Capa do livro Ocaso, 1938 |
Nossa festa contou com o poema A Cabocla (abaixo transcrito) quase oitentão, pois foi publicado
em 1938, pelo poeta Júlio Olympio (sem identificação), inserido em seu livro Ocaso, cuja capa foi elaborada pelo
artista plástico Branco Silva e o prefácio é de Péricles Moraes, então
presidente da Academia Amazonense de Letras.
Mais três razões para esta escolha: o
livro foi alcançado na biblioteca Mário Ypiranga; o poema é dedicado a um
membro da Academia de Letras; e porque o cheiro “à priprioca” é amazônico.
O poema lembra muito uma temática desenvolvida
pelo poeta Almir Diniz, frequentador-emérito do Chá do Armando. Presente à Casa
do Noleto, ontem, sei que o autor de Na
concha da panacarica desfolhou alguns de suas pérolas. Com a reconhecida desenvoltura,
Almir bem contribuiu para o tributo às Damas deste semanal encontro. Beijos.
A Cabocla
À
Alcides Bahia
O demo da cabocla era
um feitiço,
Ditoso aquele que a possuísse
um dia;
Porém, no amor, se lhe
falavam nisso,
Voltava as costas e a sorrir
fugia.
De redondos quadris,
tronco roliço,
Um cheiro à priprioca
rescendia,
E o seio farto e ereto
em pleno viço,
À volúpia da raça
prometia.
Dos lábios grossos os
cheirosos pomos
Deixavam ver entre
dois rubros gomos
Minúsculo teclado de
marfim...
Nos olhos prometia o
paraíso,
Mas ai! nos dava o
inferno num sorriso,
Nunca mais encontrei
mulher assim!
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