CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS
sábado, abril 29, 2023
POEMAS DO SÁBADO
sexta-feira, abril 28, 2023
ANIVERSÁRIO MATERNO
Dona Francisca, que a família tratava por Chicuta, festejaria hoje 106 anos, porém, ela faleceu aos 35 anos de idade. Renato, o filho caçula, não esquece a data, e para relembrar a efeméride escreveu o texto aqui compartilhado no Blog do Roberto, o filho mais velho.
segunda-feira, abril 24, 2023
GOVERNO MUNICIPAL ARTHUR NETO
A Revista Especial produzida pela JUCEA (Junta Comercial do Estado do Amazonas) em 1991, para comemorar seu centenário, listou o secretariado do prefeito Arthur Virgílio Neto.
SECRETARIADO DA PREFEITURA
Vice-prefeito
- Felix Valois Coelho Junior
Secretária Particular
- Maria de Fátima Mafra de Andrade
Chefe de Gabinete
- Afonso Tadeu Lourenço Nery
Secretário Especial para Assuntos Institucionais
- Edvar Martins de Mesquita
Chefe do Gabinete Civil
- José Barroso Neto
Chefe do Cerimonial
- Maria Antônia Alexandra Melo
Chefe do Gabinete Militar
- Capitão Louismar de Matos Bonates
Secretário de Comunicação Social
- Jefferson Luís Rodrigues Coronel
Secretária de Ação Comunitária
- Maria Rita Furtado
Secretário de Educação
- Wilson Duarte Alecrim
Secretário de Obras e Saneamento
- Orlando Cabral Holanda
Secretário da Limpeza Pública
- Ailton Luís Soares
Secretário de Mercados e Feiras
- Paulo Henrique Paixão e Silva
Secretário de Administração
- Romeu Pimenta de Medeiros Filho
Secretário de Economia e Finanças
- Gilvan Geraldo de Aquino Seixas
Secretário de Saúde
- Antônio Evandro Melo de Oliveira
Secretário do Meio Ambiente
- Abel Rodrigues Alves,
Secretário de Planejamento
- Mario Bezerra de Araújo
Procurador Geral do Município
- Lino José de Souza Chixaro
Diretor da URBAM
- Júlio Verner de Matos Pereira do Carmo Ribeiro
domingo, abril 23, 2023
GOVERNO MESTRINHO: SECRETARIADO
Consoante a Revista Especial produzida pela JUCEA (Junta Comercial do Estado do Amazonas) em 1991, quando da comemoração de seu centenário, eis o secretariado do governado Gilberto Mestrinho.
SECRETARIADO DO GOVERNO
Vice-governador
- Francisco
Garcia Rodrigues
Secretário
de Estado
- David
Ruas Neto
Secretário
Particular
- Luís
Ribeiro da Costa
Secretária
para Assuntos Especiais da Ação Social
- Maria
Emília Martins Mestrinho de Medeiros Raposo
Secretário
de Segurança Pública
- Coronel
PM Antonio Guedes Brandão
Secretário
de Saúde
- Arnaldo
Russo
Secretário
de Transportes Urbanos
- Elpídio
Gomes da Silva
Secretário
de Ações Comunitárias
- Sebastião
da Silva Reis
Chefe
da Casa Militar
- Coronel
PM Francisco Orleilson Guimarães
Secretária
de Planejamento e Administração Municipal
- Fatima
Gusmão Afonso
Secretário
de Justiça
- Mauro
Luiz Campbell Marques
Secretária
de Administração
- Dolores
Garcia Rodrigues
Secretário
de Educação, Cultura e Desporto
- Origenes
Martins
Secretário
da Produção Rural e Abastecimento
- João
Thomé de Medeiros Raposo
Secretário
de Economia e Finanças
- Sérgio
Augusto Pinto Cardoso
Diretor
do Departamento Estadual de Trânsito
- Coronel
PM Fausto Seffair Ventura
Comandante
da Polícia Militar
- Coronel
PM Amílcar da Silva Ferreira
Secretário
do Meio-Ambiente, Ciência e Energia
- José
Belchior dos Santos Bastos
Diretor
da Empresa Amazonense de Turismo
- Silvio
Barros
Procurador
Geral do Estado
- Vicente
de Mendonça Junior
Procurador
Geral de Justiça
- Carlos
Alberto Bandeira de Araújo
sexta-feira, abril 21, 2023
REVISTA UBE-AM: 40 ANOS (2)
Mais uma página desta extinta revista vai compartilhada. Nada a acrescentar, se não que efetuei alguns reparos devido a precária revisão e a deficiente impressão.
