Tenente Nicanor Puga |
A postagem trata de mais um mestre da Banda de Música
da Polícia Militar amazonense. Na condição de 2º tenente, Nicanor Puga Barbosa conduziu aquela
corporação musical entre 1951 a 1954. Coincidência ou não, durante o governo de
Álvaro Maia, cuja administração não primou por bons rendimentos. O Estado continuou
com dificuldades acerbas, cuja extensão atingiu a Polícia Militar e, por extensão,
a Banda. Daí inferir que o tenente Nicanor apenas se empenhou em manter o
dispositivo encontrado.
Ao
exonerar o tenente Lyra, o governador interino Júlio de Carvalho Filho promoveu
o 1º sargento Nicanor Puga Barbosa, “por merecimento intelectual”, ao posto de
2º tenente músico, em 17 de janeiro de 1951. Nesta função, ele se manteve até 4
de maio de 1954, quando foi transferido para a reserva.
Registro em livro histórico |
Nicanor
possuiu alongada relação, interligada por familiares, com a Banda de Música estadual.
Desde a virada do século XX e, com garantia, até agosto de 1967, os Puga (este breve
e peculiar sobrenome) ancoraram no Amazonas a música marcial, tanto na Força
Policial quanto na Força de Terra. A linhagem emana do genitor, o espanhol
Manuel Puga Rivera, que puxou a fila tocando e ensinando a arte musical na
marajoarense Soure (PA). Evoluiu com tenacidade e, mudando-se para a capital
paraense, participou ali da Banda de Música da Polícia Militar.
Nem
sequer a família conhecia o detalhe: certo dia o espanhol Manuel Puga
desembarcou em Manaus. Logo arranjou emprego no Batalhão Militar do Estado, como músico de 1ª classe. O único
assentamento existente sobre este músico registra que ele foi “encostado”
(admitido) em 1922 e que, na ocasião, tomou o nº 12. Ainda não se denominava
engajamento a renovação de tempo no serviço militar, mas, sim, contrato, que
acontecia a cada dois anos. Dessa maneira, em 1º de abril de 1924, Manoel Puga
teve o contrato rescindido. Para situar a conjuntura estadual, era governador o
memorável desembargador Rego Monteiro, que estimulou com seu desgoverno a Rebelião de Ribeiro Junior (julho de
1924). Rivera morreu possivelmente em 1930, em Manaus.
Nicanor, filho do citado músico e
de Honorina Puga Rivera, nasceu em Soure (PA), em 29 de maio de 1918. Aos 12
anos ficou órfão paterno, esta adversidade o levou a aprender música com o
mestre Agostinho Palheta, que fora aluno de seu pai. Em Manaus, realizou a
formação escolar no Colégio Rui Barbosa, que existiu na avenida Sete de
Setembro. Em 1934, aos 16 anos, ingressou na Banda de Música do Corpo de
Bombeiros de Manaus, relembrando que nesse período a Polícia Militar seguia
desativada. Quando da reativação desta, dois anos depois, a mesma banda foi
incorporada à Força estadual. Nicanor possuía domínio sobre instrumentos de
sopro, destacando-se no clarinete.
Fragmento do livro de alterações do então sargento Nicanor |
Católico fervoroso, aos 24 anos,
casou-se com a professora Marina dos Santos Puga Barbosa (diretora de colégios,
do GE Getúlio Vargas por largo período), com quem teve os filhos: Sebastião
(padre, já falecido); Mário (funcionário do TCE/SP, falecido); Francisco
(professor doutor aposentado); Maria do Perpétuo Socorro (aposentada da Ufam);
Alberto (advogado e professor da Ufam); Zeneida (médica) e Rita Maria
(professora doutora/Ufam), residiu na rua Comendador Clementino.
.
Desse período, Cleomar Feitosa,
dirigente do Coral João Gomes Junior,
então aluna do Instituto de Educação do Amazonas (IEA), recorda-se que toda
quinta-feira, pela manhã, a Banda do tenente Nicanor comparecia àquela escola
para o momento cívico. Os alunos postados em frente ao Instituto cantavam o
Hino Nacional, enquanto era procedido o hasteamento da Bandeira. Com a
aposentadoria deste mestre de música, modificou-se a solenidade, hoje
desaparecida em geral.
Apesar de meus esforços, nada
encontrei deste maestro, senão o que a corporação detém, os registros funcionais,
os dados que se intitula em quartel de “alterações”. Nenhuma fotografia ou
partitura ou arranjo elaborado foi possível recuperar. Como afirmei acima, os
tempos de exercício profissional foram de acentuada indigência, certamente com
a Banda cumprindo a rotina.
Anotação do decreto de reserva, constante de livro existente no Arquivo Histórico da corporação (maio 1954) |
Após ingressar na inatividade em
1954, Nicanor ensinou música no Seminário São José (do qual fui seu aluno). E
dedicou-se à educação de filhos e netos, falecendo em Manaus (AM) a 17 de
setembro de 1997, aos 79 anos.
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