Sede da Academia Amazonense de Letras, 1984 |
Para supri-la, a Academia Amazonense
elegeu em novembro de 1959 o novo legatário: Socrates Bonfim (1908-84). Nascido
em Eirunepé (AM), este juruaense tornou-se “imortal” pela extensão de suas
terras em Manaus e, na classe dos industriais, como fundador da falida
Siderama.
Apesar de o Silogeu amazonense ter
aguardado com bastante benevolência pela sua investidura, concedendo-lhe
repetidas prorrogações de prazo, a mesma não sucedeu. Desse modo, em 1º de
fevereiro de 1963, a diretoria manteve a vaga, ou seja, dispensou o eleito. E
prontamente tratou de preenchê-la.
Em 23 do mesmo mês, escolheu ao
bacharel Plínio Ramos Coelho (1920-2001). Oriundo de Humaitá (AM), obteve
graduação pela Faculdade de Direito do Amazonas (turma 1947), porém, envolvido
na política, foi eleito deputado (estadual e federal) e governador pela legenda
do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Quando escolhido para a 21, governava
o Estado no segundo mandato.
Certamente as vicissitudes do
encargo não lhe permitiram de pronto que tomasse posse. Em outubro de 1963, os
acadêmicos em reunião marcaram-lhe a primeira prorrogação para a posse: até 31
de março de 1964. Que data aziaga para o eleito!
Plinio Coelho, 1958 |
Nesse dia, aconteceu no País o golpe
militar que acabou por defenestrá-lo do Poder Executivo do Amazonas. Cassado em
seus direitos políticos em junho, Plínio Coelho desinteressou-se da Academia de
Letras. Entretanto, a direção desta tratou de consertar o dano. Para isso, em
agosto, despachou duas “expedições” acadêmicas: uma, em direção ao eleito,
guiada pelo próprio presidente, Leôncio Salignac; outra, rumo ao governador
Arthur Reis, capitaneada pelo acadêmico Álvaro Maia e mais quatro sócios.
O rendimento da operação foi
conhecido no mês seguinte. A 12, a diretoria decidiu conceder ao escolhido o
prazo “sine die” para a posse. Traduzindo: até quando Deus quiser, o sagrado
aqui era o “Ganso do Capitólio” (alcunha política de Plínio Coelho).
Arthur Reis, c1966 |
Este, então, usufruiu integralmente
do benefício, tanto que estabeleceu um recorde imbatível. Somente 21 anos
depois, em 1984, quando seu compadre Gilberto Mestrinho havia assumido o
governo do Estado (1983-87), e a redemocratização do País já era enunciada, a
Cadeira 21, enfim, foi novamente conquistada.
Plínio Coelho, quando estudante,
publicara alguns poemas em jornais da cidade, porém, seu intenso vigor
político talvez tenha ofuscado esse exercício do espírito. No entanto, como
para manter poetificada esta poltrona publicou, em 2001, Vozes da Amazônia (São Paulo: Imaginária). Morreu no mesmo ano;
cremado seu corpo, as cinzas fertilizaram
seu sitio no Puraquequara, para atender ao seu desejo expresso em Quando eu morrer... (1944)
Que,
em cinzas, o meu corpo adube a terra fria,/ Donde ressurgirei ao despertar do
dia,/ Em selva transformado, ou transformado em sangue.
Desde
2005, o sexto ocupante desta poltrona sustenta-lhe um estigma. Segue ocupada
por um consagrado poeta: Luiz Franco de Sá Bacellar, opa, Huet-Bacellar. Diante
de tantos embaraços, que registrar sobre Bacellar, em relação a 21? Apenas que
ele ampliou o seu sobrenome, enobrecendo-o, e que considera ter sido embaraçado
pelos colegas, pois seuprecursor, quando governava o Amazonas, teve ímpeto de...
Mas isso é outro capítulo, quem sabe um dia a gente conheça o final. Por isso, vida longa ao visconde Huet-Bacellar.
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