Euclides da Cunha em Manaus
Geraldo de Macedo Pinheiro,
jurista, ensaísta, pesquisador e historiador, pertence à União Brasileira de
Escritores do Amazonas, ao Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas. Suas
publicações, apesar de esparsas, já ultrapassaram as fronteiras do Brasil. Tem
várias obras para encaminhar à editora. Em seu trabalho reflete a sobriedade, a
verdade e o rigor histórico.
Manaus para Euclides não passava de "uma
cidade de dez anos sobre uma tapera de dois séculos". Realmente quando ele
chegou à capital do Amazonas, viu-a transformada "na metrópole da maior
navegação fluvial da América do Sul". Vinha presidindo uma comissão de
limites, por indicação do Barão do Rio Branco, nomeado a 9 de agosto de 1904.
O Peru discutia as suas fronteiras com a Bolívia, e
o Brasil, embora alheio à contenda, mostrava-se vigilante. Em menos de um mês,
fora assinado um acordo estabelecendo um "modus vivendi” nos rios do alto Juruá
e alto Purus. Euclides chefiaria a missão de reconhecimento deste último rio.
(...) E de lá anuncia a Luís Cruls a sua próxima partida para Manaus.
Foram seus companheiros de viagem: os engenheiros
Arnaldo Pimenta da Cunha, seu primo, e Silva Lima; o tenente Ângelo Mendes; o
dr. Tomaz Catunda; os alferes Fernando Lemos e Antônio Cavalcante e mais Egas
Florence e R. Nunes. O navio aporta em Manaus no penúltimo dia do ano de 1904.
Antes de pisar a capital amazonense, ainda a bordo,
escreve a seu pai, Manoel Rodrigues Pimenta da Cunha, temeroso de perder a mala
postal. Fala nas atenções recebidas em Belém do senador Lemos – o Eduardo
Ribeiro paraense – e dos rapazes de talento e sobre o êxito alcançado pelo seu
livro – "Os Sertões". E acrescenta: "Nada lhe diria sobre o
Amazonas".
Não há notícia de ter recebido em Manaus qualquer
recepção festiva. Compreende-se... Utilizamos a expressão de Alberto Rangel:
"As roupas de Euclides desconheciam os recortes da tesoura de
Pool..."
Pensa demorar-se apenas pouco mais de um mês,
devido a desarranjos nas lanchas da missão peruana. Sua estada, porém, foi
dilatada por três (sic) longos anos.
Isola-se no bairro hoje conhecido por Adrianópolis,
numa casinhola, que "sobranceava o mar de frendes e o algodoal de
névoas" (Rangel). Na cidade somente procura um ponto – os Correios – onde
deposita carta e mais cartas a parentes, intelectuais e amigos. Entre as
primeiras missivas do ano novo de 1905, duas são endereçadas a Afonso Arinos e
a José Veríssimo. A este reclama o calor de 30° à sombra – dizendo o seguinte:
"quem resiste a tal clima tem nos músculos da elástica firmeza das fibras
dos buritis e nas artérias o sangue frio das sucuruiubas". E adianta:
"Levo – nesta Meca tumultuária dos seringueiros – vida perturbada e
fatigante".
E escreve sonetos. Em março envia longa carta a
Machado de Assis, avisando-lhe que havia remetido os votos vagos ocorridos na
Academia de Letras: Souza para as vagas ocorridas na Academia de Letras: Souza
Bandeira para a de Martins Júnior e para a vaga de José do Patrocínio dois nomes,
e do poeta Vicente de Carvalho e o do escritor Heráclito Graça. E confessa o
seu mal-estar: "não posso contar as preocupações que me lavram o espírito".
