Dois anos depois, em 1969, a TV surge
na Cidade, causando o afastamento de grande parte dos frequentadores de casas
de espetáculos. Houve sessão do Palace,
para exemplificar, que ocorria para cerca de doze espectadores; cuja bilheteria
não pagava os custos de locação do filme, especialmente de produções nacionais.
Dos seis cinemas desta companhia, o Palace
e o Ideal eram os que apresentavam
menor renda, além de não possuírem bastante popularidade.
Cinema em São Jorge |
A matéria assinada por
William Mattos para o matutino de Umberto Calderaro (A Crítica, 21 maio 1971), confirma isso. A cidade pergunta: cinema ainda é a melhor diversão? (...) Fase crítica também atravessa os cinemas da
Empresa Bernardino. Algumas de suas casas exibidoras (Palace e Ideal) não
arrecadam nem o suficiente para custear as despesas de uma sessão. Se até o fim
do ano a situação não melhorar, declarou o gerente Adriano, “nós seremos
forçados a fechar aqueles dois cinemas”.
Para sobreviver, a
empresa Bernardino busca em películas de cantores da juventude, como: Roberto
Carlos em ritmo de aventura; O Seresteiro
de Acapulco, com Elvis Presley;
Voltarei a seus braços, com Gianni Morandi, e Dio Come Ti
Amo, com Gigliola Cinquetti, recuperar os prejuízos. Aos domingos, as fitas
de bangue-bangue italiano também garantiam lucro certo e casa cheia.
São mostras deste
período: 10.000 dólares para Django; Por um punhado de dólares; Trinity ainda é o meu nome;
7 dólares ensanguentados etc. Outro motivo para a queda de frequência
é causado pelo INC, que controlava com mão
de ferro a venda de ingressos, agora padronizados. Além de obrigar aos dirigentes
locais a exibir produções nacionais, algumas mutiladas pela Censura Federal.
Ainda em 1971, em outubro,
a arriscada situação dos cinemas de Manaus foi analisada pela Câmara Municipal
e pela Assembléia Legislativa. Ambas, pediam o fechamento dos cinemas da cidade,
devido às péssimas condições de funcionamento. A Prefeitura instituiu uma
comissão fiscalizadora, destinada a vistoriar os cinemas e, de todos eles, o Palace e o Ipiranga foram considerados os melhores. Possuíam ótimos projetores,
boa ventilação, salões amplos e, apesar de não disporem de cadeiras estofadas, ao
menos eram mantidas asseadas, diverso do que ocorria em outros cinemas.
Jornal do Commercio. 17 dez 1965 |
Adriano Bernardino
Filho, em depoimento ao Jornal do Comércio (18 dez. 1971), confessa vir cogitando
do fechamento dos cines Palace e Ideal em janeiro seguinte. Em razão da limitada frequência e, além disso,
da empresa não mais suportar o funcionamento. As despesas que acarretavam,
sufocavam a empresa. Informava também, que estava em negociação com uma firma paulista
para a venda dos imóveis. Das duas salas citadas, apenas o cinema Ideal, de São Raimundo, foi fechado e
vendido no final de janeiro.
O Palace sobreviveu por mais um ano, apesar dos prejuízos enfrentados.
Em mais uma tentativa de melhorar a imagem deste cinema, Bernardino patrocinou
a vinda a Manaus de Regina Duarte. À época, a atriz estrelava a novela Minha
doce namorada (TV Globo). Regina fez uma apresentação no palco deste cinema
na noite de 24 de março de 1972.
Mesmo com tanto
material, a frequência não foi respeitável. No dia seguinte, a atriz
apresentou-se no extinto Acácia Clube, situado na Av. Joaquim Nabuco, no centro
da cidade.
Em 29 de junho do mesmo ano, novo relatório
da comissão fiscalizadora chega às mãos do prefeito Paulo Nery, já em final de
mandato. Sobre o cine Palace, esse relatório
expunha que, na fenda existente no teto, produto do desabamento de 1966, foi consertada
apenas com uma grossa camada de cimento. E, consequentemente, o mesmo não
oferecia segurança aos frequentadores.
Em fevereiro de 1973, já na gestão
do prefeito Frank Lima (1972-1975), a equipe fiscalizadora da Sedeco, chefiada
pelo médico veterinário Carlos Durand, vistoriou cinco cinemas em Manaus e
concluiu que, de todas as salas, a que apresentava melhores condições de higiene
e conforto ao público era o Palace.
Lamentavelmente, a carreira do
cinema do boulevard Álvaro Maia estava chegando ao fim. Em virtude da frequência
em declínio e dos graves prejuízos, o prédio foi vendido em 7 de maio do mesmo
ano. Nessa ocasião, exibiu seu derradeiro filme – O grande xerife, estrelado
por Mazzaropi; como já era de praxe, contadas as pessoas que ocuparam a
platéia.
O edifício onde funcionou o Cine Palace foi modificado para servir de
supermercado, pertencente às Casas do Óleo ou, simplesmente, C.O. Também não
prosperou, pois deixou de funcionar em dezembro de 2001. Atualmente o edifício acha-se
fechado e em completo abandono.
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