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domingo, dezembro 22, 2024

POESIA DOMINICAL (6)

 
A postagem foi compartilhada do livro de Assis Brasil - A Poesia Amazonense no Século XX. Apenas acrescentei o ano de falecimento do padre-poeta L. Ruas, como se identificava literariamente. Esta preocupação foi necessária diante do trabalho que venho desenvolvendo na divulgação da obra deste mestre. Além de pequena biografia, dele organizei Cinema e Crítica Literária (2010) e Poesia Reunida (2013), e ainda há trabalhos no prelo, aguardando bons tempos.
L. Ruas



L. Ruas (1931-2000)

Como poeta é dono de uma sensibilidade artística e um domínio da palavra que nos lembram Jorge de Lima e Carlos Drummond de Andrade.

Carlos Eduardo Gonçalves

 Integrante do Clube da Madrugada, “na linha de frente de seus mais ativos animadores”, Luiz Augusto de Lima Ruas nasceu em Manaus no dia 28 de novembro de 1931. Estudou as primeiras letras com uma tia e depois se matriculou no Grupo Escolar Farias Brito. A carreira religiosa o atrai e, em 1943, entra para o Seminário São José, onde termina o curso de Humanidades.

Transferindo-se para Fortaleza, faz o Curso de Filosofia no Seminário Metropolitano, iniciando ainda o Curso de Teologia, que vai concluir no Seminário São José do Rio Comprido, no Rio de Janeiro. Volta à terra natal para se ordenar sacerdote na Catedral Metropolitana de Manaus, no dia 31 de outubro de 1954.

Capa do livro

L. Ruas, como passou a assinar suas crônicas e poemas, em colaboração permanente em vários jornais de Manaus, desenvolve então intensa atividade como professor de várias disciplinas, em destaque Psicologia na Faculdade de Filosofia do Amazonas, onde chegou a ser diretor da entidade. Foi assessor ainda da Fundação Cultural do Amazonas e membro do Conselho Estadual de Cultura, caracterizando-se seu ministério pastoral em ação nas comunidades carentes onde foi vigário.

O primeiro livro de poesias de L. Ruas sai em 1958, Aparição do Clown, prefaciado por André Araújo. Um livro emblemático, na paráfrase do homem e do palhaço: “O que o Padre Luiz Ruas procura é a face verdadeira, a que se parte, desse palhaço eterno que é o homem em si, artista, poeta, músico ou dançarino”.

O poeta é um dos muitos intelectuais que vão pagar tributo ao famigerado golpe de 1964. A acusação generalizada de subversão o leva ao cárcere onde permanece por 40 dias, quando aproveita para fazer a tradução do livro de Rimbaud Une saison en enfer. O livro, entre outros, lhe tinha sido enviado pela sua mãe. A segunda coletânea de poemas é publicada em 1985, Poemeu, que já tinha conquistado o Prêmio de Poesia Governador do Estado do Amazonas em 1970. Belo livro, onde se destacam os “Estudos Barrocos em tom menor”.

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