Coelho Neto, outro grande amigo e confrade da
Academia, distinguido com várias epistolas. Quando Euclides veio a falecer foi
o primeiro a se lembrar da sua passagem em Manaus, exibindo a um dos jornais do
Rio de Janeiro a preciosa correspondência declarando, em sua entrevista:
"São trechos de uma grande existência de poucos anos".
Dirige-se também a Alberto Rangel, desta vez para
participar a sua ida para o Acre, com a frota de duas lanchas, um batelão e
seis canoas, ancorada no igarapé de São Raimundo. Não se esquece do Rio Negro:
"Nunca imaginei que este rio morto, escondesse, traiçoeiramente, ondas tão
desabridas".
Vale dizer que a expressão "rio morto",
dada ao Negro, é bem antiga em nossa bibliografia, figurando no livro de viagem
do casal Agassiz e repontando na carta de Euclides por lhe ser familiar a
literatura estrangeira sobre o Amazonas. A 5 de abril parte para as nascentes
do Purus. Chega a 15 de maio em Boca do Acre e a 25 na foz do Chandless. A 3 de
junho no Curanja, rio fronteiriço, verifica-se o episódio do seu simbólico
protesto contra a ausência da bandeira brasileira. Tremendamente nervoso,
deveria ter sentido, nessa viagem, os mais fortes choques. E alucinações visuais
e auditivas, tal era a solidão.
Depois de trinta anos, recorda um dos seus
companheiros – Euclides, após as observações astronômicas, "ouvia e via, à
noite"... um vulto de mulher, nada amorosa, porém muito sublime, a
chamá-lo. Apresentava-se vestida elegantemente tendo na cabeça uma espécie de
barrete, a semelhança da figura com que simbolizamos a República, a dizer-lhe
sempre: Olhe!
As impressões e apontamentos da sua viagem podem
ser lidos nos livros "A margem da história" e “Contrastes e
confrontos", sendo que os resultados técnicos dos seus estudos estão
enfeixados no Relatório apresentado ao Itamarati e na sua obra "Perú
versus Bolívia”.
Em 23 de Outubro regressa a Manaus, onde, dias
depois, publica um relato da expedição para o público amazonense nas páginas do
Jornal do Commércio, documento que vem a ser mais tarde estampado em
vários órgãos cariocas. Em dezembro, finalmente, encerra a sua missão oficial
no Amazonas. Lavrada a ata de encerramento dos trabalhos, deixa a nossa cidade.
A Amazônia continuou, porém, a preocupar-lhe o espírito.
Querem a sua volta. Oferecem-lhe os cargos de prefeito
do Acre e de inspetor da Madeira-Mamoré. Rejeita a ambos, pois estava empenhado
em escrever outro livro-vingança, do porte de "Os Sertões", sua obra
imortal. Quando se aproxima tragicamente a morte, Euclides se ocupava em dar aulas
de Lógica e em rever as provas tipográficas de seu livro póstumo – "A
margem da História”, editado em Portugal, onde se encontram as mais belas e expressivas
páginas escritas sobre o Amazonas.
quinta-feira, abril 20, 2023
REVISTA UBE/AM: 40 ANOS
Não necessito acrescentar mais que isso: compartilhei o texto abaixo da extinta Revista UBE/AM, que circulou em maio de 1983, portanto, há 40 anos.
EXPOENTES LITERÁRIOS DO
PASSADO
Padre Nonato Pinheiro, orador emérito de raro fulgor, cronista exímio, epistológrafo
de inexcedível valor, é gramático e estilista como poucos no Amazonas. Membro da
Academia Amazonense de Letras, do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas,
do Clube da Madrugada e da União Brasileira de Escritores do Amazonas.
Padre Nonato é
um dos mais ilustres pesquisadores da História da Igreja no Amazonas.
