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quarta-feira, junho 01, 2022

MANAUS: FATOS DE 1962 (2ª PARTE)

  Em complemento ao enunciado, exponho a segunda parte de fatos que marcaram a cidade de Manaus naquele distante 1962

Por sua relevância, ressalto este registro de 2 de agosto: o governador do Estado exonera o Dr. José Bernardo Cabral do cargo de Chefe de Polícia, “em virtude de haver se candidatado a um cargo eletivo”. Cabral foi eleito deputado estadual pelo PTB. Detalhe expressivo: em substituição, “nomeia ao capitão médico do Exército Nacional”, comissionado no posto de tenente-coronel PM, para o cargo mais importante da Segurança Pública, não importavam pré-requisitos profissionais, bastava ser um homem de confiança do governante. Lembrando que a campanha eleitoral prosperava com acirrada disputa: o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) de situação, com Plinio Coelho, e o PSD (Partido Social Democrático) de oposição, com Paulo Nery. Que proporcionaria fortes emoções.

Recorte de O Jornal, 9 de setembro de 1962

Em 9 de setembro, a cidade ganhou a central de eletricidade pertencente a CEM (Companhia de Eletricidade de Manaus), instalada no bairro de Aparecida, no barranco do igarapé de São Raimundo. “Era o fim de 15 anos de escuridão e prejuízo ao nosso desenvolvimento”, glorificava o governo em editorial. Ao final de setembro, o comício de encerramento da campanha oposicionista ocorreu no bairro de Educandos, e desencadeou seríssimo atrito entre o governador e o comandante do GEF, cujas consequências envolveriam os “caciques” do 31 de março de 1964. Em síntese, a altercação ocorreu quando os “situacionistas” desarmam o palanque adversário e bloqueiam o trânsito no mencionado bairro. O comandante do GEF, general Moniz do Aragão, alertado por um subordinado (sargento Ritta Bernardino), interferiu na segurança do local, resultando em disputa brutal entre as partes, até mesmo com tiros em direção ao vigário local, padre Antonio Plácido. As duas autoridades travaram um bate-boca deselegante, o qual provocou a substituição do general – segundo o “canto do fuxico” – por prestígio do governador Mestrinho junto ao presidente Jango.

Em 7 de outubro ocorreu a eleição geral no Estado, sendo eleito governador o candidato do PTB Plínio Ramos Coelho (1920-2001), que tomaria posse em 31 de janeiro seguinte, para cumprir o segundo mandato. Era o chefe do Executivo, encerrando o mandato, Gilberto Mestrinho de Medeiros Raposo (1928-2009), a ele coube a tarefa de apoiar aos expedicionários empenhados na busca dos destroços. Para tanto, Mestrinho encarregou o capitão médico Chefe de Polícia, para representar o governo.

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