Em agosto ano passado, a Fazenda da Esperança comemorou seu
primeiro decênio. A
festiva comemoração ensejou a publicação de uma Revista
Especial, editada pela Assessoria
de Comunicação da Uninorte.
Nesta, encontram-se depoimentos de vários participantes,
dos dirigentes e de interno, de funcionários e de voluntários, e de autoridades
que contribuíram de alguma maneira com o
êxito deste empreendimento da Igreja
de Manaus. Vou recolher alguns depoimentos, para a melhor compreensão dessa
atividade em prol dos dependentes.
Transcrevo a palavra de Dom Mario Pasqualotto, bispo
auxiliar da arquidicocese de Manaus e presidente da Fazenda.
"Coisas de Deus ...
" é o canto que poderíamos definir como
o "hino nacional" da Fazenda
da Esperança. Vivi estes primeiros dez anos da história da Fazenda da Esperança
em Manaus, uma história maravilhosa que salvou muitas vidas
e
ressuscitou muita admiração na sociedade manauara e devo declarar
em alta voz,
por honestidade
e por gratidão a Deus: Tudo que aconteceu não é nosso mérito.
São
as "coisas
de Deus...".
Desde o começo foi assim. Era o final de 2000, há poucos meses para começar a Campanha
da Fraternidade de 2001, que teria como lema: "Vida
sim, drogas, não!". Conversando com Dom Luiz Soares
Vieira, arcebispo da Arquidiocese de Manaus, perguntávamos o que poderíamos encaminhar na nova
Campanha, qual poderia ser o gesto concreto para que a campanha deixasse a
marca na nossa Igreja e na nossa sociedade.
Foi naquele momento que me lembrei de frei
Hans Stapel, fundador, junto com o jovem Nelson Giovanelli Rosendo, da Fazenda
da Esperança, que em 1997 tinha vindo em Parintins onde era bispo Dom Gino
Malvestio. (...) Dom Gino tinha convidado frei Hans para abrir
uma Fazenda da Esperança
masculina em Parintins e uma feminina em Maués.
Deus,
porém, chamou para si Dom Gino no dia 7 de setembro do mesmo ano, e ninguém
mais falou da Fazenda. Por isso, eu disse a Dom Luiz: "O
frei Hans queria abrir uma Fazenda, em Parintins, mas creio que será muito
mais útil abri-la aqui em Manaus, onde há mais população e
mais dependentes de substâncias psicoativas. Se o senhor quiser,
eu vou falar com o Frei". Dom Luis ficou
feliz com a idéia.
Quando telefonei ao frei ele me respondeu naquele
característico sotaque alemão: "Eu tenho uma dívida
com o Amazonas desde os tempos de Dom Gino. Podemos
abrir, mas eu quero ver os sinais de Deus". Repliquei:
"Quais são estes sinais?"
E o frei: "Nós não temos nada. Precisamos
de um terreno, de uma casa, de recursos financeiros... Veja com a comunidade local,
até com as autoridades e depois me avise."
Decidido
a superar qualquer dificuldade para ajudar os
tóxicos-dependentes e suas famílias, procurei o governador
Amazonino Mendes. Aqui também
Deus abriu o caminho: o governador entendeu logo e com muita
clareza que esta era uma obra muito importante para o estado do Amazonas. Ele
me disse "Peça tudo o que for necessário que eu darei".
Feliz pela resposta, telefonei ao frei Hans, mas este manifestou certa frieza. No domingo seguinte fui celebrar o sacramento da crisma na paróquia de S. José do Aleixo, e depois jantei com o Inspetor dos Salesianos, o Pe. João Sucarat, que antes tinha contatado a respeito da Fazenda.
Feliz pela resposta, telefonei ao frei Hans, mas este manifestou certa frieza. No domingo seguinte fui celebrar o sacramento da crisma na paróquia de S. José do Aleixo, e depois jantei com o Inspetor dos Salesianos, o Pe. João Sucarat, que antes tinha contatado a respeito da Fazenda.
Naquele dia ele tinha reunido o Conselho onde foi decidido que poderia o doar para a Fazenda parte do terreno do "Pro Menor", na avenida Tapajós. Pensei logo comigo "mais um sinal de Deus. Será que este vai
levar o Frei a decidir para a abertura de
uma comunidade aqui em
Manaus?".
Não demorei: chegando a casa, na
mesma noite, telefonei ao frei Hans: "Frei, um novo sinal de Deus...” e contei da decisão dos Salesianos. A resposta me fez muito feliz: "Agora sim! Agora sei que é vontade de Deus. Terça feira estarei em Manaus junto com o Nelson". l
Vieram. Fomos falar com o governador,
que, quando soube que 30 jovens brasileiros, recuperados na Fazenda da Esperança, em 98, tinham fundado na Alemanha, país do Primeiro Mundo, duas
"Fazendas", se arrepiou e pediu que, no helicóptero do governo procurássemos
um terreno na periferia de Manaus onde
pudesse surgir a comunidade.
Voamos em cima da periferia de Manaus, mas fomos
também por terra, visitar outros lugares e escolhemos a
"Escola Esperança" (outro sinal de Deus?) que Gilberto Mestrinho tinha edificado no ramal da BR 174, ramal Claudio Mesquita, por ser uma obra que custou dinheiro da sociedade e estava abandonada depois de ter servido para tratar de menores infratores.
Revista 10 anos |
Em poucos meses
recebemos toda a documentação do Governo e, no dia 29 de julho de 2011, houve a inauguração com a presença de Dom Luiz Soares Vieira e do próprio Governador. O Frei afirmava: "é a Fazenda que mais rapidamente conseguiu sua documentação". E eu, no meu coração: "mas ele
não sabe que contratei com Dom Gino para que, do
céu, desse o seu jeito". Coisas de Deus...
Dia 4 de agosto de 2001, começa
nossa aventura: entra na Fazenda a primeira turma de doze
rapazes e adultos. Confesso que tinha medo. Nunca tinha tratado com toxico-dependentes
na minha
vida. Me perguntava; ou que vou dizer? Qual será a reação dos jovens e das famílias?".
Com
a ajuda de Ir. Nilde,
salesiana, que logo se apaixonou pela causa, ao ponto de me dizer, hoje: "sem
a Fazenda eu morro" e a ajuda de Fátima,
Francy,... funcionárias da arquidiocese e com 4
voluntários vindos de toda parte do Brasil, coordenados pelo seminarista Alailson,
recebemos, no Centro
de Formação da Arquidiocese de Manaus
(Cefam), com muito amor e carinho os doze jovens. (...)
Sabe
lá se, depois de me aposentar,
em 2013, do trabalho da arquidiocese, Deus vai me dar o tempo
para escrever as maravilhas que Ele operou na Fazenda
da Esperança, para demonstrar a todos que na Fazenda da Esperança acontecem
continuamente “coisas de Deus...”
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