CATANDO PAPÉIS & CONTANDO HISTÓRIAS

terça-feira, setembro 16, 2014

SERVIÇO DE SAÚDE DA PMAM (Final)






Zuavo no Quartel PMAM
Encerro com esta postagem a exposição oral que apresentei no Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, na programação do 
I SIMPÓSIO DE HISTÓRIA DA SAÚDE DO AMAZONAS.




GOVERNO MILITAR

Cheguei na corporação há quase 50 anos, no meado de 1966. Apesar de 1964, a força policial ainda era um desastre completo. De cima a baixo. O Serviço de Saúde contava com os médicos incluídos a partir da década de 1940, os enfermeiros, de 1950. 

A direção do Serviço de Saúde cabia ao Dr. Hosanah, um médico da Polícia. Coronel na PMAM e diretor do Instituto Médico Legal, na Polícia Civil. Morava perto do quartel, na rua Lima Bacury. Frequentava o café, na república do Pina, ao lado o Quartel e, na rua Marechal Deodoro, a Chefatura de Polícia. Dr. Corrêa Lima, malariogista sem entusiasmo, chegado a uma bebida alcoólica. Dr. Calil Nadaf, oftalmologista, que logo deixou o emprego e foi cuidar de seus imóveis.
 
Dr. Antonio Hosanah
No quadro dos Dentistas: Francisco Menezes, às vésperas de sua aposentadoria, e Achilles Frota, sem condições de atuar, com os dedos “entrevados” (artroses). Ambos da antiga Faculdade de Odontologia da Universidade de Manaus. Sem qualquer equipamento, nada produziam.

Um pouco sobre a nossa Universidade Federal. Criada como FUA, em 1962, evoluiu, em especial nas áreas de saúde e de engenharia, graças aos esforços do governador Arthur Reis (1964-67). A enfermaria do quartel da Praça da Polícia serviu de alojamento para os “excedentes”, ou seja, alunos oriundos de outros Estados que a transformaram em “república” estudantil.

Do lado da corporação, os quartéis e o efetivo foram se ampliando. Em 1970, a Polícia Rodoviária, em frente à estação Rodoviária; em 1971, o 1º Batalhão no bairro de Petrópolis; no ano subsequente, a Rádio Patrulha na rua Duque de Caxias, ao lado da Maternidade; em 1974, o Corpo de Bombeiros, na avenida Sete de Setembro.

Nessa conjuntura, a PMAM não possuía mais qualquer profissional de saúde. Na FUA, os primeiros médicos já atuavam. A amizade levou jovens policiais e médicos (contemporâneos do Colégio Estadual) a se reencontrarem. Assim, o Dr. Abelardo Pampolha foi trabalhar na Rádio Patrulha, e o Dr. Ronaldo Albuquerque, no 1º BPM. Na base dessa amizade, e pagos pelo “caixa dois”.  

Regularizar a situação e suprir a necessidade de mais especialistas obrigaram a realização de um concurso, o primeiro na área, em 1973. Ingressaram em julho de 1974 os dois médicos já citados acima e mais o Dr. Jonas Alfredo. E dois dentistas: Agnello Bittencourt Neto e Nazadir Sapucaia (ambos deixaram uma marca pitoresca na caserna: aquele vendeu a farda e este era evitado pelos supostos clientes).
Apenas um médico, Dr. Teodoro Rogerio Passini, incluiu em 1977.   
Ainda assim o entusiasmo pelo serviço crescia, passando a reivindicar um hospital. Quanta pretensão! Diante desse brado, a corporação criou, em fevereiro de 1980, o Núcleo do Hospital da Polícia Militar. Foi mais um passo. E o sonho parecia tomar contorno quando, ao final de seu segundo governo, Gilberto Mestrinho adquiriu a clínica Prontoasma, do Dr. Euler Ribeiro, secretário de Saúde, e a destinou a servir de casa de saúde da PMAM.

 
Hospital PM recuperado em 1996
REDEMOCRATIZAÇÃO

A direção do Núcleo providenciou e o governo de Mestrinho autorizou diversas entradas de profissionais de saúde. A primeira ocorreu em 1984 – Drs. Aristoteles Conte | Antonio Schettini | Wandbergh Caldas | Araújo da Rocha |Isaac Dahan | Antonio Renier | Jaime Oliveira | Tadeu dos Santos | Walderuy Monteiro.  Durante a década foram incluídos – 12 médicos.
Dentistas em 1984 – CDs. Ivanilson Batista e Togo Meireles. E mais seis outros até o final da década.

Com esse primeiro efetivo, a PMAM criou o Hospital da Polícia Militar em fevereiro de 1984, mas, somente um ano depois este passou a funcionar, chefiado pelo major Dr. Fred Jobim. Sua localização: rua Candido Mariano, hoje, abandonado e aos pedaços. E veio o Centro Odontológico, em junho de 1989, sob a direção do major CD Nazadir Sapucaia, instalado no antigo quartel da Rádio Patrulha, na avenida Duque de Caxias.

Logo em março de 1991, foram 9 médicos e 9 dentistas incluídos, os quais encontraram a bioquímica Lucinete Kimura. Depois foram incorporados um farmacêutico (Aluysio Junior) e um veterinário (Akel Araújo). Foram os últimos concursados. Hoje, poucos ainda estão no serviço ativo.

Cinco anos depois, em junho de 1996, a corporação reuniu as diversas seções de saúde em único comando, um comando nivelado aos maiores da PMAM. Serviu ainda para contornar os constantes atritos entre os diversos chefes e o pouco disciplinamento observado no Hospital e no Centro. Com a denominação de Diretoria de Saúde, e sob a direção de um coronel, cabendo-me o privilégio de ser o primeiro.

O sonho virou pesadelo. Em nossos dias, a partir de 2002, o serviço de saúde abandonou o HPM e se alojou no quartel de Petrópolis, dividindo sua atividade com várias outras da entidade policial, agora sob desidratadas condições. Funciona, ainda com muita ambição, como Policlínica da Polícia Militar.

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