Compartilho este tópico do Relatório a ser apresentado ao presidente Janio Quadros, em agosto de 1961. Sei que há diversos TCC e outras apreciações sobre este empreendimento, que me parece ter sido "um sonho numa noite de verão". Apesar de tantos embaraços na região, da pobreza de infra estrutura local, deve-se louvar a iniciativa.
O interesse do governador Gilberto Mestrinho (1959-63) era providencial, para tanto estava buscando o amparo do governo federal, porém, a reunião dos governadores com o presidente a ser realizada em Manaus foi cancelada. Os mais velhos se lembram do motivo: Janio Quadros renunciou ao mandato.
A COMPANHIA SIDERÚRGICA DA AMAZÔNIA
A Siderama em seus primórdios, anos 1960 |
Um grupo de homens de negócios de Manaus, sob a
inspiração do senhor Sócrates Bomfim, incorporador da Empresa, organizou, em
março do ano corrente, o prospecto e o projeto de Estatutos da Companhia Siderúrgica
da Amazônia "SIDERAMA" a constituir-se com o capital de Cr$ 500
milhões, e que construiria em Manaus uma usina siderúrgica com a capacidade
anual de 30.000 toneladas de laminados.
Essa companhia, já em sua constituição incorporaria
a seu patrimônio os direitos à lavra de uma jazida de minério de ferro
pertencente ao incorporador.
A usina de 30.000 toneladas tinha como programa
produzir perfilados leves, arames e tubos soldados, e desde o princípio foi
reconhecido que o seu tamanho estava no limite mínimo de dimensão econômica,
pois, necessariamente, a aciaria teria de trabalhar com uma fração apenas de
sua capacidade. Por esse motivo foram feitos, desde o princípio, estudos e
negociações que permitissem antecipar o aumento de sua capacidade para 100.000
toneladas anuais de laminados.
O obstáculo a esse aumento de capacidade era
puramente financeiro, pela impossibilidade de financiar um montante muito maior
de inversões, já que as considerações técnicas e de rendimento econômico eram todas
favoráveis à elevação dessa capacidade.
As negociações tiveram êxito, afinal, quando foi
alcançado um acordo básico com a firma Fried Krupp, de Essen, na Alemanha, pelo
qual essa organização industrial, especializada em todos os ramos da
siderurgia, concordava em construir em Manaus, sob sua inteira responsabilidade
financeira e técnica, a usina siderúrgica de 100.000 toneladas anuais da
SIDERAMA, recebendo em pagamento 500.000 toneladas anuais de minério de ferro
produzido nas jazidas da própria SIDERAMA, no Rio Jatapu.
Esse acordo foi preliminar, ainda sujeito ao aclaramento de muitos detalhes dependentes da elaboração do projeto industrial (cuja responsabilidade cabe à Krupp) e do plano da lavra da jazida (cuja elaboração cabe à SIDERAMA).
Um estudo inicial avaliou o investimento a realizar
na usina siderúrgica em DM 80.000.000,00 (oitenta milhões de marcos alemães),
acrescidos de Cr$ 2.000.000.000,00 (dois bilhões de cruzeiros) em despesas a
realizar no Brasil.
A inversão na lavra da jazida, no transporte do
minério até um porto, foi estimada em cerca de DM 24.000.000,00 (vinte e quatro
milhões de marcos) acrescidos de mais Cr$ 1.330.000.000,00 (um bilhão e
trezentos e trinta milhões de cruzeiros).
O acordo foi consubstanciado em carta de 25 de maio
de 1961, assinada conjuntamente pelo incorporador e fundador da SIDERAMA, e
pelo Escritório Técnico Krupp Ltda., de São Paulo, e endereçada ao Banco
Nacional do Desenvolvimento Econômico. A esse Banco foi pedida a aprovação
prévia dos termos do acordo, para que declare se estará disposto a garantir a
operação, caso o projeto industrial, o plano de lavra e o esquema de pagamentos
a serem apresentados, ulteriormente, sejam considerados satisfatórios.
A nova usina de 100.000 toneladas produzirá vergalhões, perfilados leves, arames, tubos e chapas grossas e finas.
A USINA DE MANAUS
A usina siderúrgica de Manaus está sendo projetada
para uma capacidade de 125.000 toneladas de ferro gusa, refinado com a adição
de sucata interna em 125.000 toneladas de lingotes e laminando 100.000
toneladas de produtos em sua primeira etapa.
Em sua primeira fase a usina produzirá:
5.000 toneladas de perfilados
15.000 toneladas de vergalhões de 1/4" a
1.1/4"
10.000 toneladas de chapas de 3/32" acima
50.000 toneladas de chapas finas a frio
10.000 toneladas de arames ns. 4 a 16 BSG
10.000 toneladas de tubos soldados galvanizados
1/2" a 1"
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