CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS
terça-feira, dezembro 31, 2024
2024 - FELIZ FESTAS - 2025
sexta-feira, dezembro 27, 2024
MANAUS: OS BONDES ELÉTRICOS
No momento em que a autoridade municipal expressou o anseio de implantar uma linha de trólebus no centro, para turismo, vou relembrar um pouco da longa história dos desaparecidos Bondes. O texto foi escrito em A Crítica (ed. 19 ago. 1952) por Carlos Alberto de Almeida Barroso (integrante da Academia Amazonense de Letras), que desfrutou dos últimos tempos deste meio de transporte, pois, criado no final do século 19, foi extinto em 1957, pelo governador Plínio Coelho que ainda intentou recondicionar a frota sucateada.
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Bonde em Manaus |
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Cabeçalho do artigo |
Até onde posso recuar no tempo com o auxílio da memória, distingo em Manaus uma série de linhas de bondes, com diversos nomes: “Cachoeirinha”, “Circular Sete de Setembro”, “Flores”, “Bilhares”, “Vila Municipal”, depois “Adrianópolis”, “Fábrica de Cerveja”, “Remédios”, “Saudade Avenida”, “Saudade Instalação”. Em dias de festa ou nos domingos, havia bondes com outros nomes. Era então o bonde o veículo por excelência da cidade, a condução que todos preferiam, não só por ser mais barata, como por oferecer as melhores condições de segurança e mesmo de conforto para o nosso clima.
Lembro-me
que o primeiro bonde que me impressionou na meninice, foi o “Fábrica de Cerveja”.
E por que? Simplesmente porque foi nele que fiz a minha estreia, “morcegando”,
como se dizia. Foi no Plano Inclinado, hoje rua Comendador Alexandre Amorim,
próximo à Vila Rezende. Tinha chegado de Manacapuru e aqui me encontrava a
menos de uma semana com cara e jeito de bisonho habitante dos barrancos
ribeirinhos do Solimões, meio estonteado com o movimento da cidade. Fora à
taberna do canto [esquina] fazer compras e, de volta, um companheiro da minha
idade, mas muito mais experiente, convidou-me a pegar o bonde que se encontrava
parado, enquanto tomava passageiros.
-- É só pegar e saltar, parado mesmo, -- disse-me ele num convite incisivo. Mal, porém, eu me ajeitara à plataforma do veículo, ele dera de marcha. Enquanto o bonde tomava velocidade, o meu companheiro, junto a mim advertia-me: -- Vamos logo saltar, que não há outro jeito!
E depois
de falar, de fato, saltou, com perfeito controle do choque recebido ao pisar no
chão. Comigo, porém, a coisa foi muito diferente, pois que, neófito ainda nesse
negócio de pegar bonde e saltar dele em movimento, ao descer sofri várias
escoriações pelo corpo, culminando a brincadeira, depois que em casa ao tomarem
conhecimento do ocorrido, com uma surra em condições. (...)
Um outro
fato que ainda me está vivo na lembrança, dessa época pitoresca de “morcegação”
de bondes, foi a voz de prisão que recebi de um guarda civil, o qual me
surpreendera naquele ameno passatempo e, sem me dar oportunidade para a fuga,
pegara-me pelo braço e conduzira-me, não obstante a minha choradeira, por mais
de um quarteirão; só me soltando para atender ao pedido do um desses protetores
dos moleques injustiçados que sempre surgem em tais ocasiões. E tudo isso
somente por causa dos bondes, tão irresistivelmente sedutores, tão gostosos,
para se dar uma “pegada”! (...)
O bonde retratava bem a alma de cidade, na sua fisionomia serena ou despreocupada, e nas suas alegrias ou angustias. Quando a cidade estava triste, os bondes apareciam vazios, quase sem passageiros. Bondes cheios, entretanto, era sinal de alegria, de satisfação. Todos se afeiçoavam a um ou dois bondes, que eram os seus prediletos. Encontravam-se neles até certos atributos comuns às pessoas.
Havia os
bondes sérios, que se impunham aos passageiros pelo seu porte, pelo seu aprumo
e que inspiravam mais segurança que os outros. Os da linha do Circular estavam
neste caso. “Fábrica”, “Vila Municipal” e “Cachoeirinha”, foram sempre bondes
pouco simpáticos. Nos bons tempos, quando se falava no “Flores” provocava-se um
calafrio nas senhoras pudicas e nas virgens românticas. Era o bonde proibido,
interditado às pessoas decentes. Sim, “Flores” era um bonde suspeito e por isso
evitado. “Nazaré” foi sempre a linha simpática, cujo percurso dava uma agradável
sensação de volta bem aproveitada. As famílias gostavam de passear nessa linha,
cujo bonde inspirava ao mesmo tempo simpatia e respeito.
