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quarta-feira, dezembro 18, 2024

AMAZONAS: CORPO DE BOMBEIROS

Em 1896, na transição do governo estadual entre Eduardo Ribeiro e Fileto Pires ocorreu uma movimentação extraordinária na questão da Segurança Pública. A Força Policial estava consolidada, já ocupando o quartel recém restaurado na Praça da Polícia. Restava cuidar do serviço de Bombeiros, que se arrastava em prédio alugado, quase sempre sem condições, e efetivo reduzido. Para sanar esta questão, o governo enviou a Recife (PE) o tenente Theophilo Gomes de Oliveira.

Eduardo Ribeiro (esquerda) e Fileto Pires

Ao lado da situação policial o Estado, para surfar na explosão da hévea, também buscava mão de obra para os seringais. Desse modo, aquele oficial “contratou” homens de qualquer condição, alguns, segundo artigo do Jornal do Recife (13 dez 1896), recolhidos à penitenciária. No artigo “Emigração para o Amazonas”, lê-se:

Recorte do mencionado jornal

“Agora somos informados que a polícia auxilia o negócio, convertendo o engajamento em recrutamento, tendo sido compelidos diversos homens a embarcar no vapor Olinda que anteontem por aqui passou, só deixando de seguirem todos que foram colhidos na rede por falta de acomodações a bordo, e punidos com prisão os que procuraram fugir à tamanha violência de seus direitos!...”

Adiante, conclama: “Que o Amazonas procure gente para compor a sua companhia de bombeiros ou para explorar as suas riquezas vegetais ou minerais, está no seu direito.” Todavia, adverte: “Que muitos dos nossos coestaduanos, perfeitamente esclarecidos do destino a que se encaminham, aceitem as promessas que lhes fazem e se dirijam para ali em busca de melhorar as suas condições, a que a todos é dado aspirar”.

Por isso a advertência produzida pelo referido matutino em seu editorial. No dia imediato, o mesmo jornal publica a contestação da Questura Policial do Estado, que comprova a inexistência de “indivíduos contratados para a Companhia de Bombeiros do Amazonas” com o atestado do diretor da penitenciária. Ainda desse modo, o mesmo editorialista elencou distintas considerações, tais como: “não podemos deixar de braços cruzados que os nossos patrícios, seduzidos por falazes promessas, pois a vida no Amazonas custa quatro vezes mais que entre nós, vão morrer improficuamente de miséria e impaludismo em inóspitos seringais, ficando Pernambuco despovoado, como pela mesma causa já o foi o Ceará”.

Para concluir: ao consultar o Arquivo Histórico da PMAM para elaborar meu livro Bombeiros do Amazonas (2014), foi fácil tabelar o número de nordestinos no efetivo da corporação à época mencionada: eram 9, entre 10 policiais. E mais. O corpo da Força Policial intitulada de Regimento Militar, constituída de dois batalhões e outros serviços, era da ordem de 900 homens.

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