Banda de Música da PMAM, em 1940 |
A Banda é a da Policia Militar do Amazonas,
que amanhã completa 120 anos ecoando harmonia e ritmos nos coretos e nos
desfiles pela cidade. E tudo quanto foi produzido, empreitada que a corporação
espera publicar em breve.
O bizarro maestro foi o Bombala ou Bumbala.
E, antes de recorrer ao arquiduque dos revisores, Benayas Pereira, para definir
se deve ser escrito com “o” ou “u”, esclareço que se trata da alcunha de um finado
jovem-homem excepcional.
Vou tomar dois depoimentos para explicar
melhor este personagem, que segue lembrado com pouca intensidade, porém sempre
pela alcunha. Nunca soube seu nome. Conheci-o, quando ingressei na Polícia
Militar em 1966. (Aliás, hoje exatamente, completo com minha turma 47 anos de permanência
nesta corporação.)
Mas, seguindo. Conheci o Bombala (prefiro
com o “o”) desfilando à frente da Banda, portanto, da força policial, que nessa
época realizava um desfile matinal pelo entorno da praça da Polícia, passando por
frente do Colégio Estadual do Amazonas. Também relembro a este “maestro”, à
janela de sua casa, na avenida Joaquim Nabuco, ao lado da Padaria Modelo, onde
hoje existe a Casa Formosa. Outra indefinição é quanto a data de sua morte.
Ninguém sabe, acredito que no final dos 1960.
O
primeiro depoimento é do saudoso poeta Artur Engrácio (1927-97), que rememorou
em artigo jornalístico ao caricato regente - Bombala, popularíssimo, protagonista
de desfiles memoráveis. "Como disse, ele não perdia um desfile de tropas
da Polícia Militar. Nas datas das comemorações cívicas daquela corporação, era
o primeiro a chegar ao quartel. De um pedaço de vara fazia a sua batuta e,
iniciada a marcha, punha-se à frente da banda de música manejando imponente o
seu instrumento de maestro improvisado”.
* * *
Tomo do finado
mestre Mário Ypiranga Monteiro o segundo depoimento. Do seu livro Histórias facetas de Manaus, reproduzo o
texto abaixo, intitulado – Bumbalá e seu "Casamento" . Para este memorialista, o nome do
personagem deve ser escrito com “u”.
Todo
mundo em Manaus conheceu a figura popular do Bumbalá, pela sua constante
presença na bilheteria do cine Guarany, mancuricando o troquinho dos frequentadores.
Também o viram desfilando garbosamente na frente da banda de música da
"briosa" regendo-a a seu modo. O que, porém, muita gente ignora é que
a família, aconselhada por médicos, deu-lhe uma mulher para seu serviço de
cama. Com essa medida salutar, a doença se atenuava.
Bumbalá
gostava de uns longos passeios de bonde e os apanhava mesmo em frente a sua
casa, na avenida Joaquim Nabuco, próxima à rua de José Paranaguá.
Às vezes, quem passava por lá o via à janela a mulher, uma sirigaita, apanhada
ao ata (sic).
Um
dia em que ele já vinha no bonde placa "Joaquim Nabuco" (ocupava de
preferência o banco da plataforma, junto ao motorista), ao chegar ao sinal
(faixa banca no poste) quase em frente da sua casa, o bonde parou a fim de
receber passageiro. A "esposa" do Bumbalá estava debruada à janela e
ele não teve dúvida em avisá-Ia:
--
Maria, me espera que a gente vai dar uma pimbada...
E exibiu aquele gesto de dedos simulando cavar.
E exibiu aquele gesto de dedos simulando cavar.
E
lá se foi ele pelo seu passeio de bonde. Não houve quem não contivesse o riso.
Bumbalá
faleceu depois da Segunda Guerra Mundial. A cidade sentiu a sua falta, porém
quem mais sentiu foi a garotada da porta do cine Guarany, a quem ele favorecia
com entradas pagas com os trocados que pedia aos frequentadores, na bilheteria.
Nota:
O Bombala que conheci desapareceu no final dos 1960. Não deixa de ser após a
Segunda Guerra, somente que bem mais distante.
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