corporação, hoje mantidos no CCPA. Confio
de que vou manter neste arquivo meu sucesso de catador de papeis. Outra fonte
que não pode ser desprezada: o arquivo do Cartório do 1º Ofício, o único existente
naquela oportunidade. Se ainda assim, não obtiver êxito, volto ao cemitério São
João Batista, onde devem ter sido enterrados os corpos.
Descrevo
sucintamente a sedição do dia 15 porque, no próximo post, vou reproduzir o
texto do Jornal do Commercio presente
ao atentado à Manáos Improvements. No início dessa tarde, dentro do quartel da
Praça da Polícia a peleja teve início quando uma fração armada, devidamente incentivada
por oficiais afastados em janeiro, investiu contra outra que, desarmada, se conservava
acorde com o comando da Força e do chefe do Poder Executivo. Isso basta para demonstrar
a separação existente, o fracionamento do corpo policial e da ausência do
comandante, tanto o titular quanto o interino.
Há
um ponto pacífico: a refrega seria integralmente dirigida por sargentos, não
havendo oficiais. Até então nada indicava que se pelejavam exclusivamente contra
os desmandos da concessionaria de águas e esgotos. No entanto, quando os
primeiros soldados feridos ou não alcançaram a praça, o movimento tomou outra extensão.
A informação que circulou pela cidade indicava que a policia avançava contra aquele
administrador inglês. Com o estopim curto e aceso, não houve quem controlasse a
população, que avançou sobre a administração da Manáos Improvements.
Os
oficiais presentes no quartel e, portanto, os primeiros a intervir foram
atingidos por tiros. O oficial de dia, tenente Eduardo Rocha, foi morto e
outros dois oficiais alvejados gravemente. O comandante interino, tenente-coronel
Adolfo Cavalcante, foi posto fora de combate com ferimentos graves.
Acionado
pelo governador do Estado, o general Belo Brandão intimou os sublevados, que retrucaram
negativamente. A tropa de artilharia e de infantaria do Exército partiu do 27º
BC, hoje Colégio Militar de Manaus, desceu pela avenida Getúlio Vargas, antes
13 de Maio, onde se posicionou. Nova intimação aos rebeldes, e nenhum
resultado. Diante disso, ocorreu a primeira ofensiva: o canhoneio do quartel da
Polícia Militar. Ainda assim, houve resistência, afinal esta corporação possuía
canhões e outras armas pesadas, mas, finalmente na madrugada os subordinados do
general Belo sobrepujaram os rebelados.
No
dia seguinte, a cidade amanheceu assustada. Estacada. A imprensa idem. Somente no
dia 17, Manaus começou a voltar à atividade, tanto que é desse dia o relato jornalístico.
Na Força Policial, assumira outro oficial interino, pois o comandante titular somente
desembarcou no final de julho. (segue)
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