CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

terça-feira, dezembro 03, 2024

ANTOINE SAINT-EXUPÉRY (1900-44)

 

Uma lição de vida ensinada por Saint-Exupéry (autor de O Pequeno Príncipe) compartilhada de Terra dos Homens (25ª edição, tradução de Rubem Braga, Rio: José Olympio, 1983):

“E a morte é tão doce quando está na ordem das coisas, quando o velho camponês da Provença, ao termo de seu reinado, passa aos filhos seu lote de cabras e de oliveiras para que o transmitam, por sua vez, aos filhos de seus filhos. (...)

Vi uma vez, três camponeses junto ao leito de morte de sua mãe. Sem dúvida era doloroso. Pela segunda vez era cortado o cordão umbilical. Pela segunda vez o nó se desfazia: o nó que une uma geração à outra. Aqueles três filhos ficavam sozinhos, sem a mesa comum onde se reuniam em dia de festa, sem o polo em que todos se encontravam. Mas eu descobria também, naquela ruptura, que a vida pode ser dada pela segunda vez. Aqueles filhos, eles também, por sua vez, se fariam cabeça de fila, pontos de união, patriarcas, até a hora em que por sua vez passariam o comando à garotada que brincava lá fora.”  

domingo, dezembro 01, 2024

POESIA DOMINICAL (4)

  O poema deste domingo foi compartilhado do Jornal do Commércio (ed. 16 janeiro 1955), em sua coluna “Social”, destinada a divulgar esta arte produzida pelos leitores manauaras. Desconheço qualquer referência sobre o autor citado, lembro apenas que na Polícia Militar estadual serviu o tenente Olympio da Rocha Catingueira, quiçá um seu descendente. 


 INCOMPREENDIDO

Escreveu Olympio da Rocha

 

Eu sou a vida, e sou a morte, a desventura


Cresce em mim como espinhos crescem nas roseiras,


Sinto a dor a sorrir, disfarço essa amargura,


Num sonho de alcançar as ilusões primeiras...

       Lembro e julgo esquecer a trágica tortura

        Procuro em vão a luz, nas ânsias derradeiras,

        Perscrutando onde irá o mal que transfigura

        E traz o bem estar das crenças verdadeiras...

         Tenho fé e descreio, e sigo, e retrocedo,

Penso que estou exausto e vejo-me tão forte

Mostro coragem e, contudo, sinto medo!...

                Retardo a vida, e mais se me encaminha a morte

                Sepultei o meu sonho, exumando um segredo,

        Prevejo agora o fim de minha estranha sorte!...