Os: coronéis Brandão (à esq.) e Benfica nos Bombeiros, 1985 |
Morreu hoje o coronel Nazareno Benfica, da Polícia
Militar, aos 72 anos, completados no mês passado. Não tenho como registrar
outros detalhes, pois fui surpreendido pelo acontecimento. Sequer tive chance
de acompanhar o enterro. Todavia, registro neste post minha franca despedida, lembrando
alguns momentos cordiais desfrutados com o colega da corporação.
Benfica despontou no bairro de Educandos
como jogador de futebol. Era o Parodi, defendendo clube do bairro. Mais adiante,
estudante da Escola Técnica do Amazonas (na avenida Sete, hoje Ifam), ali teve
contato com o saudoso João Liberal, treinador amazonense.
Na mesma Escola fez amizade com os colegas
Antonio Guedes Brandão e Edson Matias. Com estes ingressou na Policia Militar
do Amazonas, quando esta renovava, em tempo de Governo Militar, seu quadro de
oficiais. Assim, no início de 1966, os três, então alunos-oficiais, foram
matriculados na Escola de Formação de Oficiais da PM de São Paulo.
Ao final de 1968 estavam de regresso, aptos
para o serviço policial militar. Entre outras atividades, Benfica esteve na
Companhia de Trânsito, passou pelo Corpo de Bombeiros, comandou o batalhão de
Itacoatiara, enfim, mais importante, foi o chefe do Estado-Maior quando seu
colega Antonio Brandão foi o comandante-geral.
Mas, logo que o tenente Benfica regressou
de São Paulo sofreu um desastre. Caiu em uma piscina, acidente grave, que deixou
como sequela uma deficiência nas cordas vocais, daí o esforço que ele fazia para falar. Era como
se estivesse sempre confidenciando, falando próximo ao interlocutor.
Na reserva, ou aposentado, entendeu de
praticar a política, ingressando no PMDB, do professor Gilberto Mestrinho. Em certa
eleição, competiu para a Câmara Municipal de Manaus. Esperançoso de sucesso, ele
preparou os santinhos, organizou os cartazes com fotos, elaborou discursos (apesar
da deficiência), mas faltava um jingle. Aquela música, quem sabe, top. Para esse
fim, recorreu ao amigo Américo, sambista conceituado, frequentador do bar do
Armando, pai da Banda da Bica.
Aliás, nosso amigo Benfica também era brilhante
frequentador de rodas de samba e de outros ritmos, desde a juventude, inclusive
em Sampa, quando estudante. Uma noite, pois, encontrou o Américo e recebeu
deste a peça musical para a campanha. Vou reproduzir, para encerrar nossa
conversa, apenas o refrão: Quem
não vota no Benfica, vai entrar na Bica.
Retrucou o Benfa, com era também conhecido:
“Américo, assim você me prejudica!”. Lamento informar, mas o candidato a vereador
não alcançou o quorum necessário. E desistiu da política.
Sempre alegre, apesar das vicissitudes,
viveu para a família. Devido seu entusiasmo pela corporação de Cândido Mariano,
fez de um de seus filhos seu seguidor. Descansar, armas!
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