Detalhe dos assentamentos do tenente Albino Dantas |
Não há, todavia, menção acerca das
instalações da Banda, que estava sob a direção do mestre-ensaiador Benedito
Tavares de Azevedo.[1] Acredito que, como esse
serviço estava incorporado ao Pelotão Extranumerário, também se alojou na
avenida Sete de Setembro. Certamente composta de não menos de duas dezenas de artistas,
portanto compreensível tal arrumação.
No mesmo mote, um questionamento
perturbador: quê teria sucedido ao material (instrumental e partituras) da
Banda da Polícia Militar, enquanto esteve
desativada, abandonada? Houve uma desarticulação completa. Parte do
instrumental foi entregue a um clube milionário, da elite, portanto, capaz de
prover-se facilmente. Abaixo três retratos do que se encontra registrado em
documentação interna produzida em 1932.
Boletim,
6 de fevereiro
Nesta
data, o tenente tesoureiro comunicou haver(sic) entregue
à diretoria do Ideal Clube, mediante cautela, os seguintes instrumentos da
extinta Banda de Música desta Companhia: um requinte em mi ♭; um clarinete em si ♭; um saxofone alto em mi ♭; duas trompas em mi ♭; um bombardino em do; um baixo em mi ♭; um bombo; uma maçaneta; um talabarte;
um par de pratos; um tarol; um tripé; um par de baquetas e um talabarte.
Boletim,
9 de março
O
comandante, cumprindo ordem do prefeito municipal, recebida por ofício,
determina que “seja entregue por empréstimo e mediante cautela à Fontenelle
& Cia., a partitura da opereta SONHO DE VALSA, pertencente ao arquivo da
extinta Banda de Música da corporação”. O acervo da extinta Polícia Militar do
Amazonas foi assim desaparecendo.
Boletim,
26 de abril
O
comando determina “ao tesoureiro que entregasse ao Dr. Vivaldo Palma Lima, por
empréstimo mediante cautela, o original da partitura do Hino
da Amazônia,
pertencente ao arquivo da extinta Banda de Música desta companhia“. Nunca mais
se ouviu o hino.
A
Polícia Militar foi, todavia, se adequando à esdruxula situação. Primeiro,
conquistou parte do quartel primitivo, quando então os policiais dividiram o
prédio com as normalistas. É de supor a complicação: no térreo, os marmanjos, e,
no andar superior, as moças. De certo, a madre superiora sofreria para contornar
tantas encrencas. É nessa conjuntura que em 1941 assume o comando Gentil João
Barbato, major do Exército, que servia na guarnição de Manaus.
Em
plena II Guerra, o Estado voltou a sofrer novos entraves, o mais afanoso deles foi
o desabastecimento causado pelo bloqueio enfrentado pelos navios mercantes. Os
gêneros alimentícios desembarcados no roadway
da capital eram vendidos sob controle policial, à frente este comandante.
Este comandante promoveu um concurso para
regente da Banda de
Música da Força Policial. Albino Ferreira Dantas, que servia ao Exército,
possivelmente no 27º BC, foi o único candidato. Conquistou assim a vaga e foi incluído
na corporação, em 3 de fevereiro de
1942, no posto de 2º tenente. Todavia, apresentou-se a 10 de março, em
razão do saída do Exército. Nascido em 3 abril 1903, em Quipapa (PE), Dantas era
casado, 1m67, de cor branca.
Em janeiro 1944,
a serviço do governo, seguiu para São Paulo, ali permanecendo até março, sem
que haja indicação do serviço que foi cumprir. Em 9 abril 1945 obteve demissão do serviço,
deixando a Banda. Deixou a marca de sua competência no hino do Atlético Rio Negro Clube, letra e
música, “na época que ele compôs era tenente e maestro da Banda da Policia
Militar do Amazonas”, registro constante do livro 7 décadas do barriga-preta, de Manuel Bastos Lyra.
O sucessor de Dantas na Banda da PMAM foi
o 2º tenente músico José Arnaud.
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