Em complemento ao enunciado, exponho a segunda parte de fatos que marcaram a cidade de Manaus naquele distante 1962
Por sua relevância, ressalto este
registro de 2 de agosto: o governador do Estado exonera o Dr. José Bernardo
Cabral do cargo de Chefe de Polícia, “em virtude de haver se candidatado a um
cargo eletivo”. Cabral foi eleito deputado estadual pelo PTB. Detalhe expressivo:
em substituição, “nomeia ao capitão médico do Exército Nacional”, comissionado
no posto de tenente-coronel PM, para o cargo mais importante da Segurança
Pública, não importavam pré-requisitos profissionais, bastava ser um homem de
confiança do governante. Lembrando que a campanha eleitoral prosperava com acirrada
disputa: o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) de situação, com Plinio Coelho,
e o PSD (Partido Social Democrático) de oposição, com Paulo Nery. Que
proporcionaria fortes emoções.
Recorte de O Jornal, 9 de setembro de 1962 |
Em 9 de setembro, a cidade ganhou
a central de eletricidade pertencente a CEM (Companhia de Eletricidade de
Manaus), instalada no bairro de Aparecida, no barranco do igarapé de São Raimundo.
“Era o fim de 15 anos de escuridão e prejuízo ao nosso desenvolvimento”, glorificava
o governo em editorial. Ao final de setembro, o
comício de encerramento da campanha oposicionista ocorreu no bairro de
Educandos, e desencadeou seríssimo atrito entre o governador e o comandante do
GEF, cujas consequências envolveriam os “caciques” do 31 de março de 1964. Em
síntese, a altercação ocorreu quando os “situacionistas” desarmam o palanque
adversário e bloqueiam o trânsito no mencionado bairro. O comandante do GEF,
general Moniz do Aragão, alertado por um subordinado (sargento Ritta Bernardino),
interferiu na segurança do local, resultando em disputa brutal entre as partes,
até mesmo com tiros em direção ao vigário local, padre Antonio Plácido. As duas
autoridades travaram um bate-boca deselegante, o qual provocou a substituição
do general – segundo o “canto do fuxico” – por prestígio do governador Mestrinho
junto ao presidente Jango.
Em 7
de outubro ocorreu a eleição geral no Estado, sendo eleito governador o
candidato do PTB Plínio Ramos Coelho (1920-2001), que tomaria posse em 31 de
janeiro seguinte, para cumprir o segundo mandato. Era o chefe do Executivo, encerrando
o mandato, Gilberto Mestrinho de Medeiros Raposo (1928-2009), a ele coube a
tarefa de apoiar aos expedicionários empenhados na busca dos destroços. Para
tanto, Mestrinho encarregou o capitão médico Chefe de Polícia, para representar
o governo.
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