As
comemorações do centenário de nascimento do escritor Péricles Moraes
despertaram-me a evocação do grandes figuras literárias do passado, oradores,
prosadoras e poetas de opulentos cabedais de cultura e requintada sensibilidade
artística, homens egrégios, que tiveram, como os Varões Insignes do Livro do
Eclesiástico, o instinto e a preocupação da beleza: "pulchritudinis
studium habentes"!.
Péricles
Moraes integrou essa plêiade gloriosa de caravaneiros da arte e
magos do pensamento, que depositavam com rara elegância no altar da beleza o
incenso, o ouro e a mirra de suas produções literárias e erupções oratórias.
Dominando de pleno a língua e a literatura da França imortal, a Hélade dos
novos tempos, encontraram nessa castália inesgotável os brilhos siderais e as
tintas multicoloridas para as iluminuras de suas páginas mitológicas.
Fascinavam-no os grandes mestres do estilo, que faziam do esplendor e da
policromia uma constante obsessiva, entre os quais, Chateaubriand, Flaubert,
Anatole France, Victor Hugo, Paul de Saint-Victor, Saint-Beuve, Remy de
Gourmont, Bourget, Mauclair, Mirabeau e outros. As estantes de sua biblioteca
não davam abrigo a escritores medíocres, que considerava "escrivinhadores
de água chilra"...
Adriano
Jorge foi outro cimo daquela orografia mental. Caneta de ouro,
cravejada de brilhantes, que escreveu páginas de rara beleza, mas talento tão
dispersivo, a ponto de nunca se ter preocupado em publicar um livro.
Entretanto, suas frequentes produções literárias nos jornais e revistas da
terra dariam matéria para numerosos volumes. Além de suas teses de concursos,
profundas e lapidares, deu à estampa duas primorosas alocuções: uma conferência
sobre a luz e o discurso com que saudou o Núncio Apostólico Dom Bento Aloisi
Masella no memorável 1° Congresso Eucarístico Diocesano de Manaus, em 1942. Dom
Milton Pereira e eu, então seminaristas, ouvimos essa maravilhosa oração, que
provocou na assistência alvoroçados aplausos. Fui empossado na Academia de
Letras na presidência de Péricles Moraes (1950), mas não perdia as memoráveis
sessões dos dois últimos anos da presidência de Adriano Jorge (1974-1948).
Empolgava a assistência com o fulgor de sua oratória estonteante, como se
arrebatasse do céu, para o recinto da Academia, a grandeza sideral da via
láctea! ...
Benjamim
Lima e José Francisco de Araújo Lima foram os irmãos
Goncourt de nossa Academia. Benjamim foi o seu primeiro presidente e brilhou
como teatrólogo. José Francisco, além de homem de letras de rútila cepa, foi cientista
de proclamados méritos.
Leopoldo
Peres brilhou com luz própria. Tive a alegria e o privilégio de receber
suas luzes quando seu aluno de Literatura no Colégio Dom Bosco. Relevo que foi
esse príncipe da inteligência que me espevitou a chama do amor às letras.
Prosador cintilante e orador de eloquência magnificente.
Álvaro
Maia foi um dos mais refulgentes brasões literários de nossa
terra: professor, orador, prosador, poeta e político. Uma das inteligências
mais fulgurantes do Amazonas, que deixou, seguindo orientação de Horácio, para
a maturidade da vida a publicação de suas melhores obras.
João
Leda era filólogo. Exímio cultor da vernaculidade, lia os
clássicos da língua portuguesa com diurna e noturna mão, sobretudo Camilo e Rui
Barbosa.
Heliodoro
Balbi brilhou como orador. Suas produções literárias foram
escassas, mas de raro brilho, entre as quais um primoroso soneto.
Jonas
da Silva ficou glorificado na literatura nacional. Poeta de
soberanos voos e joalheiro de maravilhosos sonetos, entre os quais
"Coração" e "Santa Teresa".
Ribeiro
da Cunha, médico e homem de letras, foi um grande humanista, mas de
modéstia quase doentia. Jamais esquecerei uma observação de Péricles Moraes:
"Padre Nonato: o Ribeiro da Cunha era tão extraordinário, que se revestia
de profunda modéstia, dando-nos a impressão de nos pedir desculpas de ser
grande"....
