Para lembrar um antigo logradouro de Manaus, a Praça Antonio Bittencourt, que o popular apelidou de Praça do Congresso, reproduzo o folheto que foi distribuído na ocasião de sua última restauração, quando governador Omar Aziz.
O patrono
Antônio Clemente Ribeiro Bittencourt nasceu em Manaus, no dia 3 de novembro de 1853, pouco
mais de um ano após a instalação da
Província do Amazonas. Filho do tenente José Ferreira Bittencourt e Damiana
Filipa de Souza. Ingressou nas tropas que serviriam na Guerra do Paraguai,
destacando-se como militar de carreira. Começou na condição de Alferes, passou
à Guarda-Aduaneiro, Amanuense da Secretaria Geral da Província,
progredindo em todas as funções e aposentando-se como Oficial Maior, ou
Diretor Geral, com 25 anos de serviço.
Integrou o Partido Democrata, chefiado por Emílio José Moreira com o qual
rompeu em 1896.
Foi deputado provincial e deputado estadual em diversas ocasiões. Foi Secretário-Geral
do Estado no governo de Silvério Nery
(1900-04)
e candidato ao Senado da República (1903). Foi indicado e eleito vice-governador do Estado na
chapa de Antônio Constantino Nery (1904-08). Eleito Governador
do Estado, no período de 1908 a 1912, com apoio
partidário e do presidente Affonso Penna.
Foi deposto do cargo em 1910, quando
do célebre bombardeio de Manaus, mas reconduzido ao cargo por ordem do
presidente da República, Nilo Peçanha.
O período foi de grande tumulto
político e de graves consequências para as finanças e a ordem pública, mas ainda
assim, Bittencourt foi austero em sua administração e honrado em toda a sua
vida.
Foi um dos fundadores do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, em março
de 1917,
assumindo a presidência logo após a gestão de Bernardo Azevedo da Silva Ramos. Integrou
a maçonaria amazonense, galgando
todos os graus e exercendo os mais destacados cargos administrativos.
Casou-se com Antônia de Andrada Bittencourt, com quem teve os filhos Raymundo, Francisca
e Agnello. Quando viúvo, casou-se com sua prima Amélia de Souza Bittencourt, com
quem teve vários filhos, entre eles Dalila e Ilza.
O Lugar
Ainda no tempo
do Império do Brasil (1822-89), tudo começou no espaço chamado de Largo do
Paiçandu – homenagem ao território uruguaio tomado em 1865. Desapareceu com o
aterro do igarapé do Espírito Santo e a abertura de ruas e loteamentos, formando
na parte final da região, o Jardim do Palácio Novo.
Uma Comissão de Saneamento do Estado propôs a bifurcação da avenida Eduardo
Ribeiro, em frente ao Palácio do Governo, para facilitar o trânsito de veículos,
e para este fim desapropriou áreas, iniciando-se o movimento de terras. As
obras passaram a ser realizadas em derredor do Palácio e essa ampla esplanada,
anos depois, foi sendo reduzida por cessão de terras públicas para edificações
particulares, resultando na sua formação atual. Já designada de Praça Cinco de
Setembro - em homenagem à elevação do Amazonas à categoria de Província, o
jardim foi completamente reformado, na administração municipal do professor Gilberto
Mestrinho, sendo o desenho artístico elaborado pelo Dr. Areolino de Azevedo.
Os Nomes Antigos
Constituiu-se
inicialmente como Largo do Paiçandu. A denominação seguinte foi de Praça Cinco
de Setembro. Recebeu o nome de Praça Antônio Bittencourt em homenagem ao
político renomado da época - Antônio Clemente Ribeiro Bittencourt. Popularmente
foi chamada de Praça da Saúde, em razão do edifício sede da Repartição de Saúde
Pública, ali existente por muitos anos. A denominação popular que mais se fixou
na memória coletiva foi Praça do Congresso,
referência direta ao 1° Congresso Eucarístico Diocesano de Manaus e à
comemoração dos cinquenta anos de criação do Bispado do Amazonas, realizado
naquele logradouro em junho de 1942.
Monumentos
Durante muitos anos a Praça permaneceu sem monumentos, constituindo-se em uma
esplanada aberta diante do antigo Palácio, e só recebeu melhoramentos quando
dos preparativos para o 1.° Congresso Eucarístico Diocesano de Manaus, de 1942.
Para esse evento foram edificados o mastro para a Bandeira Nacional e o
monumento a Nossa Senhora da Conceição. Anos depois, o prefeito Manoel Ribeiro
mandou edificar um busto em bronze em homenagem ao governador Eduardo Ribeiro,
substituído na reabilitação e restauração do logradouro no governo Omar Aziz,
por meio da Secretaria de Estado da Cultura.
Vizinhança
O entorno da Praça foi valorizado por vizinhança ilustre, ainda que tenha
perdido o sentido da proposta original, de um grande jardim frontal ao Palácio
do Governo. O palacete de esquina da rua Monsenhor Coutinho serviu de
residência e gabinete de trabalho do Dr. Thomas, importante médico e cientista
inglês que atuou em Manaus por longos anos. No mesmo palacete, anos depois,
pelo prefeito Amazonino Mendes, foi instalada a Biblioteca João Bosco Pantoja
Evangelista – importante professor e escritor amazonense. Na mesma quadra se
encontram a residência da família Bulbol, comerciantes respeitados de Manaus, a
casa de residência do diretor do Colégio Militar de Manaus e que serviu também
de residência dos generais comandantes do GEF – Grupamento de Elementos de
Fronteira e da Região Militar, Rodrigo Octávio Jordão Ramos quando comandante
Militar da Amazônia.
Ao centro e ao alto, no local onde seria o Palácio do Governo, está o Instituto
de Educação do Amazonas, ali instalado pelo governo Álvaro Maia. Do lado
oposto, em linha com o Instituto Benjamin Constant, antigo Instituto Elisa
Souto, encontra-se a residência do médico Arlindo Frota e o prédio do Departamento
de Saúde Pública, este já demolido. Completando o entorno, no local do antigo e
belíssimo palacete Miranda Corrêa, está o edifício do mesmo nome, e o Ideal
Clube, de imponente arquitetura.
Morou também no entorno da Praça do Congresso, O então Dr. Wallace Ramos de Oliveira e TAMBÉM O saudoso professor Evanir Herculano Barroso
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