Os mais pitorescos eram, no entanto, o “Remédios”, e os dois “Saudade”. Eram os bondes dos namorados. Neles sempre tinham início os “flirts” [flertes], as inofensivas conquistas amorosas. Nas tardes de domingos e feriados disputavam-se essas conduções com muito interesse e entusiasmo. Mesmo nos dias comuns esses bondes sugeriam sempre uma nota risonha da cidade. Pareciam os bondes adolescentes, e assim recordavam sempre a mocidade, a alegria, a vida. Quantos amores não tiveram o seu início nesses bondes ou deles se serviram para alimento da sua chama!
Houve uma
época em que apareceu um “Remédios” por baixo. A verve da cidade encontrou-lhe logo
um designativo: “chá de bico”. Mas o “chá de bico” surgiu já numa fase em que o
bonde começava a sentir a ameaça que transformaria o seu destino. A ameaça das
dificuldades que mais tarde chegariam ao ponto de justificar o crime inominável
de se pensar em extingui-los. Mesmo assim, “chá de bico” viveu ainda bons
momentos e embalou muitas ilusões...
Quando vinha a noite e o fim do dia se aproximava, ainda encontrávamos o bonde em plena forma, movimentando a vida noturna da cidade. A partir das sete, rara era a casa em cuja janela ou porta não palpitava um coração a espera de um bonde. Quando se transformava num mensageiro de paz e de esperança. De fato, quando o bonde se aproximava, o vibrar da campainha e após o aparecimento da querida e desejada presença justificavam bem as palpitações daquele coração. (...)
Hoje,
desapareceu o bonde para a cidade noturna. Em compensação e talvez como
vingança, foi-se a vida noturna da cidade. Mas a fúria homicida -- diria bondicida
-- é irrefreável. Daí a intenção de alguns homens públicos, talvez insensatos,
de acabar de uma vez por todas com os bondes. Não temem esses insensatos, que
se isso acontecer os bondes se vinguem mais uma vez contra Manaus, que sempre
foi tão deles quanto nossa? Seria bom pensarem nisso.
quinta-feira, dezembro 26, 2024
MANAUS: IGREJA DE EDUCANDOS

Pe. Antonio na Igreja, 1949
A
padroeira desta igreja é Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, cuja primitiva
capela ainda de madeira foi erguida pelo saudoso padre Antonio Plácido de Souza
nos idos de 1940, na instalação daquela paróquia. Trata-se do primeiro vigário,
tendo se mantido naquela igreja até sua morte em 1966. A ele são atribuídos a
construção da Matriz; ao lado da ermida fez construir uma sede de assistência
social; e, entre outros benefícios para o bairro, fez circular o semanário – O Maná
– a divulgar ensinamentos religiosos; e, para manter a circulação eram inseridos
anúncios e informações dos óbolos recebidos. E, ainda, distribuía informes
sobre aniversariantes e até um espaço cultural.

O exemplar
aqui postado se deve ao zelo do meu genitor – Manuel Mendonça –, em razão do
registro do aniversário de seu primogênito – Roberto Mendonça, o responsável
pela postagem.
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No Maná, o aniversariante (acima) e o poema da edição |
terça-feira, dezembro 24, 2024
NATAL 2024
É NATAL!!!
24.12.2024
Renato Mendonça
É Natal — de Maria e de todas as mães, sublimes, eternas, presentes em nosso Plano terrestre ou não, que conceberam e doaram sua luz para uma nova vida;
É Natal — de todas as crianças, amparadas no seio da família ou mesmo as que não tiveram essa sorte; daquelas carentes que vendem balas nos sinais de trânsito para prover o “pão nosso”;
É Natal — dos
operários, dos trabalhadores informais, que fazem mágica durante o ano com o
salário minguado para levar alegria ao lar;
É Natal — de
todas as mulheres, abnegadas e altivas, que se empenham nas tarefas domésticas,
ou daquelas que ainda precisam se lançar em jornada dupla;
É Natal — de
todos os doentes que, com um olhar penitente ou um sorriso suplicante almejam
que o médico Jesus possa lhes oferecer saúde e energia;
É Natal — dos
idosos, sempre esperançosos de uma simples companhia, ou de alguém que lhes dê
atenção e seja capaz de ouvir suas histórias de vida;
É Natal — dos
povos em guerras absurdas e desumanas, que vivenciam um presépio de dor, na
expectativa de um sinal de paz;
É Natal — das
comunidades pobres, que apesar de todas as dificuldades, recebem de coração
aberto o Deus menino;
É Natal — dos
dedicados missionários da fé e do amor, que fazem apologia da caridade, fomentam
a paz e a semeia entre os seus semelhantes necessitados;
É Natal — do Jesus
menino, catalizador das mais diversas emoções, que simboliza as criaturas
que se propõe a compreender as dificuldades da relação humana, oferecem o
perdão e entoam com a voz do Senhor: “Glória a Deus na Alturas e Paz na Terra!”
