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quinta-feira, maio 26, 2022

AVIAÇÃO NO AMAZONAS: NOTAS

 Às voltas com o desastre do Constellation da Panair do Brasil ocorrido em 1962, revisitei vários arquivos: das Forças federais e estaduais, da agência local da Panair, do Deram e de outros órgãos, como a Petrobras. No Arquivo Público encontrei a Exposição do interventor Álvaro Maia ao presidente Getúlio Vargas, referente a 1942. Nele, Maia registra os primeiros "voos" nessa área.
Capa da Exposição

Dois detalhes sobre o assunto: a Panair do Brasil já voava de Belém a Manaus com o hidroavião Catalina desde 1937. A pista do futuro aeroporto de Ponta Pelada será construída nesta época para facilitar o transporte da borracha, em apoio aos Estados Unidos na Guerra (mas isto é outra história).

NAVEGAÇÃO AÉREA

Intensificou-se a navegação aérea neste último ano, tanto para o interior do Estado, ligando vários rios e municípios, como para o resto do país e para os Estados Unidos. Abrem-se campos de aviação em Manaus, Fonte Boa, João Pessoa [atual Eirunepé]; as demais sedes principais são atingidas por hidroaviões.

Além das linhas comuns da Panair para os rios Madeira e Solimões, também sobrevoados pelos aparelhos da "Rubber Corporation", temos comunicações aeroviárias com os municípios dos rios Negro e Juruá. O Purus é beneficiado pela linha recém-inaugurada da Cruzeiro do Sul, em conexão com a Panair.

As primeiras viagens de Miami à Manaus, por aviões cargueiros, realizam-se com êxito, assim como as viagens experimentais entre Manaus e Talara, no Peru, entroncando o Vale Amazônico às rotas da Panair, ao longo do Pacífico. O Amazonas torna-se efetivamente o centro de ramificações aéreas na América do Sul, conjugando linhas para os Estados Unidos e Argentina, para o Pacífico, e o Atlântico, as quais se unem, por sua vez, às empresas de navegação aérea em todos os países sul-americanos.

Mapa aeroviário do Amazonas (1961)

Anuncia-se, por outro lado, uma linha entre Manaus e Rio de Janeiro, pelo interior do nosso país, escalando, possivelmente, em Cuiabá e Goiânia. Já se realizaram experiências nesse sentido, por aviões nacionais. Evidencia-se a necessidade imperiosa da máxima aprendizagem do Aeroclube do Amazonas, do qual já saíram as primeiras turmas de pilotos, cuja instrução se completa em outros Estados por falta de aparelhos de postos avançados.

Prestigiado pelo senhor doutor Salgado Filho, ministro da Aeronáutica, doutor Avelino Pereira e demais membros da Diretoria do Aeroclube se esforçam para dotar o Brasil de novos pilotos. O campo do Aeroclube encontra-se no bairro de Flores. O Estado tem procurado incentivar o programa dessa patriótica associação. Alguns alunos brevetados prestam serviços no próprio Aero Clube e em companhias comerciais.

É difícil resolver os problemas da Amazônia, tanto os de administração como os de ordem econômica, tanto os de saúde como o de desbravamento, sem a navegação aérea. Planície recortada de rios paralelos, com uma população extraordinariamente esparsa ou nucleada em lagos e terras firmes, apresenta os obstáculos da distância e do tempo, vencíveis pelo avião.

Comunicações de trinta e quarenta dias, perturbadas pelas florestas ou pelas cachoeiras, são resolvidas em horas de aviação, como sucede nos municípios acreanos e nos rios Negro e Branco. A supervisão do Governo Nacional solucionou esse problema.

Rio amazonense e seus afluentes e nenhuma habitação

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