Waldemar
Pedrosa faiscou com labaredas impressionantes. Cultura polimorfa e
caráter sem jaça. Jurista, advogado e professor supereminente, conhecia profundamente
a língua francesa e era um príncipe na arte da conversação. Fui eu o orador na
sessão de saudade que a Academia fez realizar no 30° dia de seu decesso, quando
afirmei: "Não só da vida, mas da própria morte fez uma obra de arte".
Agnello
Bittencourt não pode ser esquecido na pulcritude de seu caráter e na
grandeza de sua cultura. Pesquisador beneditino e pedagogo notável, encontrou
na transmissão de seus opulentos conhecimentos um dos encantos da vida.
É
limitado o espaço de que disponho, e infelizmente, fico privado de escrever
sobre Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro, Huáscar de Figueiredo, Vivaldo Lima,
Félix Valois Coelho, Ramayana de Chevalier, André Araújo, Mitrídates Corrêa,
Anísio Jobim, Aristóphano Antony, Djalma Batista e outros, que deixaram de seu
contubérnio com as letras vestígios inapagáveis!.
quarta-feira, abril 19, 2023
PMAM: SEUS PRIMÓRDIOS (26)
Mais um capítulo sobre a história da Guarda Policial, ora Polícia Militar do Amazonas, no período provincial, compartilhado do meu almejado livro Guarda Policial (1837-1889).
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Hotel Cassina, quando em funcionamento |
Primeiros
aquartelamentos da Guarda Policial
A
Guarda Policial aloja-se, a partir de abril de 1877, em prédio situado “à praça
de Pedro II canto da rua do Governador Vitório”. A edificação desapareceu para a
construção que consagrou aquela esquina, o Hotel
Cassina. Inaugurado no final do século XIX, este estabelecimento hospedou
seleta freguesia chegada de vários cantos do mundo, arrivistas que buscavam a
capital da borracha sonhando com o Eldorado.
No
entanto, devido ao declínio da goma, o elegante edifício converteu-se no Cabaré Chinelo, em alusão ao meretrício
de baixo padrão que o frequentava. Em razão de sua constante degradação, levou décadas
abandonado e desfigurado, até que em gestão municipal recente foi restaurado, assumindo nova destinação.
Para a
recém-instalada Guarda Policial, tratava-se do segundo quartel. O primeiro,
ocupado na ocasião de sua refundação (1876), era tão-somente uma residência
situada “na subida da praça da Imperatriz para a de Tenreiro Aranha, e com
entrada para o lado de uma e outra praça” (a praça da Imperatriz corresponde em
nossos dias “ao local ao lado esquerdo da igreja Matriz”, ao terminal central
de ônibus).
O
imóvel havia sido arrendado pelo prazo de cinco anos, a partir de 1º de maio de
1876. A precariedade das acomodações e a ameaça de ruína, todavia, reveladas em
decorrência da chuvarada caída no final daquele ano, obrigaram o governo, após
inspeção técnica (realizada pelos engenheiros Leovigildo Coelho, Feliciano
Antônio Benjamin e Antônio Dias dos Santos), a transferir os guardas.
segunda-feira, abril 17, 2023
PMAM: SEUS PRIMÓRDIOS (24)
Mais um capítulo sobre a história da Guarda Policial, hoje Polícia Militar do Amazonas, no período provincial, compartilhado do meu almejado livro Guarda Policial (1837-1889).
Posse
do Major Gabriel
Exonerado, o presidente Passos
Miranda aproveita a Exposição de
praxe na passagem deste encargo em 27 de maio de 1876, ao 2º vice-presidente, major
(Guarda Nacional) Gabriel Antônio Ribeiro Guimarães, e registra a organização
da Guarda Policial. Sem qualquer novidade. Unicamente ratifica que a elaborou
em decorrência da lei 339, de 26 de abril anterior; deu-lhe regulamento e nomeou os
primeiros comandantes. Major Gabriel logo passa o governo provincial ao 1º
vice, Nuno Cardoso.