É Natal!
É Natal!!!
segunda-feira, dezembro 23, 2024
NATAL DE ONTEM... E DE HOJE
Os Correios editaram por anos o Aerograma de festas, tanto para o Natal quanto para o Ano Novo. Era uma fórmula singela que permitia às pessoas enviar os votos natalinos e os venturosos de ano. Isso acontecia ontem... hoje os múltiplos aplicativos tornam mais rápido a remessa desses votos. Em tempo real, resultando a suspensão dos aerogramas.
Filatelista por algum tempo, colecionei estes impressos, e vou publicar nesta época para colorir o Natal 2024, que torço seja de harmonia e do melhor congraçamento.
domingo, dezembro 22, 2024
POESIA DOMINICAL (6)
A postagem foi compartilhada do livro de Assis Brasil - A Poesia Amazonense no Século XX. Apenas acrescentei o ano de falecimento do padre-poeta L. Ruas, como se identificava literariamente. Esta preocupação foi necessária diante do trabalho que venho desenvolvendo na divulgação da obra deste mestre. Além de pequena biografia, dele organizei Cinema e Crítica Literária (2010) e Poesia Reunida (2013), e ainda há trabalhos no prelo, aguardando bons tempos.

L. Ruas
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L. Ruas |
L. Ruas (1931-2000)
Como poeta é dono de uma sensibilidade
artística e um domínio da palavra que nos lembram Jorge de Lima e Carlos
Drummond de Andrade.
Carlos Eduardo Gonçalves
Transferindo-se para Fortaleza, faz o Curso de Filosofia no Seminário Metropolitano, iniciando ainda o Curso de Teologia, que vai concluir no Seminário São José do Rio Comprido, no Rio de Janeiro. Volta à terra natal para se ordenar sacerdote na Catedral Metropolitana de Manaus, no dia 31 de outubro de 1954.
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Capa do livro |
L. Ruas,
como passou a assinar suas crônicas e poemas, em colaboração permanente em vários
jornais de Manaus, desenvolve então intensa atividade como professor de várias
disciplinas, em destaque Psicologia na Faculdade de Filosofia do Amazonas, onde
chegou a ser diretor da entidade. Foi assessor ainda da Fundação Cultural do
Amazonas e membro do Conselho Estadual de Cultura, caracterizando-se seu
ministério pastoral em ação nas comunidades carentes onde foi vigário.
O primeiro
livro de poesias de L. Ruas sai em 1958, Aparição do Clown, prefaciado por
André Araújo. Um livro emblemático, na paráfrase do homem e do palhaço: “O que
o Padre Luiz Ruas procura é a face verdadeira, a que se parte, desse palhaço
eterno que é o homem em si, artista, poeta, músico ou dançarino”.
O poeta é
um dos muitos intelectuais que vão pagar tributo ao famigerado golpe de 1964. A
acusação generalizada de subversão o leva ao cárcere onde permanece por 40
dias, quando aproveita para fazer a tradução do livro de Rimbaud Une saison
en enfer. O livro, entre outros, lhe tinha sido enviado pela sua mãe. A
segunda coletânea de poemas é publicada em 1985, Poemeu, que já tinha
conquistado o Prêmio de Poesia Governador do Estado do Amazonas em 1970. Belo
livro, onde se destacam os “Estudos Barrocos em tom menor”.
sábado, dezembro 21, 2024
CARTÃO POSTAL DE IGREJAS (4)
Nova etapa de impressos ilustrados por igrejas católicas no Brasil, em particular situadas no estado de Santa Catarina.
quarta-feira, dezembro 18, 2024
AMAZONAS: CORPO DE BOMBEIROS
Em 1896, na transição do governo estadual entre Eduardo Ribeiro e Fileto Pires ocorreu uma movimentação extraordinária na questão da Segurança Pública. A Força Policial estava consolidada, já ocupando o quartel recém restaurado na Praça da Polícia. Restava cuidar do serviço de Bombeiros, que se arrastava em prédio alugado, quase sempre sem condições, e efetivo reduzido. Para sanar esta questão, o governo enviou a Recife (PE) o tenente Theophilo Gomes de Oliveira.
