A data festiva de 3 de abril de 1851, em que se recorda a circulação do primeiro jornal na cidade de Manaus, foi bem lembrada pelo Adriel França, cujo trabalho vai aqui compartilhado.
170
anos da imprensa no Amazonas
Adriel França
Por força de lei, foi criada em 5 de setembro de 1850 a província do Amazonas, sendo nomeado em 7 de junho de 1851, Tenreiro Aranha, como seu primeiro presidente. Tenreiro saiu de Belém no dia 10 de dezembro de 1851, chegando em Manaus no dia 27 do mesmo mês, mas, antes disso, já se encontrava em Manaus, Manoel da Silva Ramos, que, em 3 de maio daquele ano inaugurou a imprensa na província, com o periódico “Cinco de Setembro”. A imprensa no Amazonas nasce com sua autonomia política.
Silva Ramos, o pai da imprensa
amazonense, montou uma pequena tipografia onde fez se imprimir o primeiro
periódico amazonense, o “Cinco de Setembro”, que logo mudaria de nome no ano
seguinte, passando a ser chamado de “Estrella do Amazonas”. Este nome foi dado
pois a nova província representaria uma nova estrela no brasão de armas do
então Império do Brasil. O “Estrela do Amazonas” durou de 7 de janeiro de 1852
até 30 de junho de 1866.
Capa do livro sobre a imprensa no Amazonas |
Entre 1851 e 1889 que compreende o
período imperial do Amazonas, foram publicados 124 jornais em toda a província,
apesar do número relativamente alto, 77 destes não passou nem de seu primeiro
ano de publicação, outros 24 tiveram duração de mais de dois anos, e somente 7
resistiram ao período superior de 10 anos de publicação. Estes números representam
que não era nada fácil manter uma imprensa funcionando, visto as grandes
dificuldades para se ter papel, tinta, e até mesmo leitores.
A imprensa amazonense no seu início não
era em nada chamativa, apenas um aglomerado de letras que formavam palavras sem
estética alguma, e notícias sem grandes relevâncias, além de poucos anúncios
comerciais. Dos anos de 1860 em diante podemos notar que os periódicos ganham
um tom político, saindo em defesa de partidos, até mesmo dando notícias de
outros locais do império. Após a Proclamação da República em 1899, surgiram 20
jornais somente naquele ano, o crescimento da imprensa representava uma mudança
também no tipo de leitor e no tipo de conteúdo. Vale lembrar que desde a década
de 1870, começaram a surgir os primeiros jornais no interior do estado, sendo
um deles o Itacoatiara de 1874.
Um dos maiores expoentes do jornalismo
amazonense foi Bento de Figueiredo Tenreiro Aranha, filho do próprio Tenreiro
Aranha. Bento, fundou e dirigiu alguns jornais no Amazonas e no Pará, sendo
conhecido em sua época como decano dos jornalistas amazonenses. Chegou a
conhecer Machado de Assis quando da sua estadia no Rio de Janeiro. Deixou
grandes obras da historiografia amazonense, e é de sua autoria Arquivos do Amazonas e Um olhar sobre
o Passado, obras hoje escassas e que merecem nova edição.
O jornal mais antigo ainda em
circulação em toda região amazônica é o Jornal do Commercio, fundado em
2 de janeiro de 1904, por Rocha dos Santos. Este periódico está marcado no
imaginário popular amazonense por estar presente desde sempre em suas vidas,
registrando e guardando para a posteridade, fatos e histórias amazônicas.
A imprensa amazonense vem a 170 anos
levando informação à casa dos amazônidas. São 170 anos de luta contra as
adversidades, contra os mandos e desmandos políticos, levando com seriedade e
dedicação a informação ao lar amazonense, sem pretensão alguma. Viva ao 3 de maio,
viva ao Amazonas.
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