A rua Major Gabriel, cujos
quarteirões iniciais margeiam o igarapé de Manaus, ligando o Centro, a partir
da avenida Sete de Setembro, ao cemitério São João Batista, ainda mantém a
homenagem a este olvidado governante.
Extinção
de Incêndios, hoje Corpo de Bombeiros
Em 11 de julho de 1876, ocorreu a regulamentação
do serviço de combate a incêndios, baixada pela Portaria 268–1ª Seção com as Instruções para extinção de incêndios.
Esta primitiva legislação teve a sanção do 1º vice-presidente provincial, Nuno
Cardoso.
Ainda que embrionário, o serviço contava (art.
1º) com um instrumento típico das igrejas católicas – o sino! Recurso que foi
substituído pela sirene de fábricas e indústrias, e utilizado na cidade até a
metade do século passado. Aos nossos olhos, quanta prosperidade desde então. O
instrumental sonoro da igreja dos Remédios e da Matriz acasala-se com a
rudimentar técnica e o incipiente equipamento para originar o próspero Corpo de
Bombeiros Militar de nosso século. O primeiro dirigente, na condição de diretor
das Obras Públicas (art. 3º), foi Joaquim Leovigildo de Souza Coelho, então
major de engenheiros, conforme Bombeiros do Amazonas (2013).
Reproduzo os mencionados artigos:
Art. 1º -
Logo que haja incêndio, as igrejas darão sinal do bairro em que ele se
manifeste do seguinte modo:
Uma
badalada para o bairro de S. Vicente;
Duas ditas
para o do Espírito Santo;
Três ditas
para o da Campina;
Quatro
ditas para o dos Remédios; Cinco ditas para o de Nazaré.
E tocarão
logo depois vinte badaladas compassadas e seguidas. (...)
Art. 3º -
Todo o serviço de extinção do incêndio ficará exclusivamente a cargo do diretor
das Obras Públicas ou de quem suas vezes fizer.
É adequado esclarecer que, embora não ocorresse a criação de uma corporação, especialmente militar, ou sequer uma instituição com finalidade própria de combater o fogo, ocorreu, sim, a normatização, o disciplinamento de atividades inerentes. Algumas já observadas, ainda que mal executadas. Como exemplo, a regularização da atividade dos aguadeiros (vendedores de água), então o elemento mais conveniente no combate ao fogo, cuja atividade o Código de Posturas municipal já disciplinava desde 1874.
domingo, abril 16, 2023
AMAZONAS: SEUS PEIXES
sábado, abril 15, 2023
CLUBE DOS OFICIAIS PMAM & CBM: 70 ANOS
No dia 9 último, o Clube dos Oficiais PM e BM amazonenses, hoje Associação, completou 70 anos. Intentei por dias escrever antecipadamente sobre a efeméride, porém, uma coisa e outra me impediram, mas foi de bom proveito. Ontem, o coronel reformado Alfaia me telefonou para perguntar quem foi Jonas Paes Barreto, o homenageado pela agremiação com nome em medalha.
Sem conhecer este detalhe, disse-lhe que Paes
Barreto foi coronel da PM e, como tal, participou da fundação do Clube, sendo
eleito o primeiro presidente. A primeira diretoria era composta, além deste oficial,
por José Silva, Antonio Hosanah, Djalma Passos (orador), Olavo José de Araújo,
Mirtilo Frick de Lira, Edmundo Monteiro, entre outros. Acrescentei que sabia
pouco, muito pouco sobre este saudoso coronel, somente conhecia, que ironia, a
sepultura da família dele. Sua ficha funcional – queira Deus - possa se
encontrar nos escaninhos em que foi transformado o arquivo da corporação.
![]() |
Minha identidade do Clube dos Oficiais |
Já escrevi e publiquei neste espaço sobre o Clube,
por isso, sei quantos presidentes e outros membros da associação contribuíram para
o atual estágio. Alguns nomes precisam ser relacionados: a primeira geração
fundou o Clube; a segunda, implantou a sede associativa, sob a supervisão dos coronéis
Ossuosky, Medeiros, Orleilson, Okada, vou encerrar a relação para não cometer
algum pecado de esquecimento. A terceira geração vem ampliando a sede e
mantendo o bom funcionamento, algumas vezes arranhado pela disputa pela
presidência.
