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domingo, novembro 01, 2020

CINEMA DE L. RUAS


 Esta postagem tem o objetivo de recordar o autor de Aparição do Clown, morto em 2000, e que ontem completaria 90 anos. Compartilho a publicação do matutino Diário do Amazonas (8 agosto 2010), cujo texto pertence ao jornalista Sávio Stoco.

 L. Ruas ganha livro

PRODUÇÃO DE UM DOS FUNDADORES DO CLUBE DA MADRUGADA 

ESTÁ EM CINEMA E CRÍTICA LITERÁRIA DE L. RUAS.

Filósofo, poeta, cronista, professor universitário, radialista, ator teatral e
padre. Tudo isso foi Luiz Ruas (1931-2000), um dos principais fundadores do Clube da Madrugada, movimento cultural amazonense responsável pela difusão das artes modernas no Amazonas.
Em julho, L. Ruas – como costumava assinar suas obras - ganhou um livro resgatando parte da sua produção, a coletânea Cinema e Crítica Literária de L. Ruas, organizada por Roberto Mendonça (Edua, 168 páginas, R$ 20), com textos publicados nas décadas de 1960 e 1970 nos jornais da cidade.

Capa do livro divulgada pelo 
matutino

O Clube da Madrugada contribuiu para que L. Ruas valorizasse o cinema como arte e se dedicasse nos textos, segundo o sociólogo Renan Freitas Pinto, professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). “Ele teve um papel de destaque em Manaus. Foi uma das vozes mais ativas no movimento Madrugada. Difundia as artes modernas, inclusive o cinema e o teatro. O interesse pelo cinema, essa arte do século 20, contemporânea por excelência, revela aspectos da modernidade do movimento. Nem todos os próprios integrantes do movimento tinham essa visão. Foi um dos que primeiro escreveu trabalhos críticos sobre cinema com visão filosófica”, lembra Pinto, que conheceu o escritor nos cineclubes da cidade.
Um “cabocão muito inteligente”. É como o escritor Márcio Souza, que também o conheceu nos cineclubes, se refere ao padre, com bom humor. “Era bom poeta, ator que causou escândalo em Manaus quando produziu o Auto da Compadecida (de Ariano Suassuna) com o Teatro Escola e coordenava o suplemento literário do Clube da Madrugada”.

Sobre a atividade dedicada ao cinema, Renan disse que não era um dos nomes mais assíduos, mas que sua produção tem importância. “Ele tinha uma visão cristã de cinema, mas o livro reflete bem a visão da época, como as pessoas percebiam o cinema, como a imprensa publicava. Hoje crítico de cinema é coisa de Ibama, animal em extinção. A crítica literária, então já não tem mais volta nos grandes jornais", observou.

Entre os filmes e livros criticados e incluídos no livro, a diversidade se sobressai. De Rashomon (1950), do japonês Akira Kurossawa, ao religioso espanhol Marcelino Pão e Vinho (1955), de Ladislao Vajdao, passando pelo brasileiro A Primeira Missa (1961), de Lima Barreto, e o western norte-americano Rastros de Ódio (1956), de John Ford. Entre as críticas literárias, análises de obras dos amazonenses Luiz Bacellar, Jorge Tufic, a literatura infantil de Monteiro Lobato, o francês Arthur Rimbaud e autores revelações internacionais da época.

A pesquisa de Roberto Mendonça, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Amazonas (IGHA), iniciou em 2004, quando L. Ruas completou, morto, 50 anos que se tornou padre. Outros três volumes estão previstos para lançamento, segundo o organizador. A Poesia do Padre L. Ruas, que sairá pela editora Travessia, e outros dois volumes com os textos em prosa do autor, como crônicas e ensaios.
A obra literária de L. Ruas mais importante é o livro de poesia Aparição do Clown, de 1958. Por sua qualidade, o trabalho mereceu estudos de Rogel Samuel, professor de Letras aposentado da Universidade Federal do Rio de Janeiro (disponível no blog historiadosamantes.blogspot.com) e de Russell S. King, da University of Nottingham.

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