Comandante Ventura, com uniforme da SBVM |
Em 6 de dezembro de 1961, desaparecia o comandante Ventura, criador e condutor da Sociedade dos Bombeiros Voluntários de Manaus (1952-63). Aos 64 anos, Ventura foi vítima de acidente de trânsito com um jipe da instituição, e, junto com ele, morreu um subordinado, Mário de Assis Sá.
Encerro hoje a carta que sua filha especialmente
escreveu para meu livro sobre Os
Bombeiros do Amazonas.
Os voluntários passaram logo a funcionar, mas a Sociedade dos Bombeiros Voluntários de Manaus (SBVM) somente foi fundada em 24 de abril de 1952. Aqui se manifestaram os amigos de meu pai, cuja relação se encontra nos estatutos da associação. Na primeira reunião, o comandante Ventura foi eleito diretor do voluntariado e somente o deixou com sua morte.
Em razão dessas dificuldades, os
Bombeiros voluntários se juntavam aos municipais no combate ao fogo e
outros sinistros. Se eu contar das inovações que se fazia para cumprir o
serviço, talvez seja motivo de risos. Não se sabia como funcionava, pois, se
Manaus dos anos 1950 passava por uma pobreza danada, quanto mais os voluntários.
Enfim, foi tentando superar essas penúrias que meu pai, o comandante
Ventura, encontrou a morte.
Em 6 de dezembro de 1961, aos 64
anos, ele saiu para socorrer uma instalação do Deram na estrada
Manaus-Itacoatiara. Apenas os voluntários. Nesse dia, não pude acompanhar o comboio, por
sentir os sinais do nascimento de meu filho Cirilo. Então, aconteceu o
desastre, o jipe capotou e... Bem pior foi a maneira como a triste notícia
chegou a nossa casa. Sem que a família desconfiasse de nada, um jornalista
perguntou pelos mortos do acidente...
No dia seguinte, antes de sepultar
seu corpo, assisti a cidade de Manaus reverenciar o comandante Ventura.
Foi então que meu pai, por seus voluntários, virou lenda!
Praça
Comandante Ventura, 13 de junho de 2006
Maria Neves Ventura
O Jornal, 22 março 1959. Terminologia da época |
Na
trilha das homenagens prestadas ao morto, uma semana depois, o prefeito de Manaus
sancionou a lei que denomina o logradouro público com o nome do comandante. A
escolha do sítio recaiu no bairro de Aparecida, afinal ali estavam baseados os voluntários e a praça existia com a
identificação de Bandeira Branca.
O
espaço escolhido, todavia, era muito apreciado pela comunidade. Certamente, por
essa razão, “a lei não pegou”. Talvez, se a mídia tivesse colaborado, a
transferência poderia ter ocorrido, como bem se vê em nossos dias com as ruas
de Adrianópolis.
O
resultado foi elementar: a praça continua Bandeira Branca e, hoje, 50 anos
depois da morte daquele português benemérito, raros são os manauenses que se
lembram desta tragédia e, mais ainda, de sua atuação em vários campos de
atividade.
Ninguém,
cinquentanos depois, se incomoda com o tributo que transcrevo:
Lei n.º
772, de 15 de dezembro de 1961,
Dá denominação à Praça Pública.
Art. 1.º - Fica revogado o Art. 1.º
da Lei n.º 474, de 22 de dezembro de 1956, na sua alínea “d”.
Art. 2.º - Fica denominada de Comandante Ventura a Praça, atualmente conhecida
como “Praça da Bandeira Branca”.
Loris Valdetaro Cordovil - Prefeito
Municipal
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