Ambrósio Aires, o Bararoá |
Otaviano, para explicar a motivação do
nome de Ambrósio Aires no município, fez circular um pequeno jornal. Intitulado
AUTAENSE, existente
na Biblioteca Mário Ypiranga, nele o promotor Otaviano elaborou pequena
biografia e publicou uma foto do homenageado. Veja a reprodução abaixo (em
azul).
Título da publicação em Autaense |
A fotografia é, sem dúvida, o meio mais seguro e prático para, em curto
tempo, se gravar na memória os fatos de maior ou menor importância histórica. Qualquer
pessoa ou acontecimento de que falarmos, mui instintivamente, desenhamos dele,
mentalmente, os traços fisionômicos, os seus protagonistas e, até suas consequências.
Assim, o distinto leitor já deve ter feito
uma ideia de como era Ambrósio Aires, este que legou o seu nome a nova povoação
que se ergue no rio Autaz-açu, patrocinada por bons brasileiros, e cujo retrato
ilustra a nossa capa.
Ambrósio Aires só podia ser moço e forte,
afeito as lutas e as vitorias de que se cobriria no período de 1835 a 1838
contra a Cabanagem. Estampando o seu retrato, oferta valiosa do prof. Célio
Porciúncula, exímio pintor maranhense, ao presidente do Sindicato Agropecuário
Autaense, prestamos-lhe justa homenagem.
Da preciosa oleografia do Caudilho de
Bararoá, foi tirada a cópia por dona Esther Thaumaturgo Soriano de Mello,
esposa do signatário do presente artigo, de onde fizemos a fotogravura.
Aproveitamos o ensejo para dizer algo mais
sobre a personalidade de Ambrósio Aires. A sua nacionalidade é um ponto que tem
sido muito discutido e motivo de controvérsia. Segundo as noticias colhidas nos
nossos arquivos, chegamos à conclusão absurda de que Ambrósio Aires era “alemão”,
“peruano”, “inglês”, “português” e “brasileiro”; era branco de cabelos louros;
era trigueiro, de físico atraente etc.
O retrato de Bararoá parece vir esclarecer
essas dúvidas. Os seus traços fisionômicos dizem mais do que as contradições dos
escritores. Como europeu só poderia ser português, tanto pela expressão do seu
rosto como pelo próprio nome. Entretanto, as características de Ambrósio Aires são
da raça vermelha povoadora da América. De todas essas versões, embora um pouco romântica,
a que mais se aproxima dos traços físicos de Ambrósio Aires é a de Francisco
Amorim, que diz: “Era um moço de pouco mais de trinta anos, baixo, trigueiro,
de olhos castanhos, olhar firme, boca rasgada e imperiosa...”.
Em um dado momento, no auge da luta Ambrósio
Aires se dirigindo a um francês disse: “O senhor é estrangeiro e pode,
querendo, abster-se de tomar parte na causa...” Ambrósio Aires, enfim, não parece
estrangeiro, mas, simplesmente abuuna (sic).
* * *
Ambrósio Aires foi um deportado para o Rio Negro,
logo após a abdicação de 7 de abril de 1831. Naquele rio que banha as nossas,
antiga e atual, capitais, Barcelos e Manaus, havia a pitoresca povoação de
Bararoá, que Mendonça Furtado, em 1758, elevou à vila mudando-lhe o nome para Thomar
e que, em 1833, recebeu a sua primitiva denominação.
Dai surgiu o seu conhecido nome guerra –
Bararoá.
Em Bararoá, Ambrósio Aires fez fortuna, casou-se
e adquiriu amigos e prestígio. No período da Cabanagem, no seu belo degredo,
tomou a resolução de defender a Comarca do Alto Amazonas e, além de expor a vida
às sanhas inimigas, desordenadas, tangidas pelos cabanos, dava ainda os seus bens para garantir as despesas que
fizessem em defesa do povo amazonense, se o governo não as aprovasse.
Assim ele escreveu: “quando o governo não aprovar
a despesa feita, obrigo-me com os meus bens”. Com estas palavras escritas por
Bararoá na ata das sessões da Câmara, esta não ousou mais recursar-se. Ambrósio
Aires, no início da luta, já possuía bens, bastante para garantir as despesas de
uma guerra. Em 1835, depois de feitos heroicos, foi o destemido confirmado no
posto de capitão comandante
das Forças Legais do Alto Amazonas.
Os bons e os justos rendem-lhe as
homenagens que se fez credor pelos seus serviços à nossa Pátria e especialmente
ao Amazonas.
Entretanto, outros afirmam que ele faleceu
no rio Autaz, no dia 6 de agosto de 1938.
Até bem poucos anos havia um Sr. Cruz, macróbio
respeitável, domiciliado neste rio, que dizia saber o lugar onde Ambrósio Aires
tinha sido sepultado, na atual “Fazenda Bararoá”, propriedade do Sr. coronel
Antônio Soares.
Devido os numerosos janeiros e cruciantes
reumatismos, o velho Cruz, como era conhecido, faleceu sem nos mostrar o túmulo
histórico, perdido no grande campo, certamente numa das partes mais elevadas da
aprazível fazenda, que recebeu o seu proclamado nome de guerra: Bararoá!
Assinado: O. Mello (Otaviano Mello)
Vale ressaltar que nesse período, O então Distrito de Ambrósio Aires pertencia a cidade de Itacoatiara, época em que foi editado o Jornal o Autaense. Que alias, eu também tenho uma copia de alguns exemplares desse bucólico jornal editado pelo Sindicato Agropecuário Autaense. Nesse período o vigário Monsenhor Joaquim Pereira de Itacoatiara, se deslocava para o rio Autaz para efetivar os matrimônios e batismos, conforme relata o jornal que possuo.
ResponderExcluirlembrando, a conotação da palavra vigário, significava, uma autoridade religiosa e com poderes de representação da civilidade matrimonial e de batismos.
ExcluirOlá Frank, será que você teria como enviar fotos desse jornal para o e-mail de.leandromesquita@gmail.com
ResponderExcluirGostaria de saber como se deu o início da família Siqueira na Cidade de Ambrósyo Ayres.
ResponderExcluirAuricele Siqueira
precisamos melhorar o acervo de conteúdo, com documentos legalistas.
ResponderExcluirótima intenção do autor.
Como bem lembra Frank Chaves, Ambrósio Aires era distrito da Comarca de Itacoatiara. Nasci no Rio Autaz-Mirim em 24 de Agosto de 1947 e, ainda garoto, conheci, através de meu pai Said Almeida, muitos da família Cruz, assim como os Queiróz e Tupinambás.A alcunha Bararoa, provavelmente deve-se ao Acara, conhecido por esse nome, em razão de seu porte.
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