Desfile de Sete de Setembro, em 1975 |
Persisto em concluir a retrospectiva sobre a Banda de Música da
Polícia Militar do Amazonas. O livro está em revisão final. Para ultimr, aproveitei
o isolamento para vasculhar algumas pastas de meu arquivo. E fui recompensado,
pois recuperei dois recortes de jornais sobre o assunto. Vou aqui postar.
O primeiro contém uma conversa que mantive com o jornalista Evaldo
Ferreira, publicada no Jornal do Commercio (23 e 24 junho 2013); o
segundo, uma apreciação de um músico, em reportagem de Joana Queiroz, exposta
no matutino A Crítica (13 novembro 2011).
Reportagem no Jornal do Commercio (23 jun. 2013) |
O pesquisador Manoel Roberto Lima Mendonça entrou para a Polícia
Militar em 1966, como oficial, e só deixou a corporação 30 anos depois como
coronel. O militar sempre se dedicou às pesquisas históricas sobre a
instituição, intensificadas a partir de sua ida para a reserva. A Banda da
Polícia Militar, que este ano completou 120 anos, pela alegria que transmitia
por onde passava, mereceu atenção especial do pesquisador, conforme falou
abaixo, em entrevista exclusiva ao Jornal do Commercio.
Jornal do Commercio - A Banda
da PM fez 120 anos no dia 3 passado, mas parece que nem ela própria comemorou o
aniversário. Por quem e por que a Banda foi criada?
Roberto Mendonça - Esta
data é convenção, porque não há registro da criação. Então, escrevendo um texto
para o jornal, eu sugeri que se adotasse a data do Relatório do então comandante
da PM, na época, coronel Raimundo Afonso de Carvalho. Quanto ao por que da criação,
a música sempre existiu nos exércitos, seja pela necessidade de comunicação, de
controle da tropa, de estímulo aos combatentes e, porque não, de divertimento e
lazer.
JC - Nesses 120 anos de existência a Banda da PM nunca deixou
de existir?
RM - Seguramente sim. Quando a PM foi desativada em 1924, por
seis meses, a atividade policial subsistiu com outra denominação. E a Banda não
foi dispensada. Entre 1930 e 1936, em nova etapa de desmobilização da Força
Policial, a Banda continuou ainda que capenga tocando aqui e ali. Parte dela
passou a servir no Corpo de Bombeiros, outra parte se desligou e foi cuidar da
vida.
JC - A quantidade de músicos sempre foi a mesma? Quantos eram
e quantos são?
RM - Muito difícil responder a essa primeira questão. Quanto
ao número de músicos muda em decorrência de um aspecto: o efetivo da
corporação. Na primeira década do século passado, por acaso, havia três bandas:
duas na PM e uma nos Bombeiros.
JC - Quais os momentos mais importantes (ou especiais) pelos
quais passou a Banda?
RM - Também fica difícil avaliar este tópico. De
minha parte, que conheço a Banda a partir de 1966, penso que no período que vai
até 1980, ela se destacava no coreto, tocando na praça, que reunia as famílias
para ouvi-la, namorar e jogar conversa fora. Outro destaque acontecia nos
clubes, em especial, no Carnaval. A presença da Banda, na verdade de alguns
músicos, mas a indicação da Banda, fazia o Carnaval ferver.
JC - Houve uma época em que a banda era um dos maiores atrativos
da cidade, desfilando pelas ruas e se apresentando no coreto da praça da
Polida.
RM - Quais eram os meios d5 divertimentos em Manaus há 40, 50 anos?
O cinema, o clube familiar, o balneário. Por isso, quando qualquer Banda tocava,
era ocasião para divertimento. A cidade era menor, o centro ocupava as praças,
com a Banda aos domingos.
JC - Então, a cidade cresceu e "a banda passou".
RM - A Banda passou inegavelmente. Não soube se modernizar, se compor com a
Zona Franca, com a tecnologia. Permaneceu naquele ramerrão, tocando os repetidos
dobrados, às vezes, sem um mestre de qualidade. Tornou-se assim, longe do
coreto, uma Banda “faixa branca”, destacada para abrilhantar os atos governamentais.
Depois, uma disputa interna como há em qualquer organização somente prejudicou
esse pessoal.
A PM tem sua imensa culpa, pois até hoje, não há um local
adequado para ensaios, para abrigar o pessoal, "para dizer que é
meu". A desconsideração vai ao extremo quando se sabe que o espaço ocupado
pela Banda era, antigamente, os xadrezes do batalhão de Petrópolis. Autêntico
quebra-galho.
JC - Como está a Banda hoje?
RM - Um pouco de história:
até meados do século passado, acredito que pelos anos de 1940, os músicos eram
classificados em 1ª, 2ª e 3ª classes. Os vencimentos eram padrão, igual aos dos
soldados. Causava um desconforto com os profissionais. Então passaram a
integrar a graduação de sargentos. Melhorou o soldo, mas trouxe um grave
problema: quem deveria ser promovido? A disputa segue até hoje.
Recorte da reportagem sobre a Banda de Música (A Crítica, 13 nov. 2011) |
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