CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

sexta-feira, outubro 30, 2020

DESATIVAÇÃO DA PMAM - 90 ANOS

Parece não ter ocorrido qualquer manifestação sobre os 90 anos da posse de Getúlio Vargas no governo do Brasil. Quem sabe por que a rebelião por ele conduzida submeteu o país à ditadura. Seu governo estendeu-se até 1945, ao final da Segunda Guerra. Mudanças foram impostas, duas das quais interessam a essa postagem: 1) a posse do interventor federal e 2) a desativação da Polícia Militar do Amazonas, ambos acontecimentos registrados em novembro de 1930.


Quartel da Força Policial, ao tempo de sua desativação

Na tomada do governo federal, em outubro, a repercussão acertou o país, em Manaus uma Junta Governativa sucedeu ao governador Dorval Porto. Adiante, assumiu o governo o tenente EB Floriano Machado, que preferia utilizar o posto mais elevado (tenente-coronel) exercido na Polícia Militar.

Outro entrevero aconteceu no quartel da Praça da Polícia. Seu comandante era o amazonense Joaquim Vidal Pessoa, capitão do Exército, que retornara para Manaus com o interventor Alfredo Sá, em 1924. Em 1º de novembro, todavia, foi substituído pelo tenente-coronel PM Sergio Rodrigues Pessoa Filho, em cujo comando permaneceu até o dia 29 seguinte, quando a corporação foi desativada. Tratava-se de resquícios da disputa entre oficiais do Exército e da PM, que rolava desde a Rebelião de Ribeiro Júnior (julho de 1924).

O segundo fato: a desativação da Força Policial do Amazonas que ocorreu por força do Ato (nova designação para o decreto) 52, de 29 de novembro. Coube ao interventor Álvaro Maia, que fora em 1917 o primeiro Juiz Auditor, com a patente de capitão, decidir sob frágil justificativa (escassez de recursos) extinguir a corporação, pondo na rua centenas de profissionais.

A decisão atingiu também ao Corpo de Bombeiros, então estava subordinado à Força Estadual e ocupando o quartel da Praça. Como a cidade não podia permanecer sem o serviço de combate a incêndios e afins, logo a interventoria corrigiu o desastre. Para tanto, baixou o Ato Interventivo 99, de 16 de dezembro, reativando esse serviço e mantendo no comando dos Bombeiros o capitão Arthur Martins da Silva.

Como decorrência, o Estado ficou sem policiamento ostensivo e os Bombeiros herdaram o imenso quartel. E ali se mantiveram até que o governo decidiu ocupar o prédio com escolas públicas. Nele funcionou o Grupo Escolar Barão do Rio Branco (hoje instalado na avenida Joaquim Nabuco) e a Escola Normal, destinada à formação de normalistas.

A pergunta é óbvia: como se conduziu a capital e as cidades interioranas, sem polícia? Em 1930, Manaus possuía cerca de 60 mil habitantes e, devido a ruína financeira causada pela borracha, a cidade esvaziava-se a cada saída de navio do porto da Manáos Harbour. Devido a essa situação, a capital fartou-se tão-somente com a reformulação da Guarda Civil, uma entidade subordinada à Polícia Civil, afinal não havia a reivindicação de força policial para os pequenos quebra-cabeças do quotidiano.

Zuavo (estátua militar) postada
à frente do quartel, hoje
Palacete Provincial

Quanto ao interior, o problema foi contornado com mais presteza. A condição de oficiais e sargentos de repente desempregados, levou-os a aceitar a chefia de prefeitura e o cargo de delegado de municípios. De certo, ambos levavam consigo praças (subordinados) igualmente desemparados. Essa situação, quanto aos delegados, intensificou uma prática que se estendeu por cerca de oito décadas. Isso mesmo, a PM predominou no interior nas delegacias até a década passada.

Como citado, os Bombeiros foram deslocados daquele imenso quartel para a um arremedo de quartel na avenida Sete de Setembro, o mesmo que se encontra em “estado terminal”. Aguarda a próxima chuvarada para melhor desabar. Será que os Homens do Fogo serão chamados, será tremenda ironia.

Em 1936, a Força Estadual voltou a operar, propiciando um esplendoroso festejo quando de sua abertura. Foi uma conquista e tanto para os desesperançados policiais. Este capítulo constitui a postagem de amanhã.

Um comentário:

  1. Boa noite. por favor, vi um post do sr Vinicius Silva, filho do Branco Silva. O senhor tem o contato dele? preciso falar com ele. Deixei um comentário longo no referido post. Meu nome é Helena Roraima e sou filha do poeta Rogaciano Leite amigo do Branco Silva. Desde já agradeço-lhe o apoio.

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