- Força Pública
A 3 Maio 1861, o bacharel Manoel Clementino Carneiro da Cunha, presidente provincial, dissertando sobre a Força Pública (designativo da guarnição federal), esclarece que era insignificante a quantidade de praças para o serviço. No tópico imediato, alinha outro estorvo: “Em uma Província, como esta, onde não há força de polícia para acudir aos reclamos das autoridades policiais e judiciárias, e existem fronteiras para serem observadas e guardadas, (...)”. Daí certamente concluir pesaroso, esta ausência “cria muitos embaraços à administração”.
Ora, se não existia polícia, nem força federal, ao menos, a população amazonense poderia se queixar ao bispo. Mas, igualmente, não existia bispo!.
• Guerra do Paraguai (1865-1870)
Manáos, c1865
A Guerra do Paraguai exigiu combatentes, muitos combatentes. O próprio Imperador se empenhou e, para socorrer ao empenho militar, reclamou ajuda das Províncias. Como vimos, não existia aqui organismo policial ou força assemelhada. Como proceder, pois, a fim de atender ao reclamo imperial?O corpo policial reclamado pelo governo imperial, conforme ofício de 19 Jan. 1865, ainda não fora organizado, “apesar das necessidades da Província, rodeada de países estrangeiros e, portanto, sujeita a agressões”, explica Arthur Reis.
A força policial somente seria (re)organizada uma década depois, a 26 Abr. 1876.
No entanto, o Amazonas participou desse nebuloso conflito sul-americano, tanto por organismos da Guarda Nacional quanto por seus naturais; estes, na condição de Voluntários da Pátria, figura criada pelo decreto n.º 3371, de 7 Jan. 1865. O número de naturais empenhados é extremamente representativo para a rarefeita população. Vejamos.
No governo de Adolfo Cavalcanti de Albuquerque, no início do conflito, embarcou em 27 Fev. 1865, no vapor Tapajós, o primeiro contingente de amazonenses. Desembarcam na Corte e são distribuídos em diversos corpos de tropa.
Também contribui severamente para esse desfecho a atuação de Antônio Epaminondas de Mello, presidente da Província. Em três meses, utilizando métodos desusados, encaminhou mais de 500 homens!
Sobre os métodos desusados, cabe um esclarecimento: O serviço militar por largo tempo distinguiu-se pela severidade, em decorrência dos códigos militares portugueses adotados. O recrutamento ilustra bem esse arbítrio. O “voluntário” servia até oito anos, ou 16, se alcançado pela autoridade, consoante decreto de Dom João VI, em 1808.
Outra dura situação agregava-se ao serviço militar: o castigo físico, especialmente as chibatadas. Foram estas que levaram a marujada à sublevação, conduzida por João Candido, em movimento reivindicatório ocorrido no Rio de Janeiro, e que pertence à história sob a designação de Revolta da Chibata (1910).
No Império, pois, para safar-se do infortúnio de servir às Forças Armadas e ser encaminhado à campanha do Paraguai, o homem usava de alguns subterfúgios. O mais comentado: os coronéis encaminhavam legalmente à autoridade seus escravos em substituição aos filhos. Na Amazônia, os “coronéis de barranco” não dispunham de escravos e, igualmente, de poder econômico expressivo. Assim, restava aos filhos desses e aos demais jovens a alternativa de se homiziar na selva.
Apesar de manobras outras, o Amazonas remeteu para a Guerra do Paraguai mais de 1.500 combatentes, retirados da população estimada em 90 mil (Arthur Reis) ou em 50 mil habitantes (Antonio Loureiro).
Enfim, é reduzidíssimo o número dos que regressaram a Manaus. Pelo único registro conhecido, pode-se avaliar a desdita: em 24 Jul. 1870, desembarcam aqui 55 homens, “sob o comando do capitão honorário Marcelino José Nery”. Certamente o autor deste informe (Agnello Bittencourt) cometeu um lapso: quem esteve na campanha cisplatina foi o filho de Marcelino – Silvério José Nery, falecido major. Este, sim, retornou acidentado na perna direita.
Bom Dia!
ResponderExcluirTenho interesse em saber mais sobre o Coronel Antonio Bittencourt, onde posso encontrar maiores informações?
No aguardo!
Jackson da Rocha
jacksondarocha@hotmail.com
ou
jacksondarocha@gmail.com
Obrigado!