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Eduardo Ribeiro (esquerda) e Fileto Pires |
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Recorte do mencionado jornal |
“Agora somos
informados que a polícia auxilia o negócio, convertendo o engajamento em
recrutamento, tendo sido compelidos diversos homens a embarcar no vapor Olinda
que anteontem por aqui passou, só deixando de seguirem todos que foram colhidos
na rede por falta de acomodações a bordo, e punidos com prisão os que procuraram
fugir à tamanha violência de seus direitos!...”
Adiante, conclama:
“Que o Amazonas procure gente para compor a sua companhia de bombeiros ou para
explorar as suas riquezas vegetais ou minerais, está no seu direito.” Todavia,
adverte: “Que muitos dos nossos coestaduanos, perfeitamente esclarecidos do
destino a que se encaminham, aceitem as promessas que lhes fazem e se dirijam
para ali em busca de melhorar as suas condições, a que a todos é dado aspirar”.
Por isso a advertência produzida
pelo referido matutino em seu editorial. No dia imediato, o mesmo jornal publica
a contestação da Questura Policial do Estado, que comprova a inexistência de “indivíduos
contratados para a Companhia de Bombeiros do Amazonas” com o atestado do
diretor da penitenciária. Ainda desse modo, o mesmo editorialista elencou distintas
considerações, tais como: “não podemos deixar de braços cruzados que os nossos patrícios,
seduzidos por falazes promessas, pois a vida no Amazonas custa quatro vezes
mais que entre nós, vão morrer improficuamente de miséria e impaludismo em inóspitos
seringais, ficando Pernambuco despovoado, como pela mesma causa já o foi o
Ceará”.
Para concluir: ao consultar o
Arquivo Histórico da PMAM para elaborar meu livro Bombeiros do Amazonas
(2014), foi fácil tabelar o número de nordestinos no efetivo da corporação à época
mencionada: eram 9, entre 10 policiais. E mais. O corpo da Força Policial
intitulada de Regimento Militar, constituída de dois batalhões e outros serviços,
era da ordem de 900 homens.
terça-feira, dezembro 17, 2024
DALTON TREVISAN (1925-2024)
A morte deste intelectual curitibano, às vésperas de completar o centenário de vida, trouxe à leitura diversas apreciações. Certas lisonjeiras, outras nem tanto, a começar pelo epiteto que ele mesmo (involuntariamente) criou para si – O vampiro de Curitiba. Tantos chamados fizeram que me ligasse a obra de Trevisan, que confesso pouco ou quase nada conhecia. Tomei o 111 Ais, pocket da editora L&PM (verão de 2000), onde encontrei divertidas sacadas de mestre. Escolhi a nº 61,
que evoca o medicamento Emulsão de Scott (para os 60+).
Imagem da internet
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Recorte da página do 111 Ais. |
domingo, dezembro 15, 2024
POESIA DOMINICAL (5)
Prossigo relembrando o antigo hábito cumprido pelos jornais de Manaus no século passado: a publicação de poemas de artistas consagrados ou não. Nesta postagem, Américo Antony evoca o conhecido governador Eduardo Ribeiro, saudando o amigo Avelino Pereira, médico oftalmologista. A segunda foi escrita por Ary de Andrade, poeta sem referências.
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Publicados no jornal A Gazeta👆 em O Jornal, 1º julho 1962👇 |
sábado, dezembro 14, 2024
CARTÃO POSTAL DE IGREJAS (3)
Novas quadras com cartões postais de igrejas católicas, pertencentes ao meu acervo.
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(Em sentido horário) 1. Igreja da Sé - Sobral (CE) / 2. Círio de Nazaré - Belém (PA) 3. Praça do Relógio com igreja ao fundo - Belém (PA) / 4. Matriz de Nossa Senhora da Conceição - Manaus (AM) |
sábado, dezembro 07, 2024
IGREJAS EM CARTÃO POSTAL (2)
Nova etapa de cartão postal expondo Igrejas católicas:
sexta-feira, dezembro 06, 2024
BACHARÉIS DA FDR NO AMAZONAS
Continuo com as notas que coletei na Faculdade de Direito do Recife, durante minha pesquisa sobre os bacharéis formados que deixaram sua marca na capital do Amazonas, tanto os amazonenses quanto seus colegas nordestinos. Dos mencionados, Lopes Gonçalves foi senador; Barbosa de Amorim foi professor da Universidade de Manaus e dirigente do Ginásio Amazonense.
