CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

segunda-feira, dezembro 05, 2011

COMANDANTE VENTURA, SUA MORTE: 50 ANOS (4/5)



A Crítica, Manaus, 21 outubro 1958
Amanhã, 6 de dezembro, completa 50 anos a morte do comandante Ventura, criador e condutor da Sociedade dos Bombeiros Voluntários de Manaus (1952-63). Aos 64 anos, o comandante foi vítima de acidente de trânsito quando se deslocava no jipe da instituição.
As regras básicas de sua instituição são conhecidas, reponho no espaço apenas o primeiro e o último artigo. E mais, os nomes dos membros da assembléia, crendo que apenas um – Paulo dos Anjos Feitoza, desembargador aposentado, segue vivo, lembrando esse episódio heroico.  


ESTATUTOS da Sociedade dos Bombeiros Voluntários de Manaus


Capítulo I - Da fundação, finalidade e sede
Art. 1º A Sociedade dos Bombeiros Voluntários de Manaus (SBVM), fundada no dia 24 de abril de 1952, é uma sociedade civil, com personalidade distinta de seus associados, os quais não respondem pelas obrigações contraídas pela Sociedade, com sede e foro em Manaus, capital do Estado do Amazonas, sem prazo de duração determinado, com a finalidade precípua de se organizar para dar combate aos incêndios e prestar socorros se possível em caso de calamidade pública, por iniciativa própria ou quando solicitada a sua interferência. É um órgão de beneficência, visando ainda promover reuniões e movimentos outros de caráter desportivo, cultural, artístico e cívico, visando melhor congregar seus associados. (...)
Art. 40 – Os presentes Estatutos entrarão em vigor logo após a sua aprovação.

         Aprovados em sessão da Assembleia Geral de 14 de maio de 1952.
Elias Ferreira da Silva; Francisco Rebelo de Souza; Dr. Jorge Abrahim; Antenor C. Braga; Wuppschlander Lima; Edgard Gama e Silva; Erminio Fernando Barbosa; Antonio César Montenegro; Desembargador Rocha Carvalho; José Ribeiro Soares; Mansour Francis Chehuan; Waldemar Pinheiro de Souza; Paulo dos Anjos Feitosa; Padre Clemente; Carlos Barroco; José A. M. Teixeira; Oscar Maia; José Afonso; Severino P. Freire; José Antonio Ventura; Dr. Leopoldo Amorim da Silva Neves; Aristóteles Bonfim.
* * *
O governador Plínio Ramos Coelho (1955-59) concedeu respeitável ajuda ao SBVM. Além dessa, havia a colaboração do comércio e da prefeitura de Manaus (apesar de possuir os Bombeiros Municipais). Embora houvesse tanta contribuição, nesse tempo, as dificuldades financeiras paralisaram os Bombeiros Voluntários. Segundo A Crítica, “A ajuda do comércio não chega para cobrir as despesas só de combustível”, afinal a elevação do preço da gasolina para Cr$ 8,20 “provocou sérios transtornos na vida da cidade”. Para contornar a situação, os Voluntários decidiram “não mais continuar abastecendo de água residências, hospitais e colégios”. Assim, diante dos “constantes e permanentes faltas de água”, a cidade será privada desta valiosa ajuda. 

O Jornal, Manaus, 2 set. 1958
Esse transtorno financeiro se sucedia pela inadimplência da Prefeitura para com os Bombeiros, pois, havia quatro meses que esta não liberava a dotação prevista. Buscando solucionar a situação nefasta, o jornal endereçou veemente apelo ao prefeito Ismael Benigno, no sentido de “solucionar esse problema de graves resultados para a nossa cidade”. A Crítica igualmente apelou para o comércio de Manaus, “a fim de que os Bombeiros Voluntários possam continuar realizando o seu trabalho diuturno de fornecer água aos colégios, hospitais e residências”. Na verdade, a organização servia mesmo para suprir de água a cidade. Combater incêndio, seu objetivo, ficava em segunda ordem.

Em fevereiro de 1957, os Voluntários foram à luta, saíram às ruas em busca de auxílio. Ou seja, passaram a arrecadar recursos junto à população. Obviamente, com o total apoio da imprensa. Acompanhemos essa campanha em O Jornal, então o matutino de maior circulação. A 3, sob a manchete - Compareça com seu auxílio na campanha dos Bombeiros Voluntários, o jornal marcava para o dia 30 a “coleta de donativos suficiente para formar o quanto for necessário de equipamentos para compor as modernas unidades”. E arrematava a reportagem pedindo a todos que “não deixem de comparecer com a sua contribuição”.
O Jornal, Manaus, 19 set. 1958

Novamente na rua, hoje, os “Comandos” dos Bombeiros Voluntários, propalava O Jornal (24 fev. 1957). Ao anunciar a coleta, o matutino esclarecia que a campanha financeira se destinava a aquisição de dois carros de combate ao fogo. E que os bombeiros cumpririam o seguinte itinerário: rua Ramos Ferreira, praça da Saudade, praça do Congresso, rua Nova e rua Leonardo Malcher.  (segue)

Nenhum comentário:

Postar um comentário