A minha carteira de sócio (sócio nº 16) foi assinada pelo presidente Romeu Medeiros, e data de 1977. Todavia, não mais sou associado, sou um mero observador.
E para mais detalhes, veja os links abaixo:
https://catadordepapeis.blogspot.com/2011/03/clube-dos-oficiais-da-policia-e_08.html
https://catadordepapeis.blogspot.com/2011/03/clube-dos-oficiais-da-policia-e_08.html
quinta-feira, abril 13, 2023
DESASTRES AMAZÔNICOS
Ano passado, nesta data, a Marinha do Brasil resgatou seis pessoas em uma ilha no arquipélago do Marajó, na qual ficaram insuladas por 17 dias, apesar de todas possuírem aparelho celular. Aproveitei o fato para ilustrar o epílogo que escrevi para meu livro sobre o Desastre do PP-PDE (em formatação), ocorrido há sessenta anos. Relatei dois casos, porém, relembro este pela data.
Eis o texto:
Após revelar tantas ferocidades, ao findar esta retrospectiva desejo relembrar que a indigência de Manaus de antanho contribuiu enormemente para expandir os efeitos do desastre do PP-PDE. Seja pela ineficiência de comunicação com a aeronave a partir de um simulacro de aeroporto; seja quanto à recuperação dos mortos, pois poucos foram os corpos que puderam ser sepultados, e nenhum pode ser visto pelos familiares, tal a degradação geral. Famílias e famílias receberam apenas aquele caixão como um símbolo, pois nada havia no seu interior que pudesse ser apreciado, reverenciado.
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Por-do-sol amazônico |
Igualmente
pode-se argumentar que esse abalo aconteceu na Amazônia de ontem, há sessenta
anos, devido sua dimensão em todos os sentidos. No entanto, dois casos
recentíssimos ocorreram para provar como seguimos desassistidos. O padre-cronista
L. Ruas lá atrás, quando do Constellation, já sentenciava:
“É isto
que nos causa pasmo. Manaus, plantada no coração da estupidez desta selva
amazônica, imensa e impenetrável, centro geográfico de uma enorme região
permanentemente cortada por aviões que a cruzam de norte a sul, de leste a
oeste, continua, no entanto, completamente desprovida de todo equipamento de
salvamento para eventualidades como esta que, embora, não desejemos jamais
tornem a acontecer, sabemos, porém, que podem acontecer.”
Agora ao acontecimento
referido em 2022:
Em 24 de março,
o barco regional “Bom Jesus” deixou Santarém (PA) com destino ao município de
Chaves (PA) na ilha do Marajó, com apenas a tripulação de 6 pessoas (5 homens).
Resolvido o que tinha que resolver, o barco navegou para a localidade de
Nazaré, ainda no arquipélago marajoara. No dia 28, o “Bom Jesus” sofreu um
incêndio, restando aos tripulantes se refugiar em uma ilha. Com pouca comida,
sem água potável, mas todos com seu celular que em nada auxiliou, pois no local
não há sinal de telefonia. E, pior, a ilha encontra-se fora da rota de
navegação.
Diante desse quadro,
restou aos náufragos se alimentar como plausível, recolher a água da chuva para
uso, enviar sinais de fumaça e esperar... O tempo foi passando e nada de socorro,
porém. Decidiram, então, recorrer ao medieval pedido de SOS marítimo, que
consistia em colocar o pedido em uma garrafa e soltá-la ao mar. Nossos cabocos
anexaram um adjutório, amarraram a garrafa em uma boia individual colorida.
O resultado foi positivo: um pescador encontrou o arranjo e informou à Marinha; esta, no dia 13 de abril, resgatou os confinados, que haviam passado 17 dias na ilha das Flechas.
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Ainda que não seja a ilha das Flechas, parte do Marajó |