Há 50 anos, em 6 dezembro, desaparecia o comandante Ventura, condutor da Sociedade dos Bombeiros Voluntários de Manaus (1952-63). Vítima de acidente de trânsito, quando regressava do combate ao fogo em dependências do Departamento de Estradas de Rodagem do Amazonas (Deram), na rodovia Torquato Tapajós.
O Jornal. Manaus, 9 maio 1956 |
Em
veneração ao ilustre personagem da história amazonense, durante esta semana vou
postar o capítulo que elaborei para o livro Os Bombeiros do Amazonas, ainda em processo editorial. Sigo
transcrevendo sucinta biografia de José Ventura, escrita por sua filha.
Após o casamento, em 1930, o casal
veio morar na Lusitana Industrial Ltda., à rua Alexandre Amorim, 289,
Aparecida, onde mais tarde seria a sede dos Bombeiros Voluntários de Manaus e
hoje funciona o Fórum Des. Mário Verçosa.
A Lusitana produzia juta
alcatroada, material para calafetar embarcações; botões de jarina e de ossos, e
fundição. Minha mãe, usando macacão como todos os empregados, trabalhava junto.
Talvez tenha sido a primeira mulher a usar uma vestimenta masculina, em Manaus.
Estamos falando da década de 1930, em diante.
A fábrica ia bem, até que sofreu um
incêndio. Aconteceu ao tempo da Segunda Guerra, na mesma ocasião em que o navio
Baipendi foi a pique. Minha mãe, que assistiu os primeiros momentos da
tragédia, contou-me que o incêndio começou quando uma empregada propositalmente
jogou um fósforo aceso na juta, material bastante inflamável.
O fogo espalhou-se rapidamente,
destruindo grande parte da fábrica, restando apenas a fundição. Os bombeiros
municipais pouco puderam fazer. A deficiência deles era bastante conhecida,
agravada pelas deficiências da cidade, como a falta de água e de hidrantes.
Algum tempo depois, ocorreu outro
grande incêndio. Na fábrica de bebidas de Virgilio Rosas, situada à rua
Marcilio Dias, no Centro. Aconteceu em agosto de 1951. A família dele, que
morava no andar superior da fábrica, quase morreu. Seu Virgilio, que
muito havia nos ajudado na ocasião do incêndio da Lusitana, tornara-se
ainda mais amigo de meu pai. Por isso, uma grande tristeza tomou conta de nossa
casa.
Foi a partir dessas tragédias que meu
pai decidiu criar o serviço de bombeiros voluntários, despertando-lhe o
voluntário que fora na cidade natal. E logo aconteceu. Meu pai, então,
transformou-se no comandante Ventura.
Para isso, ele conseguiu ajuda da
colônia portuguesa, a maioria seus amigos; de parte dos governos; contou com
jovens do bairro de Aparecida e adjacências, e instalou o posto no próprio
terreno da fábrica e da moradia. Dessa sorte, o telefone de casa e da Lusitana
era também o dos voluntários: anote ¾
2513.
Os voluntários passaram logo a
funcionar, mas a Sociedade dos Bombeiros Voluntários de Manaus (SBVM) somente
foi fundada em 24 de abril de 1952. Aqui se manifestaram os amigos de meu pai,
cuja relação se encontra nos estatutos da associação. Na primeira reunião, o comandante
Ventura foi eleito diretor do voluntariado e somente o deixou com sua morte.
(segue)
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