Cópia do Registro
de Carta de Bacharel
1. De igual teor se passou no dia dezesseis de outubro de mil oitocentos e noventa e um, a do bacharel Augusto Cezar Lopes Gonçalves, filho de Teodoro Raimundo Ferreira Lopes Gonçalves, natural do estado do Maranhão, nascido em (...), recebeu o grau a três de dezembro de mil oitocentos oitenta e seis. E, depois de pago o selo do pergaminho assinaram a dita carta o Dr. Augusto Cardoso Oliveira, como diretor, o secretário, Bacharel Bonifácio de Aragão Farias Rocha, e a seguir o mesmo bacharel.
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Carta de Castro e Costa |
2. De igual teor se passou, a vinte e três de dezembro de mil oitocentos e noventa e três, a do bacharel Manoel Joaquim de Castro e Costa, filho de Nicolau José de Castro e Costa, natural do estado do Amazonas, nascido a vinte e dois de fevereiro de mil oitocentos e sessenta e oito, recebeu o grau de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais a vinte de dezembro de mil oitocentos e noventa e três. Depois de pago o selo do pergaminho, assinaram a carta Ernesto d’Aquino Fonseca (como diretor), Bel. Bonifácio de Aragão Farias Rocha (como secretário) e à margem o mesmo Bacharel.
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Carta de Barbosa de Amorim |
3.
De igual teor se passou, a
vinte e três de dezembro de mil oitocentos e noventa e três, a do bacharel Geraldo
Mateus Barbosa de Amorim, filho de Henrique Barbosa de Amorim, natural do
Amazonas, nascido a cinco de dezembro de mil oitocentos e sessenta e nove, recebeu
o grau de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais a doze de dezembro de mil
oitocentos e noventa e três. Depois de pago o selo do pergaminho, assinaram a
carta Ernesto d’Aquino Fonseca (como diretor), Bel. Bonifácio de Aragão Farias
Rocha (como secretário) e à margem o mesmo Bacharel. Estava presente o selo da
Faculdade.
terça-feira, dezembro 03, 2024
ANTOINE SAINT-EXUPÉRY (1900-44)
Uma lição de vida ensinada por Saint-Exupéry (autor de O Pequeno Príncipe) compartilhada de Terra dos Homens (25ª edição, tradução de Rubem Braga, Rio: José Olympio, 1983):
“E a morte é tão doce quando
está na ordem das coisas, quando o velho camponês da Provença, ao termo de seu
reinado, passa aos filhos seu lote de cabras e de oliveiras para que o
transmitam, por sua vez, aos filhos de seus filhos. (...)
Vi uma vez, três camponeses
junto ao leito de morte de sua mãe. Sem dúvida era doloroso. Pela segunda vez
era cortado o cordão umbilical. Pela segunda vez o nó se desfazia: o nó que une
uma geração à outra. Aqueles três filhos ficavam sozinhos, sem a mesa comum
onde se reuniam em dia de festa, sem o polo em que todos se encontravam. Mas eu
descobria também, naquela ruptura, que a vida pode ser dada pela segunda vez. Aqueles
filhos, eles também, por sua vez, se fariam cabeça de fila, pontos de união,
patriarcas, até a hora em que por sua vez passariam o comando à garotada que
brincava lá fora.”
domingo, dezembro 01, 2024
POESIA DOMINICAL (4)
O poema deste domingo foi
compartilhado do Jornal do Commércio (ed. 16 janeiro 1955), em sua
coluna “Social”, destinada a divulgar esta arte produzida pelos leitores
manauaras. Desconheço qualquer referência sobre o autor citado, lembro apenas
que na Polícia Militar estadual serviu o tenente Olympio da Rocha Catingueira, quiçá
um seu descendente.
INCOMPREENDIDO
Escreveu
Olympio da Rocha
Eu sou a vida, e sou a morte, a
desventura
Cresce em mim como espinhos
crescem nas roseiras,
Sinto a dor a sorrir, disfarço
essa amargura,
Num sonho de alcançar as ilusões primeiras...
Procuro
em vão a luz, nas ânsias derradeiras,
Perscrutando
onde irá o mal que transfigura
E traz o bem estar das crenças verdadeiras...
Tenho fé
e descreio, e sigo, e retrocedo,
Penso
que estou exausto e vejo-me tão forte
Mostro coragem e, contudo, sinto medo!...
Retardo
a vida, e mais se me encaminha a morte
Sepultei o meu sonho, exumando um
segredo,
Prevejo agora o fim de minha estranha sorte!...