1922| 10 de maio
Hoje completa o primeiro centenário de nascimento o padre Raimundo Nonato Pinheiro, nascido em Manaus (AM), filho do poeta homônimo e da professora Diana de Macedo Pinheiro, devidamente homenageada com seu nome na escola estadual existente na avenida Presidente Kennedy, no bairro de Educandos. Nonato iniciou sua vida religiosa na Igreja de São Sebastião, com os frades capuchinhos da Úmbria; realizou os estudos secundários no Colégio Dom Bosco dos padres salesianos; porém, a formação eclesiástica foi forjada nos Seminários de Belém do Pará e de São Luís do Maranhão, onde foi ordenado sacerdote em 27 de outubro de 1946.
Nonato Pinheiro |
Exerceu o sacerdócio em Manaus e em Parintins, antes que esta paróquia fosse transferida aos padres do PIME, com a instalação da Prelazia local. Nonato, por divergências com a direção da Igreja amazonense, motivadas por seu comportamento antissocial, muito cedo foi suspenso das ordens sacerdotais, de maneira que são raros aqueles que conheceram o padre Nonato oficiando uma missa. Um detalhe de cunho pessoal: quando eu ingressei no Seminário São José em 1956, este sacerdote já se encontrava afastado do exercício. O motivo oficial nunca alcancei, restaram suposições.
Dedicou-se com brilhantismo ao cultivo das letras. Por seu extremado zelo com o idioma pátrio se fez reconhecido como filólogo e linguístico; foi o jornalista com colaboração em todos os jornais da Capital, inclusive o Diário Oficial, quando este publicou um Suplemento Literário; diante de tanto vigor literário, desenvolveu uma reconhecida aptidão para polêmica. E não foram poucas! Foi membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), onde exerceu com competência a função de Orador, e cuidou da biblioteca da instituição.
Padre Nonato Pinheiro foi empossado na Academia Amazonense de Letras em 1950, para ocupar a Cadeira 20, cujo patrono é o filólogo João Ribeiro, aos 28 anos de idade. Na sessão de posse, foi saudado pelo cientista Djalma Batista. Muito contribuiu com a entidade, onde exerceu por anos a secretaria-geral. Com tal idade, tornou-se um dos mais jovens a assumir uma Cadeira acadêmica amazonense. Somente mais jovens dois fundadores: Nunes Pereira e, sem que haja comprovação, Odilon Lima, aos 21 anos. Manteve-se na Academia por 44 anos, idade abaixo do padrão para ter seu nome inscrito no painel dos imortais cinquentenários.
Publicou muito pouco, somente três livros, sendo o mais conhecido aquele escrito sobre o terceiro bispo do Amazonas, Dom João da Matta (1956), que a Editora Valer reeditou em 2008. Tenho me esforçado para recolher dos jornais as inúmeras contribuições deste intelectual, como disse, espalhadas em todos os jornais de Manaus, em um período que estimo de quatro décadas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário