Esta postagem compartilha o Editorial do matutino Jornal do Commercio, circulado nesta data. Usei a imagem do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Philipps, mortos há duas semanas em nosso Estado, cuja cena rodou o mundo, para melhor caracterizar o terror que vivemos. Não há mais Polícia!, tenho repetido, seja qual for a gradação administrativa.
Editorial
Nunca convivemos com tanto sentimento de insegurança
O crime organizado continua mantendo suas atrocidades em Manaus,
matando sumariamente seus rivais nas barbas da polícia, que se mostra impotente
para frear a violência. Ontem, foi morto o filho de um traficante famoso, que
expandiu o seu reinado a partir do bairro da Compensa, zona Oeste da cidade.
Ele foi torturado e ainda decapitado, algo que choca e espalha o terror.
Incrível como as facções criminosas se expandem, mantendo suas próprias regras e eliminando quem não se adapta às suas exigências. O tribunal do crime age livremente. Mata em plena rua, invadindo até casas para eliminar seus eventuais desafetos. E a população assiste a tudo com muito medo. O sentimento de insegurança já é muito grande.
Claro, o desenvolvimento econômico vem seguido de mazelas sociais. Nem todos têm a mesma chance de ascender social e economicamente. O capitalismo é selvagem. A desigualdade abre precedentes para milhões de jovens serem cooptados como soldados do crime. Nessa briga marcada por tantas barbáries, eles acabam morrendo precocemente, em tenra idade.
É assim nos grandes centros urbanos. Eles (os criminosos)
mantêm um poder paralelo que desafia os órgãos instituídos. Chegam a realizar
atentados, numa demonstração de que também são poderosos, deixando um rastro de
sangue e famílias enlutadas.
Até quando vamos conviver com situações de tanto terror, sem
que os direitos humanos sejam respeitados? Hoje, os aparatos de segurança
reúnem equipamentos de última geração. Porém, nem com todas essas novas
ferramentas tecnológicas somos capazes de frear a violência.
O problema está na base familiar. Jovens são marginalizados
por um sistema injusto. A educação, capaz de transformar vidas, não cumpre o
seu papel por falta de mais condições, uma contrapartida que deveria ser
prioridade nos programas governamentais. É uma demanda que permanece invisível.
Os desajustes estão em todas as esferas do poder municipal,
estadual e federal. A corrupção também é uma agravante. Milhões de recursos são
desviados, acabando nas contas de gestores corruptos, prejudicando a população.
Eles estarão de volta nas próximas eleições com a promessa de proporcionar mais
benefícios, que são apenas retóricas eivadas de muita demagogia.
O eleitor precisa estar vigilante. O voto é a maior arma para
mudar um país sangrado pela corrupção que atinge todos os setores. Bolsonaro
prometeu extirpar um mal que coloca o Brasil no topo do ranking de países mais
corruptos do mundo. Porém, seus discursos caem por terra. Há episódios sobre
esquemas que incriminam o seu governo com a participação até de ministros.
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