No próximo dia 10 festeja-se o centenário de nascimento do padre Raimundo Nonato Pinheiro, nascido na capital amazonense, filho de seu homônimo e de dona Diana de Macedo Pinheiro. Toda família envolvida com a literatura regional. Igreja de São Sebastião, Manaus
Em homenagem ao aniversariante, reproduzo o artigo dele - em duas partes - , publicado em O Jornal, 9 de setembro de 1962, recordando o Jubileu de Ouro da Igreja de São Sebastião, adotada pelos frades capuchinhos da Úmbria/Itália
BODAS DE OURO
TRANSCORREU ontem, dia 8, festa da
Natividade Nossa Senhora, o Jubileu da Paroquia de São Sebastião criada por dom
Frederico Benicio de Sousa Costa, segundo Bispo Diocesano do Amazonas, no dia 8
de setembro de 1912. Sinto o imperioso dever de escrever duas linhas acerca do
fausto evento. Trata-se da Paróquia do matrimônio de meus país e do meu batismo.
Na bela igreja de São Sebastião
celebrei minha primeira missa rezada, no mesmo altar em que meus pais se uniram
pelo vínculo do casamento indissolúvel. Recentemente, aí celebrei as missas de
7º e 30º dia em sufrágio da alma de minha santa e saudosa mãe, que a frequentava
cotidianamente, para receber o Pão Eucarístico. É, pois, um templo evocativo
para minha sensibilidade de cristão e padre.
A Paróquia é um núcleo de vida
cristã. Nela se agregam os cristãos para a beleza e a plenitude da vida comunitária,
em derredor do altar, sob a presidência do pároco. O altar é o centro, o foco
irradiador, a mesa onde se dá a fracção do Pão, a diva e sacra esmola que
deposita na alma os germes da imortalidade. (...)
A Arquidiocese de Manaus possui na
capital 11 Paróquias: Nossa Senhora da Conceição (Catedral), Nossa Senhora dos
Remédios, São Sebastião, São José, Santa Rita, Nossa Senhora Aparecida, Nossa
Senhora do Perpétuo Socorro (Educandos), Nossa Senhora de Nazaré (Adrianópolis),
São Raimundo, São Jorge e São Francisco.
Quando dom Frederico chegou ao Amazonas,
encontrou em Manaus apenas duas Paróquias: a de Nossa Senhora da Conceição e a
de Nossa Senhora dos Remédios. Desmembrou o imenso território desta última e
criou a Paróquia de São Sebastião, confiando-a ao zelo apostólico dos Revmos.
Padres Capuchinhos.
O primeiro vigário de São Sebastião
foi o saudoso frei José de Leonissa, santo capuchinho, cujo nome sempre pronuncio
e escrevo com emoção. Abençoou as núpcias de meus pais no dia 19 de março de
1915 e conferiu-me o santo batismo. Ungiu ainda meu pai ao partir para a
eternidade. Desempenhou mais de uma vez as funções de vigário. Sua piedade era
edificante. Muito dado à oração e à meditação, passava longo tempo na igreja,
recolhido e absorto. Entre suas devoções distinguia-se a da Via-Sacra, cujas
estações percorria diariamente. Recordo-me do carinho com que assistia os
enfermos e agonizantes. Recomendava aos paroquianos que sufragassem com frequência
as almas do Purgatório. Sua missa era vagarosa: denunciava logo o místico, que
vivia em Deus e para Deus. A cidade ficou a dever-lhe a construção das igrejas
de Nossa Senhora de Nazaré e Nossa Senhora de Fátima, bem como a Casa da Divina
Providência.
Outro capuchinho que exerceu
durante longos anos as funções de vigário foi o seráfico frei Domingos de
Gualdo Tadino, que teve a dita de celebrar suas Bodas de Ouro sacerdotais, cuja
ocorrência mereceu à Paróquia a publicação de uma alentada polianteia.
Frei Domingos. era venerado em toda
a cidade, nimbado de um halo de santidade. Não se ausentava do santuário,
dividindo o tempo entre a oração (rosários sucessivos) e o ministério da confissão. Sua figura ascética, de cabelos e barbas alvíssimos,
era um imã prodigioso, que a todos atraia.
É que encarnava a própria bondade
divina. Como a deusa de Virgílio se dava a conhecer pelo andar ("incessu
patuit dea"), parece que frei Domingos se revelava no andar: passos
delicadíssimos, quase vaporosos, como se fora um anjo caído do céu. (segue)
Para saber mais sobre o sacerdote autor do texto:
https://catadordepapeis.blogspot.com/2020/03/na-vespera-da-festa-da-padroeira-do.html
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